General mais influente de Bolsonaro chama presídios brasileiros de fábrica de bandidos requintados

 Augusto Heleno comentou atuação do Coaf no caso envolvendo a movimentação financeira do ex-assessor do senador eleito Flavio Bolsonaro no 'Conversa com Bial'

cf2812 Futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno comentou sobre o processo de transição do governo Jair Bolsonaro durante o Conversa do Bial desta quarta-feira, 12/12.

Um dos mais respeitados militares do país, comandante das Forças de Paz da ONU no Haiti e general quatro estrelas, ele é considerado uma das pessoas mais influentes na equipe do presidente eleito. Durante o papo, realizado em Brasília, Heleno falou sobre porte de armas, direitos humanos e criticou o atual sistema prisional brasileiro:

"É desumano. Preciso que esse presídio seja algo que vá recuperar esse indivíduo para a sociedade".

"O que eu tenho hoje é uma formação de doutorado em bandidagem. Temos que mudar isso".

"Não posso ter um sistema prisional que é uma fábrica de bandido requintado. Nosso sistema prisional precisa ser drasticamente modificado".

Cotado inicialmente como Ministro da Defesa, Heleno assumirá o GSI porque Bolsonaro julgou mais conveniente tê-lo em um cargo onde o general estivesse mais próximo. Ou seja, dentro do Palácio do Planalto:

"Óbvio que me senti muito prestigiado".

"Do ponto de vista profissional, é uma experiência nova. Por ser a cabeça do sistema brasileiro de inteligência, todos que estão no gabinete são, por tradição e doutrina, soldados do silêncio. Não estou muito habituado, gosto de falar".

General Augusto Heleno fala sobre transição para o novo governo e comenta eleição

Heleno fez questão de ressaltar que sempre teve um bom relacionamento com a imprensa e reconheceu que o presidente eleito cometeu alguns "excessos" na campanha eleitoral ao assumir o posto de porta-voz da mudança:

"Ele mesmo reconhece. Em algumas coisas, voltou atrás, se explicou e hoje tem uma postura muito diferente".

O general citou como exemplo o discurso de Bolsonaro durante a cerimônia de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE):

"Ele deixou bem claro que é o presidente de todos os brasileiros e vai buscar a união, a conciliação. Ele tem sido enfático na defesa da democracia e da constituição. Isso é inegociável para o Brasil".

"Não tem como voltar atrás na igualdade e na quebra dos preconceitos raciais, sexuais e sociais. Isso é um avanço que temos que cultivar".

General Augusto Heleno comenta ascensão política de Jair Bolsonaro

Bial questionou se Heleno estava satisfeito com as explicações da família Bolsonaro no caso envolvendo a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flavio Bolsonaro. O general aproveitou para comentar a atuação do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) no episódio:

"Estamos aguardando os acontecimentos. Tem que esperar os participantes principais, que não apareceram ainda".

"Os responsáveis vão ter que assumir a culpa".

"O presidente está isento, não teve participação. É uma quantia pequena que ele já explicou. Acredito que não vá atingi-lo", disse, sobre depósito de ex-assessor do filho na conta da futura primeira-dama.

"Fico muito feliz que o Coaf tenha se manifestado, ele ficou em silêncio muitos anos. Tomara que ele seja mais ativo e não deixe bilhões de dólares sair do país sem ninguém saber".

General Augusto Heleno fala sobre atuação do COAF e combate à corrupção

Sobre a posse de Bolsonaro no dia primeiro de janeiro de 2019, Heleno adiantou que será montado um esquema especial:

"Por causa da quantidade de público. A ideia é que isso seja uma festa. Jair Messias Bolsonaro é um fenômeno político, assim como foi Luiz Inácio da Silva - que se apagou tristemente".

"É a primeira vez, nos últimos 50 anos, que se tem uma sensação de mudança. A gente sente a esperança do povo de que realmente a gente encontre o caminho para o país".

Fonte: janesandrade