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EUA: O país sem megacartéis que movimenta US$ 100 bilhões em cocaína

É muito difícil que exista um "El Chapo" Guzmán americano.

A DEA diz que os mexicanos estão presentes em toda a cadeia de distribuição de cocaína nos Estados Unidos, mas especialistas apontam que esse não é o caso - Getty Images Não porque milhões de dólares não sejam movimentados e não haja traficantes de drogas naquele país — o maior usuário de cocaína do mundo —, mas pela maneira como o tráfico de drogas é organizado nos Estados Unidos. Não parece haver ali ninguém como o mexicano que ficou conhecido como um dos maiores narcotraficantes do mundo na história recente.

Essa é a avaliação de especialistas, e até a DEA (Drug Enforcement Administration, o órgão americano de controle de narcóticos) reconhece a presença de máfias locais.

Desde meados do século passado, sabe-se de chefões do tráfico nacionais nos Estados Unidos, mas a probabilidade de um deles simultaneamente produzir, mover, distribuir e comercializar substâncias ilícitas é muito baixa.

Não existem cartéis famosos, como os mexicanos ou os grupos armados que disputam territórios de cultivo de coca, como na Colômbia. No entanto, existem organizações dedicadas ao narcotráfico nos Estados Unidos que transportam narcóticos por todo o seu território.

Em termos gerais, contudo, ainda há ignorância sobre os protagonistas e a operação do tráfico no país.

Os Estados Unidos têm diferentes agências para apreensão de drogas e captura de traficantes - Getty Images - Getty Images
Os Estados Unidos têm diferentes agências para apreensão de drogas e captura de traficantes
Imagem: Getty Images

1. Compradores no atacado

Os narcotraficantes e organizações que fazem parte do primeiro nível de tráfico nos Estados Unidos são aqueles que possuem uma certa capacidade de pagar por uma carga que acaba de chegar do México.

Através deles, cocaína e drogas sintéticas começam a viajar para os diferentes mercados existentes no vasto território americano.

"Essas organizações compram remessas de drogas a granel dos mexicanos, mas não é que os mexicanos não tenham capacidade de distribuição. Eles não estão interessados", explica Jesús Esquivel, autor do livro Los narcos gringos (Os narcotraficantes gringos, de 2016) à BBC News Mundo, serviço em língua espanhola da BBC.

O pesquisador argumenta que os cartéis latino-americanos sabem que são menos vulneráveis ??à captura ou ao confisco de cargas usando intermediários locais "que podem facilmente disseminar na sociedade americana sem atrair a atenção".

Esquivel ressalta que as organizações mexicanas não têm um "escritório em Miami", mas, sim, representantes.

Questionado sobre o motivo pelo qual as agências de segurança dos EUA frequentemente anunciam a prisão de cidadãos do México e de outros países por transportar substâncias controladas, o jornalista observou que há muito mais casos de americanos, mas eles não recebem atenção da mídia porque eles não estão ligados a atos violentos.

2. Adaptados ao ambiente

O pesquisador do narcotráfico Hernando Zuleta ressalta que uma das razões pelas quais as organizações americanas e seus líderes são pouco conhecidos é sua maneira de agir.

"No microtráfico, as gangues dos Estados Unidos e de diferentes países da América Central têm muita presença, mas não recebem a maior parte do bolo. Então todo mundo pergunta quem são os líderes gringos, porque deve haver", diz ele à BBC News Mundo.

Às vezes, as apreensões dos Estados Unidos custam aos traficantes dezenas de milhões de dólares - Getty Images - Getty Images
Às vezes, as apreensões dos Estados Unidos custam aos traficantes dezenas de milhões de dólares
Imagem: Getty Images

O professor universitário explica que os "chefes de distribuição no interior dos Estados Unidos", até onde se sabe, têm um perfil muito diferente da imagem instalada do narcotraficante latino-americano, e que eles conseguiram exportar esse modelo.

Ele cita como exemplo que investigações recentes mostram uma nova onda de traficantes de drogas colombianos que "se misturam à classe média alta" de seu país.

"Esse fenômeno me parece plausível e acho que é uma estratégia não estar no radar, como é o caso nos Estados Unidos", conclui.

A esse respeito, Jesús Esquivel indica que "não é o mesmo ser um traficante de drogas em Manhattan do que um de um bairro pobre de Houston (Texas)" e é por isso que você precisa se adaptar ao ambiente.

"Não é que eles estejam atrás de um escritório ou estabelecidos, observando o movimento de narcóticos, mas estão ligados aos lugares onde estão", explica ele.

Esquivel acrescenta que é por isso que eles não são ostensivos e optam pelo perfil discreto, não podem atrair atenção porque há muito controle e, se um deles for detectado, sofrerá sanções e perda de dinheiro.

"Eles agem com muito cuidado, porque nos Estados Unidos existem diferentes instituições policiais, além de agências federais."

Túneis de transferência de drogas transfronteiriços cada vez mais sofisticados foram detectados nos últimos anos - Getty Images - Getty Images
Túneis de transferência de drogas transfronteiriços cada vez mais sofisticados foram detectados nos últimos anos
Imagem: Getty Images

3. A teia de aranha

Como assinalado, o primeiro elo da cadeia é o comprador atacadista que compra substâncias controladas que chegam da América Latina, Ásia e outras partes do mundo.

A partir daí, uma rede de grupos e prestadores de serviços continua, estendendo-se aos mercados nos mais de 9 milhões de quilômetros quadrados que os EUA possuem.

As estimativas mais conservadoras sustentam que a cocaína por si só movimenta mais de US$ 100 bilhões naquele país.

Outras substâncias consumidas no país são maconha (legal sob diferentes modalidades em alguns estados), metanfetaminas, heroína e fentanil (opioide para dor), cujos níveis de mortalidade alarmaram os Estados Unidos.

Jesús Esquivel ressalta que, entre os compradores em massa, existem clubes de motoqueiros que têm ramificações em muitas cidades e, portanto, são difíceis de detectar.

"Um cartel move toneladas de cocaína, mas ao entrar nos Estados Unidos, milhares de americanos são responsáveis pela distribuição dessas toneladas em partes cada vez menores. É como uma teia de aranha, é por isso que é tão complicado", diz ele.

O pesquisador dá como exemplo dessa dificuldade a transferência das substâncias químicas que chegam da China para os Estados Unidos.

"A droga passa por diferentes estágios até chegar ao mercado que a demanda. A distância para a demanda por drogas não existe", conclui.

Por seu lado, o professor Zuleta ressalta que é nesse ponto que as gangues entram em ação.

"Existem hierarquias específicas e elas não são homogêneas, é claro, mas obviamente elas têm capacidade econômica, capacidade de corrupção e suborno", diz ele.

O pesquisador acrescenta que, a partir daí, são contratados distribuidores de varejo, transportadores para atingir consumidores (que nos Estados Unidos são mais de 4 milhões).

Apesar das informações existentes, ainda não se sabe o suficiente sobre os traficantes de drogas americanos - Getty Images - Getty Images
Apesar das informações existentes, ainda não se sabe o suficiente sobre os traficantes de drogas americanos
Imagem: Getty Images

4. O papel dos mexicanos nos Estados Unidos

O DEA, em seu relatório anual de 2019 "Avaliação Nacional de Ameaças às Drogas", reconhece a existência de grupos "criminosos e gangues locais" vinculados ao negócio de drogas.

"Eles colaboram diretamente com grupos criminosos e gangues locais nos Estados Unidos para distribuir e transportar drogas no varejo", observa o relatório.

Portanto, especialistas apontam que a entidade dá muito mais destaque aos membros mexicanos das organizações criminosas transnacionais presentes em seu país e minimiza suas máfias locais.

Por exemplo, a agência anunciou em abril deste ano que detectou um "túnel sofisticado" que partia da fronteira mexicana e chegava à área de San Diego, no sudeste dos EUA.

Sua peculiaridade é que foi a primeira vez que a carga apreendida incluiu vários tipos diferentes de drogas: cocaína, heroína, maconha e fentanil no valor total de US$ 29 milhões.

Outra descoberta recentemente anunciada pela agência dos EUA é que ela teria identificado "oito grandes centros de transporte de metanfetamina", a maioria deles no sul dos EUA.

A peculiaridade é que, em ambos os casos, o DEA atribuiu praticamente toda a responsabilidade aos grupos de drogas mexicanos, apontando que eles operam em "várias células às quais são atribuídas funções específicas, como a distribuição ou transporte de drogas, consolidação de sua entrada ou lavagem de dinheiro".

"As operações mexicanas nos Estados Unidos geralmente funcionam como uma cadeia de suprimentos: os operadores da cadeia conhecem seu papel específico, mas desconhecem outros aspectos de uma operação", afirma a agência.

Sobre o assunto, Falko Ernst, um dos principais pesquisadores do centro de estudos International Crisis Group, que faz análises sobre conflitos no mundo, rejeita que sejam os mexicanos que controlam todos os elos da cadeia até chegarem ao comprador final.

Assim como Zuleta e Esquivel, o especialista destaca o papel de gangues, máfias locais e clubes de motoqueiros dentro do sistema de distribuição.

Segundo Ernst, o que existe é um "modelo misto", no qual há participação mexicana nos diferentes níveis de hierarquia e protagonismo em diferentes estágios e lugares.

Ele explica que a presença de representantes de organizações criminosas mexicanas nos Estados Unidos não se limita apenas ao envio de representantes, mas que nada se sabe sobre nenhum dos verdadeiros capos que operam daquele lado da fronteira.

Fonte: NOTICIAS.UOL.COM.BR

Suspeitos são detidos por tráfico de drogas em Cuiabá, Sinop, Alta Floresta e Nova Mutum

Droga apreendida em Alta Floresta Policiais militares de Cuiabá, Sinop, Alta Floresta e Nova Mutum prenderam nesta quarta-feira (29.01), cinco homens por tráfico de droga. Suspeitos e droga foram encaminhados às respectivas delegacias.

Na capital, no bairro CPA III, uma equipe da Força Tática estava em patrulhamento quando foi informada que um homem estaria traficando próximo a um campo de futebol. Na busca, o suspeito foi localizado. Ele tentou correr quando viu a viatura, porém, foi contido. Os agentes foram até a sua residência onde encontraram 25 porções de cocaína e de pasta base de cocaína, além de dinheiro.

Em Alta Floresta, os policiais estavam em ronda pelo bairro Vila Nova quando viram o suspeito, que já foi detido em outras ocasiões por tráfico de drogas. Devido ao seu histórico, os militares o abordaram e encontraram em seu bolso porções de pasta base e de maconha. Indagado, ele disse que teria mais droga em sua casa. Os policiais foram até o local, onde apreenderam mais porções de maconha embaladas para comercialização.

Droga apreendida no bairro CPA III                                                          Foto: PMMT

Em Sinop, no bairro Jacarandas, uma equipe da Força Tática estava em ronda ostensiva quando viu um homem que saiu correndo para dentro da sua residência quando viu a viatura. Os policiais viram também quando ele jogou um objeto no telhado da casa vizinha. O objeto se tratava de meio tablete e porções de maconha. O suspeito foi detido logo em seguida.

Em Nova Mutum, no bairro Industrial Sul, a denúncia apontava que dois homens estariam traficando em uma casa noturna. Quando chegaram no local, os policiais foram informados que os suspeitos estariam hospedados no hotel ao lado do estabelecimento comercial. Os suspeitos foram abordados e negaram serem traficantes. Durante vistoria nos respectivos quartos foram encontrados nove pinos de cocaína, dinheiro, um rádio comunicador, celulares, além de pinos vazios.

Droga apreendida em Nova Mutum                                                     Foto: PMMT

Serviço

A sociedade pode contribuir com as ações da Polícia Militar de qualquer cidade do Estado, sem precisar se identificar, por meio do disque-denúncia 0800.65.3939. Nesse número, sem custo de ligação, qualquer cidadão pode informar situações suspeitas ou crimes. Exemplos: a presença de foragidos da Justiça com mandado de prisão em aberto e ponto de venda de droga.

Fonte: PM.MT.GOV.BR

Traficante que fazia apologia para facção é presa em Cuiabá

 Reprodução/Internet Conhecida pela venda de drogas no bairro Santa Isabel em Cuiabá, traficante é presa por policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE). A equipe cumpriu 3 ordens judiciais contra mulher por tráfico de drogas e organização criminosa na capital.

Havia dois mandados de prisão e um de busca e apreensão domiciliar, xpedidos pela 9ª Vara Criminal de Cuiabá (busca e apreensão), 2ª Vara Criminal (prisão) e Tribunal de Justiça de Mato Grosso (prisão por sentença condenatória) com base em investigações feitas anterioremente pela DRE após recebimentos de denúncias anônimas.

Após monitoramento do local, os policiais realizaram a abordagem da suspeita, no momento em que ela saia de sua residência. Em buscas na casa, não foi encontrado material ilícito, porém havia várias inscrições na parede fazendo apologia a uma facção criminosa. (Com informações da assessoria)

Fonte: GAZETADIGITAL.COM.BR

Após 9 meses, polícia não sabe como 593 kg de maconha sumiram de delegacia

Roberto Valdivia/Unsplash Quem trocou por cacos de tijolo baiano os 593 kg de maconha apreendidos com um traficante de drogas e armazenados por seis anos em uma sala no 90º Distrito Policial (Parque Novo Mundo), zona norte da Capital?

A Corregedoria da Polícia Civil, órgão fiscalizador da instituição, investigou o caso durante nove meses e até agora não sabe responder essa pergunta.

A troca da maconha foi descoberta no dia 15 de março do ano passado, na presença de promotores de Justiça e de policiais, quando a droga deveria ser incinerada.

Promotores de Justiça estranharam a diferença de peso de um dos pacotes, que estaria mais leve. Quando retiraram o lacre tiveram uma surpresa: Em vez de maconha havia tijolos, barro, gesso, madeira e cal, ou seja, materiais usados na construção civil.

Em nota, a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) informou nesta quarta-feira (14) à reportagem que o caso foi investigado em inquérito pela 2ª Divisão de Crimes Funcionais da Corregedoria e relatado à Justiça em 17 de dezembro de 2019, sem indiciamento.

Ainda segundo a SSP, após a manifestação do Ministério Público do Estado de São Paulo, o caso foi arquivado em 19 de janeiro deste ano.

Piadas e espanto

Quando o episódio foi tornado público em primeira mão pela imprensa escrita, leitores consideraram o caso um deboche e escreveram centenas de depoimentos engraçados, a grande maioria ironizando o sumiço de quase 600 kg de maconha do distrito policial.

Já o ex-secretário Nacional Antidrogas Walter Maierovitch ficou espantado com o fato de a Corregedoria ter relatado o inquérito sem haver indiciamento.

"É um espanto mesmo não ter nenhum indiciado. Eu considero impossível mais de meia tonelada de maconha sumir de uma delegacia sem deixar um indicativo, sem ninguém saber nem ter visto nada".

Para Maierovitch, a situação é muito preocupante: "Assim como sumiu quase 600 kg de maconha, também pode desaparecer centenas de quilos de cocaína das delegacias, além de outras drogas mais fortes", ressaltou.

Apreensão foi feita em 2013 no interior de SP

Os 593 kg de maconha foram apreendidos em 14 de maio de 2013 por três policiais do 90º DP em um caminhão estacionado em um posto de combustível na cidade de Itatiba (SP).

O entorpecente estava escondido em meio a uma carga de balcões de pias. O motorista foi preso em flagrante e autuado por tráfico. Um policial que participou da prisão dele chegou a ser preso pela Polícia Federal em junho de 2017, durante uma operação contra a venda ilegal de anabolizantes.

A nota divulgada pela Secretaria Estadual da Segurança Pública não informa se os três policiais que realizaram a apreensão da maconha foram investigados pelo desaparecimento da droga.

ERRATA: O título original da reportagem citava a Polícia Militar quando o caso ocorre no âmbito da Polícia Civil.

Fonte: NOTICIAS.UOL.COM.BR

A rota marítima da cocaína

"Pescaria de drogas" no mar e corrupção em terra: as táticas do crime para levar narcóticos para a Europa

Divulgação Os portos marítimos brasileiros se tornaram um ponto de passagem fundamental na rota do tráfico de cocaína entre os países andinos que a produzem e o mercado consumidor na Europa.

Só no ano de 2016, a Receita Federal e a Polícia Federal, em operações conjuntas, encontraram e apreenderam 15 toneladas da droga em contêineres. A quantia é nove vezes maior do que o que foi apreendido nos principais aeroportos do país.

Narcotraficantes estão corrompendo trabalhadores portuários, recheando contêineres com drogas e tentando burlar sistema de raio-x.

Eles até usam pequenas embarcações e cordas para içar malas cheias de cocaína para dentro de navios cargueiros no mar – em uma espécie de “pescaria de drogas”.

"Pescaria de drogas" no mar

4:19

Divulgação

Divulgação

Corrupção em terra

A tática mais comum dos narcotraficantes é colocar a droga em contêineres em meio a mercadorias regulares, que estão sendo exportadas por empresas idôneas, sem seu conhecimento, segundo o auditor fiscal Oswaldo Souza Dias Junior, da Divisão de Vigilância e Controle Aduaneiro (Divig) da Alfândega do Porto de Santos.

“(Os criminosos) cooptam trabalhadores que operam de alguma forma na cadeia logística”, disse o auditor fiscal.

Os guardas portuários que usavam a caminhonete na foto acima foram filmados recebendo pacotes de cocaína de traficantes em uma rua de Santos. Em seguida, eles entraram em um terminal portuário para esconder a droga em contêineres que já haviam sido inspecionados por máquinas de raio-x e estavam prontos para serem exportados. O Porto de Santos tem 16 aparelhos para escaneamento.

O flagrante aconteceu em 2015, e os guardas corruptos acabaram sendo presos. O Porto de Santos afirmou que todas as medidas disciplinares e administrativas foram tempestivamente adotadas.

"Fator humano": o ponto mais frágil

Uma prática comum dos narcotraficantes é subornar motoristas de caminhão que transportam contêineres até o porto, para que desviem de rota e se encontrem com os criminosos. O contêiner é então aberto com técnicas que não violam seu lacre e a droga é escondida em meio à carga.

Também já foram flagrados e presos estivadores com tabletes de cocaína escondidos embaixo da camisa, funcionários da manutenção e segurança com drogas.

Além disso, há o envolvimento de pessoas que têm acesso ao controle de origem e destino dos contêineres em empresas ligadas aos portos. Pois os traficantes precisam saber em quais contêineres podem colocar a droga.

“Nós acreditamos que o ponto mais frágil, mais vulnerável (da segurança dos portos), é o fator humano, é o ponto mais complicado”, afirmou Dias Júnior.

Outra prática comum é cooptar membros da tripulação dos navios. Os traficantes se aproximam das embarcações atracadas no porto ou ancoradas próximo da costa em pequenos barcos de pesca com motores potentes e amarram mochilas cheias de cocaína em cordas que jogadas pelos tripulantes do navio.

A droga é então içada para dentro do cargueiro e escondida em contêineres ou esconderijos na embarcação.

Como a droga é colocada em contêineres?

UOLUOL

Crescimento nas apreensões

Em 2016, a Receita Federal encontrou e a Polícia Federal apreendeu mais de 15 toneladas de cocaína em contêineres a caminho ou dentro de portos brasileiros – a maior parte das ocorrências foi no Porto de Santos (SP), que é o maior da América Latina.

A quantidade de apreensões nacionais é 10 vezes maior que a que foi registrada em 2015, ano em que a Polícia Federal começou a discriminar em suas estatísticas apreensões em contêineres. Neste ano de 2017, foram apreendidas ao menos 9,6 toneladas até agora.

Segundo o procurador Márcio Christino, do Ministério Púbico de São Paulo, não é possível estimar exatamente quanta cocaína passa pelo Brasil em direção à Europa, já que a parte apreendida, segundo ele, é muito pequena em relação ao montante total.

Segundo relatório da Europol (agência de polícia europeia) a estimativa mais recente (2013) aponta que são consumidas entre 72 e 110 toneladas de cocaína no bloco europeu em um ano.

Além do Brasil, outros portos usados no tráfico da droga para a Europa ficam na Venezuela, no Equador e em também ilhas do Caribe. 

É muito difícil que se faça uma estimativa com base na cocaína apreendida porque ela representa uma parte muito pequena. A única coisa que nós podemos ter certeza é que esse tráfico aumentará

Fim das mulas do tráfico?

Os portos ganharam essa importância para o narcotráfico porque é possível remeter ilegalmente em navios quantidades muito maiores de drogas para outros continentes do que em aviões.

Para se ter ideia, enquanto 15 toneladas de cocaína foram apreendidas em contêineres em 2016, nos principais aeroportos brasileiros a Polícia Federal apreendeu 1,9 tonelada da droga no mesmo período.

Segundo Christino, o narcotráfico marítimo tende a crescer muito mais que a modalidade na qual pessoas são recrutadas para agir como mulas – levando para a Europa pequenas quantidades de cocaína escondidas em bagagens ou no próprio corpo em voos internacionais.

Entre 2015 e 2016, o volume de cocaína apreendida nos aeroportos cresceu 20%. Nos portos, o aumento foi de mais de 900%. Mas isso não significa que as mulas vão acabar, pois as duas modalidades de narcotráfico são exploradas por grupos criminosos diferentes, segundo o procurador.

ReproduçãoReprodução

O assassinato que mudou tudo

Autoridades envolvidas na repressão ao narcotráfico dizem que o sistema de policiamento está ficando cada vez mais eficiente devido a melhorias tecnológicas e no setor de inteligência. Mas pode haver mais explicações.

O Brasil começou a ser retratado como importante entreposto do tráfico de cocaína para a Europa no início dos anos de 2010 por organismos internacionais como a ONU e a Europol.

Mas, segundo o procurador Christino, a quantidade de drogas traficadas pela rota marítima que passa pelo Brasil começou a aumentar dramaticamente a partir do assassinato de Jorge Rafaat, o criminoso que era acusado de controlar o tráfico e o contrabando na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

“O Jorge Rafaat era conhecido como o rei da fronteira, era o concessionário de uma linha de tráfico concedida pelos traficantes bolivianos. Ele dominava essa região entre Brasil e Paraguai, mas ele não tinha a penetração no interior do Brasil”, disse o procurador.

Ao matar Rafaat, o PCC, que antes dominava apenas a parte brasileira da rota, passou a cuidar do transporte da cocaína desde a Bolívia até os portos brasileiros.

Segundo Christino, isso teria tornado a rota mais “eficiente” e direta.

“O tráfico via marítima tente a crescer porque esse novo canal que se estabeleceu entre a Bolívia, o Paraguai e o Brasil que não existia antes agora fornece uma rota segura para que a droga saia de sua origem e chegue ao seu destino.”

UOL

A rota da droga

Os maiores produtores mundiais de cocaína são a Colômbia, o Peru e a Bolívia, que juntos cultivavam cerca de 156 mil hectares de folha coca –  segundo dados de 2015 do UNODC, o escritório da ONU dedicado ao combate a crimes e narcotráfico.

De acordo com autoridades da Polícia Federal, da Receita Federal e do Ministério Público, a principal rota do tráfico da cocaína que passa pelo Brasil começa na Bolívia.

Ela então cruza o Paraguai e entra no Brasil pela fronteira terrestre – especialmente nas regiões das cidades de Ponta Porã (MS) e Foz do Iguaçu (PR).

De lá, segue escondida em veículos por rodovias brasileiras – especialmente no Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo – até pontos de armazenagem ou portos importantes, como Santos (SP), Itajaí (SC) e Paranaguá (PR).

O papel das facções

Segundo Christino, o transporte clandestino da Bolívia até os portos brasileiros é feito por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Uma segunda rota, controlada pela facção criminosa Família do Norte, traz cocaína do Peru pela fronteira do Amazonas até portos das regiões nordeste e também sudeste.

Se escapar ao controle das autoridades nos portos, a cocaína segue então em navios cargueiros até portos europeus. Os destinos principais são Antuérpia (Bélgica), Rotterdam (Holanda), La Havre (França), Algeciras (Espanha) e Gioia Tauro (Itália).

Uma vez em solo europeu, a droga é retirada dos contêineres e distribuída por organizações criminosas europeias, especialmente de origem sérvia e italiana.

Ela também pode chegar de navio a países do golfo da Guiné, como Nigéria, Camarões, Gana e Togo e depois seguir de avião em pequenas quantidades para a Europa.

Os custos com as perdas de carregamentos apreendidos pelas autoridades são divididos entre as organizações criminosas.

Segundo investigações da Polícia Federal, tanto o PCC como as quadrilhas internacionais operam organizadas em pequenas células, o que dificulta que sejam descobertas.

Assim, os membros do PCC não atuam no tráfico internacional de cocaína por fruto de uma determinação direta de sua cúpula. O transporte da droga é feito por diversas células de forma independente. Mas uma parte do lucro de cada unidade é remetida para a manutenção da organização criminosa.

Felipe Santos / UOL

Combate ao narcotráfico

O Brasil faz a repressão do tráfico de cocaína nessa rota nas fronteiras, nas rodovias, nas cidades onde há depósitos clandestinos e nos portos.

Quando a droga consegue chegar até o porto, a última barreira para tentar evitar que ela seja exportada é formada pela Polícia Federal e pela Receita Federal.

A Receita utiliza cães farejadores, câmeras de segurança e aparelhos de raio-x para checar os contêineres.

"Em Santos nós escaneamos 100% das cargas de importação e as cargas de exportação nos escaneamos aquelas que se destinam a portos europeus ou que serão submetidas a baldeação em portos europeus, mesmo que o destino final seja outros portos", afirmou Souza.

Além disso, duas lanchas blindadas são usadas para evitar que traficantes se aproximem dos cargueiros na região do porto.

Mas não é possível verificar todos os contêineres pois eles ficam poucos dias no porto e são necessárias horas para verificar manualmente um só contêiner.

Assim, as autoridades vivem um dilema permanente: precisam procurar por drogas, mas não podem atrasar muito as remessas internacionais, pois carga parada no porto significa custos adicionais.

A solução é atuar na área da inteligência e fazer uma análise de risco para verificar as cargas nas quais há maior probabilidade da presença de drogas.

Até o fim do ano as autoridades portuárias de Santos devem aderir a um sistema de inteligência da ONU para facilitar a troca de informações sobre crime entre os diversos portos do mundo.

Fonte: UOL.COM.BR

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