Série da Netflix ignorou serra elétrica comprada por Elize Matsunaga

Elize Matsunaga Série Netflix  Advogado da família Matsunaga disse que série da Netflix não mencionou serra elétrica comprada por Elize antes de esquartejar o marido

 O caso de Marcos Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki que foi morto e esquartejado pela própria mulher, voltou a ser assunto no Brasil após a estreia da minissérie documental “Elize Matsunaga: Era Uma Vez um crime”, produzida pela Netflix.

Advogado de defesa da família de Marcos Matsunaga, Luiz Flávio D’Urso avaliou que o tema foi tratado na produção com equilíbrio e deu espaço para as duas versões sobre o crime. No entanto, ele identificou a ausência de uma informação que considera relevante.

D’Urso diz que a minissérie não recorda a compra de uma serra elétrica portátil feita por Elize antes de assassinar e esquartejar o marido. Ressalta outro detalhe esquecido: Elize teria trocado o cano da arma após atirar em Marcos.

Na avaliação do advogado, essas seriam provas de que a esposa planejou a morte do marido. Apesar das ressalvas, o especialista afirma que as ausências não comprometem o resultado final.

“Eu lhe confesso que foi uma grata surpresa detectar esse equilíbrio [de argumentos entre acusação e defesa]”, diz Luiz Flávio D’Urso ao Metrópoles. “Eu aceitei participar desde que houvesse fidelidade nos fatos para preservar a memória da vítima [Marcos].”

A minissérie remonta o assassinato do empresário Matsunaga pela esposa Elize após a descoberta de uma traição do marido. Ela matou e esquartejou o marido em 19 de maio de 2012.

Desde o lançamento da obra, em 8 de julho, a produção aparece como uma das 10 mais assistidas na plataforma da Netflix.

Para D’Urso, Elize Matsunaga mantém a postura de sustentar a ideia de que teria assassinado o marido por desespero, tese acolhida pela defesa de Luciano e Juliana Santoro. O advogado, porém, reforça que o assassinato teria sido premeditado.

“Ela utilizou o documentário para fazer uma defesa sob o aspecto humano, para atrair simpatia por piedade. Mas não se pode esquecer do que realmente aconteceu”, ponderou D’urso.

Ao longo dos quatro episódios, Elize conduz a narrativa a partir da sua versão dos fatos – aliás, é a primeira entrevista dela após o crime. Advogados de defesa e acusação, familiares e amigos de Marcos e Elize, além de jornalistas contribuíram para a reconstrução da história.

Julgamento isento

Elize critica o tratamento recebido no julgamento que a condenou por 19 anos, 11 meses e 1 um dia de prisão.

Ela diz que o júri foi machista ao recordar o seu passado como garota de programa.

“Pouco importa se seja homem ou mulher, o que se tem é uma pessoa que matou seu cônjuge. O que se verificou foi um julgamento isento onde estavam presentes análises de provas”, diz o advogado.

O casal Elize e Marcos colecionava armas e era amante de caça. De acordo com a defesa, eles tinham mais de 30 modelos diferentes em casa, de pistolas a submetralhadoras.

Ao refletir sobre a série, D’Urso acredita que o arsenal era um “prenúncio de desastre”, mas afirma que a esposa procuraria outros meios para cometer o homicídio.

D’Urso alega que não conversou com os pais de Matsunaga sobre o resultado da minissérie da Netflix. Sustenta ainda que não sabe dizer se eles aprovaram ou não a produção.

Fonte: https://www.metropoles.com/