Investigação sobre orgia conclui que três mulheres ficaram por quase quatro horas em presídio no Rio

n3112 Uma sindicância da corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio que apurou denúncia da realização de uma orgia com prostitutas na Casa de Albergado Crispim Ventino, em Benfica, no dia 16 de junho deste ano, concluiu que três mulheres permaneceram no presídio por quase quatro horas. De acordo com a investigação, elas chegaram por volta das 17h e só deixaram a unidade às 20h40, mas não houve qualquer registro da entrada ou saída do grupo no local.

A corregedoria concluiu que os agentes penitenciários Cléber Perpétuo Caldas, Vander de Paula Castelo Branco e José Homero Rodrigues Filho, que estavam de plantão na unidade, cometeram irregularidades no caso investigado. A sindicância será submetida ao secretário de Administração Penitenciária, que decidirá se abre Processo Administrativo Disciplinar contra os servidores. A corregedoria da Seap só pode aplicar punição de até 30 dias de afastamento e quando há o entendimento de que a pena deve ser maior, a sindicância é submetida ao secretário da pasta.

Em depoimento à corregedoria, Cléber afirmou que as mulheres eram sua filha, a mãe da jovem e sua cunhada. Segundo seu relato, elas estiveram na Casa de Albergado porque sua filha estaria passando mal. O inspetor relatou que deixou a cadeia com o grupo para levar a jovem no Hospital Alcides Carneiro, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Não há, no entanto, qualquer registro de atendimento da filha de Cléber na unidade de saúde, de acordo com as investigações.

Cléber afirmou ainda que o agente responsável pelo registro da entrada e saída de visitantes esqueceu de fazer a anotação da presença das mulheres na unidade. Vander e José Homero, em depoimento, deram versões idênticas à apresentada por Cléber. Além da entrada de pessoas não autorizadas no presídio, segundo a sindicância, Cléber ainda cometeu a irregularidade de deixar a unidade prisional antes do fim de seu plantão, retornando em seguida, o que é proibido.

De acordo com o relatório final da corregedoria, “por considerar inadmissível que a tão prolongada presença de mulheres em tal unidade prisional seja associada ao ideal de prover assistência médica à filha de um determinado servidor”, e por entender que a ausência de um servidor se deu “inoportunamente por razões manifestamente escusas, a julgar pela ausência de qualquer registro sobre o atendimento hospitalar que, enfaticamente, o servidor afirmou ter sido prestado àquela dependente, hipoteticamente acometida por problemas de saúde”, foi concluído que os inspetores abstiveram-se do cumprimento de deveres funcionais. A conclusão do caso será encaminhada ao Ministério Público estadual.

Cantina clandestina

Durante as investigações, a corregedoria descobriu também o funcionamento de uma cantina clandestina dentro da Casa de Albergado Crispim Ventino. A unidade não possuía oficialmente um estabelecimento para venda de produtos para os presos, uma vez que abriga apenas detentos do regime aberto. De acordo com a sindicância, uma das responsáveis por administrar a cantina era Raquel Thomaz da Silva, mãe do agente penitenciário Daniel Thomaz da Silva e do policial militar Ralfe Thomaz da Silva. Eles são acusados de terem fraudado a licitação para explorar as cantinas da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, e do Instituto Penal Francisco Spargoli Rocha, em Niterói.

A Casa de Albergado Crispim Ventino é vizinha à Cadeia Pública José Frederico Marques. Nessa quinta-feira, o Ministério Público estadual e a Corregedoria da Seap deflagraram uma operação contra o grupo. Foram cumpridos oito mandados de prisão em endereços dos acusados. A corregedoria da Seap abriu uma nova sindicância para apurar detalhes sobre a cantina clandestina no Crispim Ventino.

Fonte: EXTRA