Documentos obtidos junto ao Google e a operadora de telefonia GVT sugerem que as empresas JBS e 4Buzz promoveram a exposição de um texto difamatório contra o jornalistaLeonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil e do portal UOL.
De acordo com aFolha de S.Paulo, as empresas teriam patrocinado o link "Leonardo Sakamoto Mente", que aparecia em 2015 como primeiro resultado para pesquisas com os termos "Sakamoto", "Leonardo Sakamoto" ou "Blog do Sakamoto".
A JBS, citada em reportagens da Repórter Brasil sobre problemas trabalhistas e ambientais, negou a relação com o texto. Via assessoria de imprensa, informou que contratou a 4Buzz para ações na internet e autorizou a contratação do Google para promover notícias relacionadas à empresa. Porém, destacou que nenhuma delas envolvia o nome do jornalista ou de sua entidade.
Também disse que respeita o trabalho de Sakamoto e investigará internamente o que aconteceu. A 4Buzz, firma de Ribeirão Preto contratada pela JBS no ano passado, também negou as acusações e não soube esclarecer como IPs da empresa estavam associados ao caso.
Em maio de 2015, quando a página foi promovida, o internauta era direcionado para o texto "Sakamoto recebe mais de R$ 1 milhão para chamar opositores de mercenários, denuncia Luciano Ayan", publicado no site FolhaPolítica.org, que faz publicações desfavoráveis ao PT com notícias falsas. O autor é desconhecido e o endereço não possui relação com o jornal.
O artigo acusa Sakamoto de corrupção, afirma que a Repórter Brasil recebeu "mais de R$ 1 milhão por ano para puxar o saco de Dilma", que ele é quem fica "com a maior parte da bolada", que a ONG "não desenvolve nenhuma atividade física", mas "torra mais de R$ 1 milhão por ano do Ministério dos Direitos Humanos".
O jornalista acionou a Justiça para que o Google informasse quem contratou o anúncio. Em setembro, a companhia informou que a ordem partiu da "JBS/SA", mas não apresentou o responsável pelo pagamento da propaganda. Mais tarde, a GVT informou à Justiça que quase todos os IPs são da 4Buzz.
A repercussão do texto gerou risco a Sakamoto, que recebeu diversas ameaças. "Passei a ser alvo mais constante de xingamentos e até agressões físicas", contou. "Você está andando na rua, vem um desconhecido e dá uma ombrada; outro dia um carro para e alguém xinga e cospe na sua direção; você vai a um restaurante, começam a circular fotos suas no local com insultos."
O Google explicou que seu contrato com o patrocinador da página "Leonardo Sakamoto Mente" é confidencial, o que lhe proíbe de informar quem pagou pelo anúncio, o tempo em que o link foi exposto e a quantidade de vezes em que foi oferecida como primeiro resultado de busca.