Você já ouviu falar em presídio misto?
Foi exatamente essa pergunta que motivou o Câmera Record deste domingo (7) a mostrar uma realidade diferente do sistema carcerário brasileiro e pouco conhecida.
Em 238, dos 1.420 presídios estaduais que existem no Brasil, segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, homens e mulheres cumprem pena praticamente juntos. São os chamados Presídios Mistos, que foram improvisados para receber o aumento crescente da população carcerária.
Nossos repórteres tiveram acesso exclusivo a duas dessas cadeias, uma no Rio Grande do Sul e outra no Piauí, onde encontramos histórias inacreditáveis do mundo do crime e do amor.
Kellen foi a primeira a chegar à cadeia pública do Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Ela também foi detida por tráfico de drogas.
— Eu estava na casa de um patrão fazendo programa e a Civil bateu, levou ele e me trouxe junto.
— Já passei por várias cadeias e vivia incomodando, chutando portas. E depois que eu conheci a Kellen, ela me mudou completamente. Sou outra pessoa. Sabia que ela tinha AIDS. Eu a escolhi.
Enquanto os solteiros flertam à distância no presídio de Rio Grande, no extremo sul do país, na cadeia de Parnaíba, o namoro tem que ser aprovado pelo diretor e só acontece à moda antiga. Os repórteres Hilder Monção e Heleine Heringer vão mostrar essas curiosidades.
Dona Maria vive um verdadeiro calvário e sabe bem o que é ter um filho na prisão. Afinal, não tem só um, mas quatro filhos e o ex-marido atrás das grades.
— Quando eu me juntei com ele, fugi de casa e sabia que ele roubava. Sabia tudo. Mas nada disso não fez eu desistir dele.
Uma das filhas, Fátima, diz que ela e os irmãos, encarcerados no mesmo presídio, aprenderam tudo com o pai no mundo do crime.
— A gente conheceu as drogas por meio do meu pai.
Vinte a quatro anos de casados, onze deles presos na mesma penitenciária. Alexandre e Cláudia têm um casamento a serviço do crime. Vendiam drogas no interior do Rio Grande do Sul. Cláudia comenta sobre as dificuldades que enfrentou ao longo do tempo.
— A gente é preso junto, foge junto e volta junto para a cadeia.
E mais: como os presos das cadeias mistas se viram para garantir o mínimo de privacidade na visita íntima.
Fonte: r7