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Grupo que inclui militares traficou pelo menos 40 armas em 40 dias, diz Polícia Civil do DF

Operação Shooter prendeu 25 nesta sexta; pelo menos quatro serviram às Forças Armadas. Exército nega relação com suposto chefe do esquema.

d2603O esquema de tráfico de armas desarticulado nesta sexta-feira (23) no Distrito Federal movimentou pelo menos 40 armas, além de munição, nos últimos 40 dias, afirma a Polícia Civil. Ao todo, 25 pessoas foram detidas por suposto envolvimento nos crimes. 

De acordo com os investigadores, cinco suspeitos cumpriram serviço militar nas Forças Armadas – um da reserva, três ex-militares e um que segue na ativa. O número inclui o suposto chefe do esquema, Mauro de Souza Ferreira, que, segundo a Polícia Civil, serviu ao Exército e se apresentava como militar na hora de negociar o armamento. 

Em nota ao G1 (veja íntegra no fim do texto), o Comando Militar do Planalto (CMP) contestou a informação. Segundo o texto, Ferreira "foi dispensado do Serviço Militar por excesso de contingente, isto é, não serviu ao Exército". 

No mesmo comunicado, o CMP confirma a prisão de um militar da ativa e dois "ex-militares" – que já cumpriram o tempo devido no Exército. O órgão diz aguardar informações adicionais para tomar as medidas legais cabíveis. 

Também em nota ao G1, a Força Aérea confirmou que um "cabo reformado" – ou seja, que já serviu à Aeronáutica, mas não atua mais na instituição – foi preso nesta sexta. Segundo a Aeronáutica, ele foi transferido para a Ala 1 (antiga Base Aérea de Brasília), onde ficará à disposição da Justiça. 

"A FAB colabora com a autoridade policial que está conduzindo as investigações", diz o texto. A Força Aérea não informou se pretende tomar medidas administrativas – como abrir um inquérito militar, por exemplo – neste caso. 

 

Operação extensa

A operação Shooter (atirador, em inglês) cumpriu 22 mandados de prisão pela manhã, e outros 43 mandados de busca e apreensão ao longo do dia, em seis regiões do DF e duas cidades de Goiás (Valparaíso e Novo Gama, ambas no Entorno da capital). 

Com os presos, a polícia encontrou várias armas, entre elas, pistola calibre .40, .380 e 9 mm, fuzil 7,62 e munição pesada. O número de presos (25) é maior que o de mandados de prisão (22) porque, durante o cumprimento dos mandados de busca de apreensão, três pessoas foram detidas em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. 

Segundo o delegado-chefe da Divisão de Repressão ao Crime Organizado do DF, Adriano Chaves Valente, o esquema de venda ilegal de armas funcionava a partir de três núcleos: o dos militares, dos colecionadores de armas e dos criminosos. 

Mauro de Souza Ferreira, apontado como chefe do esquema, era responsável por comprar as armas dos colecionadores – dois deles eram militares – e revender aos criminosos. 

“Ele estava se articulando para fazer o cadastro de colecionador e atirador, para evitar essa ponte com os militares. Tendo acesso mais fácil às armas, ele lucraria muito mais e inseriria mais armas no ‘mundo do crime’. Por isso, deflagramos a operação agora.” 

De acordo com Valente, o principal objetivo da segunda fase da operação será descobrir a origem das armas que chegavam às mãos de Mauro. Entre os 25 detidos preventivamente nesta sexta, há um criminoso com mandado de prisão anterior, aberto pelo crime de extorsão mediante sequestro. 

 

Ativa, reserva ou reforma?

Ao longo da sexta-feira, enquanto os mandados eram cumpridos, informações desencontradas foram prestadas pelos investigadores e pelas Forças Armadas. As divergências se referiam, principalmente, ao "status" dos militares supostamente envolvidos no esquema. 

O Estatuto dos Militares mais recente é de 1980, e define as "situações" possíveis para cada membro das Forças Armadas. Entenda: 

 

  1. Na ativa: são os profissionais que estão "em serviço". Inclui os militares de carreira, quem está no serviço inicial, os reservistas convocados nas situações previstas em lei e alunos de órgãos de formação. Em contextos de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado é considerado na ativa.
    1. Na reserva: inclui a reserva remunerada – similar à aposentadoria, concedida sob requerimento aos militares que cumprirem 30 anos de serviço – e os cidadãos em "condições de convocação ou mobilização" – por exemplo, quem foi dispensado quando se apresentou aos 18 anos. Policiais militares e bombeiros também são considerados reserva.
      1. Reformado: são os militares que, após terem prestado serviço por um tempo, foram dispensados em definitivo, mas continuam a receber remuneração. Essa inativação pode ocorrer por diversos motivos – idade-limite, incapacidade, condenação pelo Código Penal Militar ou fim do tempo de serviço pré-estabelecido, por exemplo.

Assessor parlamentar preso

O assessor parlamentar Robson Pereira da Rocha Silva, que trabalha com o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS), também foi preso durante a operação. Segundo a polícia, ele também estava com uma pistola calibre .380. 

Robson Pereira da Rocha Silva foi nomeado para exercer o cargo no gabinete do parlamentar em 26 de junho de 2015, segundo consta no Diário Oficial da União. O deputado disse à TV Globo que "tem total confiança no assessor parlamentar" e que "acredita que tudo será esclarecido". 

Colecionadores de armas estavam entre os alvos da Operação Shooter, mas a polícia informou que apenas um estava irregular – ele tinha uma pistola 9 mm, que foi confiscada. 

 

Confira a íntegra do posicionamento enviado pelo Comando Militar do Planalto ao G1:

"Até o presente momento, de acordo com as informações recebidas, quatro indivíduos foram identificados como militares ou ex-militares do Exército. Esclarecemos que Mauro de Souza Ferreira foi dispensado do Serviço Militar por excesso de contingente, isto é, não serviu ao Exército. Dentre os demais indivíduos detidos, 2 serviram ao Exército e 1 é militar da ativa. 

O Comando Militar do Planalto aguarda outras informações sobre as investigações desenvolvidas e tomará todas as medidas legais cabíveis para investigar os fatos e apurar as responsabilidades. 

O Exército Brasileiro encontra-se em perfeita sintonia com os Órgãos de Segurança Pública do DF, para a completa elucidação dos fatos. 

Reitera-se que o Exército não compactua com ações delituosas dessa natureza que não encontram guarda no estamento das Forças Armadas, nem coadunam com os princípios morais e éticos observados por seus integrantes." 

 

Fonte: G1

 

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