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Série em áudio sobre 'Bruxas de Guaratuba' faz sucesso e já tem mais de 600 mil downloads

 Uma onda de podcasts (publicação de ficheiros multimédia na internet) no Brasil é liderada no Paraná por uma série de suspense, mas fiel aos fatos, sobre as “Bruxas de Guaratuba”. Com 600 mil downloads somente nos primeiros dez capítulos, a série “Caso Evandro”, do Projeto Humanos, agora vai virar livro. O autor, Ivan Alexander Mizanzuk, até deixou um de seus empregos como professor universitário em um curso de Jornalismo, para se dedicar ao case. O livro, que está em processo de produção, será lançado pela HarperCollins Brasil.

A série documental em áudio veiculada dentro do Projeto Humanos, um dos podcasts mais populares do país no momento - é o terceiro mais baixado na plataforma Apple e o quarto no Spotify. Por diversas vezes desde 31 de outubro de 2018, Dia das Bruxas, quando foi lançado, o podcast “Caso Evandro” figurou no Twitter como assunto mais comentado da plataforma no Paraná e também do Brasil.

O fascínio dos ouvintes fica evidente nos comentários sobre a série na internet. “Se tem uma coisa q eu aprendi com o podcast do Caso Evandro, é que existem histórias tão complexas que quando você pensa que sabe algo, uma informação aparece e muda toda sua opinião”, resumiu Leandro Rusko. “Eu realmente espero que o #projetohumanos Caso Evandro se torne uma série da @NetflixBrasil”, recomendou Vinicius Tomasi. Como os exemplos citados, milhares de pessoas foram à internet para recomendar e debater o podcast.

“O Projeto Humanos é um dos trabalhos mais incríveis que já vi na internet. O Caso Evandro (4° temp.) é uma grande denuncia sobre a incompetência e tortura policial, fanatismo cristão, preconceito religioso e jornalismo sensacionalista dos anos 90”, disse no Twitter Luan Menezes Maia, de Manaus.

“Meu vício mais recente: Podcast "Projeto Humanos", quarta temporada, O Caso Evandro. A temporada inteira é dedicada a contar a história do desaparecimento/assassinato de uma criança no Paraná, em 1992. Até hoje não se sabe exatamente o que aconteceu”, disse Kamila Siqueira. 

O autor, que tem 37 anos, atribui o sucesso às peculiaridades da história e ao trabalho profundo de pesquisa que realizou para tornar a série informativa e ao mesmo tempo de entretenimento. “Tem duas questões. Tem uma pessoal e uma técnica. A pessoal é que pra mim essa história me marcou muito porque eu era criança quando essas crianças desapareceram. O caso do Guilherme Tiburtius e o caso do Evandro, acho que foram os mais marcantes. Minha família ia para Guaratuba e isso me marcou bastante. Essa história de alguma forma serve para eu exorcizar alguns demônios pessoais”, conta.

A série segue um formato ainda novo no Brasil. “O aspecto técnico, que é mais interessante e menos egoísta, é que nós temos uma carência no Brasil de termos um produto que chamamos de 'infotenimento', ou infoteniment (informação + entretenimento no jornalismo), que é uma peça que te informa e te entretém. Temos uma carência de peças de 'infotenimento' que nos expliquem como funciona a polícia e a Justiça no Brasil. A gente vê muitos filmes no Brasil em que se mostra um júri, o sistema, nos Estados Unidos. Não tem peças de entretenimento, uma coisa que nos entretenha e informe como o fato de existir no Brasil duas policias, no caso Civil e Militar, e de como essa dinâmica afeta sistema judiciário. A maior parte dos brasileiros não sabe como é um júri no Brasil. É um interesse meu educar por meio de uma história inteligente, envolvente e pesada sobre como funciona um júri brasileiro”, explica.

A série rememora a história do desaparecimento de Evandro Ramos Caetano, de seis anos, em abril de 1992. A criança foi encontrada dias depois morta em um matagal, sem mãos, cabelos ou vísceras —o que fez a polícia dizer que ela foi morta em um ritual satânico. O podcast sobre o tema, ainda não encerrado, deve ter cerca de 30 episódios ao todo. O livro será assinado pelo próprio Mizanzuk e deve ser lançado em 2020.

“Assinei contrato com a Harper e estou escrevendo ele enquanto faço o podcast. Eu tenho dois livros públicos. Um da minha área acadêmica, que é design e um romance de terror publicada em 2014. A partir de 2015 eu comecei a fazer os podcast storytalling que atingem muito mais gente. Essa história vou contar em livro porque merece ser contada assim”, avalia.

Formato é popular nos Estados Unidos

'Storytelling' (narração de histórias), utilizada por Mizanzuk no Caso Evandro é popular em podcasts dos Estados Unidos. “No Brasil temos o que se entende como 'jornalismo literário' ou 'jornalismo narrativo'. A ideia é que pegue o caso e conte com aspectos envolventes, mas (uma história) imersiva. Tem várias formas de fazer. Eu escolhi pegar os depoimentos que acusados e testemunhas prestaram em juri e recortar e contar em áudio. Vou conduzindo, como se fosse um narrador. O maior desafio é entregar compreensivo e imersivo. Tento sempre deixar uma dúvida no ar, colocando também algumas impressões, dizendo até as dificuldades que eu tenho na compreensão, e colocando o ouvinte para ter as mesmas dúvidas que eu”, revela o autor.

Mizanzuk procura manter regularidade nos lançamentos, mas devido à complexidade do assunto e premissa por qualidade na produção, não há uma periodicidade oficial. “É produzido em ritmo mais lento por ser uma história muito complexa. Preciso estudar e sou professor universitário. Ao todo serão 30 episódios. A segunda parte são 'confissões e prisões'. A terceira parte serão 'argumentações da promotoria' ou o que eu chamo de - ou que é entendido como - 'fraquezas da defesa'”, adianta. A terceira parte deve começar a ser publicada em setembro deste ano.

“Tem que ter em mente que esse caso tem quase 30 anos e que correu na Justiça por uns bons 26 anos. Eu peguei esses processos em 2017. Em 2015 e 2016, eu já pesquisava matérias na imprensa e entrevistava pessoas, sempre com o objetivo de ouvir todos os lados. Conversei com defesa, alguns dos acusados e testemunhas. O mais completo que eu conseguia. São três processos diferentes e sete acusados. Peguei todo material de áudio e vídeo, fitas VHS e (mídias) digitalizadas. Trabalhei nesse material e também fiz uma checagem do que era possível de fazer. Às vezes tem um personagem que disse alguma coisa muito impactante há 20 ou 30 anos. Se é algo que influenciou e que não consegui checar, eu digo (na narração) que é importante mas não consegui checar”, explica.

Mizanzuk conta que o trabalho na checagem levanta dúvidas na condução do processo, o que gera ainda mais curiosidade dos ouvintes. “Um momento em que existe um vídeo em que Celina e Beatriz Abagge no fórum de Guarutuba e o Ministério Público reafirma várias vezes que aquele vídeo ocorreu pela manhã. A defesa diz que ocorreu à tarde. Essa pequena parte é fundamental no processo. Isso era base da discussão entre as duas partes. O que eu fiz foi pegar imagens de satélite do fórum de Guaratuba e vi a incidência do Sol. Peguei alguns profissionais, como astrônomo, arquitetos, e montei um grupo. Tínhamos que descobrir se 'essa luz é a luz da manhã ou da tarde'. A defesa dizia, 'olha, essa luz é da manhã'. Eu sou designer gráfico e sei que essa coisa (importância) da luz da manhã existe. Vimos que tem uma marquise na frente da janela e foi até saber qual câmera e qual recurso de luz. Eu pego esse problema e apresento aos ouvintes assim, com a conclusão que a gente chegou, para que ele (ouvinte) chegue à sua. E divirta-se”, pontua. 

Para o autor, audiência tende a aumentar na medida em que esse tipo de mídia se popularize no Brasil. “Não existe um 'Comscore' (empresa que mede popularidade de mídia), mas o que eu posso dizer que é que os dez primeiros tiveram 600 mil downloads. É provável que umas 50 mil pessoas tenham ouvido do primeiro ao décimo episódio. Pode ser que as pessoas tenham baixado e não ouvido ou ouvido mais de uma vez. Para padrão de podcast brasileiro, está bem alto. Posso dizer com segurança que estamos entre os cinco podcasts mais ouvidos do Brasil”, comemora.

Perfil

Não há uma pesquisa com o perfil do público, mas o autor estima que sejam pessoas entre 20 e 35 anos, em razão do perfil geral de quem ouve podcasts no Brasil. “Tem muita gente do Direito, jornalistas, alunos, professores, pessoas interessadas em suspenses policiais, mas não tenho muito como afirmar isso. Pelo engajamento nas redes sociais tenho impressão de que o meu público é mais feminino, mas não tenho como afirmar”, observa.

Fonte: BEMPARANA

 

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