O Paraná teve pelo menos quatro fugas de mais de 20 presos somente nesta terça-feira (25) em presídios, cadeias e delegacias do Estado. Entre as unidades, os dois maiores presídios de Cascavel, a PEC e o Cadeião, tiveram fugas na terça-feira de madrugada. Presos também fugiram em Matelândia, no oeste, e Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. A maior evasão foi por volta das quatro horas da madrugada, na Cadeia Pública de Cascavel, o chamado Cadeião, que está superlotado, com 500 detentos onde há lugar para 140. Dezesseis presos fugiram nesta terça.
Segundo o Departamento Penitenciário do Paraná, os fugitivos usaram cordas improvisadas para escalar os muros da penitenciária. Eles abriram um buraco na saída de ar das celas e fugiram pelos fundos da unidade. Três presos foram recapturados no início da manhã.
Na Penitenciária Estadual de Cascavel, uma hora antes, por volta das três horas, quatro presos fugiram. Eles abriram um buraco na cela e saíram pelo telhado. Os agentes penitenciários flagraram a movimentação e conseguiram capturar outros três detentos ainda dentro da unidade. Neste caso, até o momento, nenhum dos fugitivos foi recapturado. O Depen informou que um procedimento administrativo será aberto para apurar este caso.
No Cadeião de Cascavel, onde 12 presos ficaram feridos em uma rebelião que reclamava de superlotação no início do mês passado, a fuga desta terça-feira foi a terceira em três meses. No fim de setembro, um preso fugiu depois de se esconder em um depósito de comida que seria jogada no lixo. E, em agosto, outros sete escaparam depois de fazer um buraco no teto da cela.
Em Matelândia, também no oeste, a Polícia Militar capturou nesta segunda-feira (24) o quarto foragido da cadeia pública da cidade. Outros cinco que fugiram por um túnel, no dia 13, e continuam foragidos até agora.
Na Delegacia de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, três presos escaparam hoje (terça) de manhã. Dois foram recapturados. Os fugitivos conseguiram sair pelo telhado do solário, que foi diariamente danificado para facilitar a fuga. A Delegacia de Piraquara tem capacidade para oito presos, mas estava com 51 no momento da fuga.
Os policiais civis do Estado estão em greve desde o dia 17 de outubro. Segundo o Sindicato das Classes Policiais, o Sinclapol, apenas 30% do serviço é realizado. Uma das reivindicações da categoria é o fim do desvio de função de policiais que fazem o trabalho de carcereiros em delegacias.
O Sindicato dos Agentes Penitenciários afirmou em nota que as fugas recorrentes no Paraná são reflexo de falta de efetivo da categoria, com 900 vagas desocupadas. Atualmente, das 4.131 vagas disponíveis na carreira de agente penitenciário, apenas 3.289 estão ocupadas, segundo dados do Grupo de Recursos Humanos da Secretaria de Segurança. O sindicato considera que mesmo o número total de vagas é insuficiente.
Em nota, o governo do Estado afirma que órgãos competentes estão cientes do problema de superlotação e das fugas registradas nas carceragens das delegacias. Semanalmente, segundo a nota, o Comitê de Transferência de Presos, que conta com representantes do Poder Judiciário e do Ministério Público, autoriza a transferência de presos de delegacias para o sistema prisional. No entanto, as vagas só são abertas com a saída de presos e, para isso, é preciso autorização do Poder Judiciário. Hoje, por exemplo, mais de 400 presos, que estão em penitenciárias, estão aptos a progredir de regime, mas aguardam decisão judicial.
Outro problema que resultou na superlotação, segundo o governo, foram três rebeliões ocorridas em 2014 e 2015 (Duas em Cascavel e uma em Londrina), que resultaram na perda de cerca de mil vagas nas penitenciárias. A Sesp acredita que a solução para o caso de superlotação é o início das obras de construção e ampliação – previstas para os próximos meses. Serão abertas cerca de 7 mil novas vagas com essas novas unidades prisionais. Outra medida, é o uso de tornozeleiras eletrônicas. O número de presos monitorados subiu de 500 no início de 2015 para mais de 3 mil este ano.