Agentes penitenciários são presos durante operação da Polícia Civil em Uberlândia

Mandados foram cumpridos após investigação que apurou chacina ocorrida no Bairro Lagoinha em 2015. Agentes serão levados para Belo Horizonte.

agente01A Polícia Civil de Uberlândia cumpriu sete mandados de prisão contra agentes penitenciários do Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia, durante a Operação “Legalidade” deflagrada na manhã desta quinta-feira (20). Os presos são investigados pelo envolvimento na morte de cinco pessoas, no Bairro Lagoinha, em 2015.

Em resposta ao G1, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que não tinha conhecimento das investigações e foi informada nesta quarta (19) da prisão dos suspeitos. Sobre a situação dos servidores a partir da acusação, a Seap disse que aguarda o fim das investigações para se pronunciar.

O inquérito foi conduzido pela Delegacia de Homicídios que concluiu que o crime foi motivado por vingança, em possivel retaliação ao assassinato do agente penitenciário Edson Ferreira da Silva, de 49 anos, algumas horas antes da chacina.

A operação envolveu a mobilização de 40 policiais civis e dez agentes penitenciários, sob a coordenação do delegado regional Edson Rogério de Morais e o delegado de Homicídios, Rafael Herrera.

Durante o cumprimento dos mandados, apenas um dos investigados estava em horário de serviço, como escolta permanente de presos, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Um não foi encontrado em casa, porém se entregou ainda nesta manhã.

“Cinco agentes foram presos em suas residências, um foi preso cumprindo escala de trabalho no hospital da UFU e outro se apresentou na delegacia junto ao advogado. As investigações se valeram por todos os tipos de provas materiais e testemunhais. Apesar das provas, em alguns sentidos, irrefutáveis os autores não confessam a prática do crime”, comentou o delegado regional.

Os sete estavam em período probatório, sendo um deles mais antigo no cargo, porém em regime de contrato. Os demais exerciam a função há cerca de dois anos e meio. Os nomes dos servidores não foram informados pela polícia por motivo de segurança.

Represália

O agente Edson Ferreira, de 49 anos na época, foi assassinado durante a noite do dia 16 de agosto de 2015 próximo à Avenida Anselmo Alves do Santos, quando voltava do trabalho em uma motocicleta. Testemunhas disseram à Polícia Militar (PM) que se tratavam de dois autores em uma motocicleta de cor escura. Os suspeitos foram identificados e presos durante a Operação "Hades", realizada pela PM e pelo Gaeco, em setembro do mesmo ano.

Durante a madrugada no dia 17 de agosto, cinco pessoas morreram em uma chacina por disparos de arma de fogo. O crime foi registrado na Rua Platão, Bairro Lagoinha, e até então não havia informações sobre a autoria e motivação do crime.

A PM informou na época que, dentre as vítimas, foram identificados dois homens, um de 35 e outro de 50 anos, e uma mulher conhecida pelo apelido de “Tieta”. Dos identificados, os militares constataram passagens pelos crimes de tráfico de drogas, homicídio, roubo e furto.

Em coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira, o delegado responsável pelas investigações esclareceu o crime e disse as vítimas eram usuárias de drogas e não tinham nenhuma ligação com a morte do agente.

"Acreditamos que imbuídos de uma forte emoção, um sentimento de represália, eles cometaram o delito de maneira impensada. Os autores fizeram abordagem das vítimas com armas em punho, colocaram em posição de busca e a partir daí efetuaram os disparos. Foi descoberto que as munições utilizadas eram calibre 380, de uso permitido e utilizada por quase todos os agentes prisionais", disse Rafael Herrera.

O delegado ouviu todas as testemunhas ao longo das investigações e fez novas oitivas dos acusados após as prisões. Segundo Herrera, os laudos periciais das armas, depoimento de testemunhas e imagens de câmeras de segurança comprovam a participação efetiva e ativa dos agentes nas mortes.

Os agentes vão responder por homicídio qualificado por execução, por não terem dado chance de defesa às vítimas, e motivo fútil. Eles serão levados para uma unidade prisional em Belo Horizonte ainda nesta quinta-feira.

Fonte: G1