STF nega habeas corpus, e delegado acusado de extorsão é preso após se apresentar em delegacia

cf2504O delegado Matheus de Almeida Romanelli Lopes, lotado na 76ª DP (Niterói), foi preso ontem por decisão do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em janeiro, por decisão de outro ministro do tribunal, Romanelli havia sido posto em liberdade. Ele é acusado pelo Ministério Público de integrar uma quadrilha de policiais civis especializada em extorsões e responde pelos crimes de extorsão mediante sequestro, roubo qualificado, concussão e constrangimento ilegal.

De acordo com a decisão do ministro, que negou um habeas corpus da defesa do delegado, "a jurisprudência desta Corte Superior é pacífica no sentido de que a constrição cautelar impõe-se pela gravidade concreta da prática criminosa, causadora de grande intranquilidade social, revelada no modus operandi do delito, praticado por agente policial que deveria zelar pela segurança dos cidadãos".

Desde que foi solto, Romanelli estava lotado na 76ª DP. Ele foi convocado a comparecer à delegacia no dia de sua folga e foi preso assim que chegou ao local.

A investigação que levou Romanelli à cadeia, batizada de "Os Infiltrados" contou com interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, colaboração premiada e infiltração de agentes. O inquérito policial comprovou que policiais da 53ª DP sequestraram, no dia 30 de agisto de 2017, um homem ligado ao tráfico de drogas da comunidade da Chatuba. O suspeito tinha antecedentes criminais de roubo qualificado e, contra ele, havia um mandado de prisão pendente.

Esse homem foi levado para a delegacia e mantido nela até que seus parentes pagassem uma propina exigida pelos policias — o valor inicial era de R$ 53 mil, mas foram entregues aos agentes R$ 10 mil. Outro caso que chamou a atenção da Corregedoria foi a prisão de um suspeito de roubo. Mesmo sendo reconhecido pelas vítimas, ele foi liberado pelos agentes e teve seu auto de prisão em flagrante cancelado. Poucos dias depois, foi baleado em confronto com policiais.

Em outra ocasião, um suspeito foi preso em flagrante por roubo qualificado, reconhecido pelas vítimas, mas após a liberação dos policiais condutores, o autor foi solto e seu auto de prisão em flagrante cancelado. Poucos dias depois, ele foi baleado em confronto com policiais.

Um homem preso por violência doméstica também foi liberado pelos policiais procurados na operação "Os Infiltrados". O agressor foi levado por policiais miilitares para a delegacia mas, como pagou uma propina para os agentes da Polícia Civil, foi liberado sem qualquer registro do fato.

Fonte: extra