Agentes recebiam até R$ 1 mil por entrada de drogas e celulares na cadeia de Cambé, diz Gaeco

Ação deflagrada na terça-feira (15) prendeu sete pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de facilitação.

gaeco18Agentes de cadeia pública recebiam entre R$ 800 e R$ 1 mil para permitir a entrada de drogas e celulares na carceragem da Delegacia de Cambé, no norte do Paraná, segundo as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Umaação deflagrada na terça-feira (15) prendeu sete pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de facilitação. Entre os presos estão três agentes de cadeia pública, dois presos que receberam novas ordens de prisão e dois parentes de detentos.

ARPC Londrinateve acesso aos detalhes do inquérito sobre o caso. Testemunhas mantidas em sigilo e conversas gravadas, por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, permitiram identificar a participação dos suspeitos.

Um organograma elaborado pelos investigadores detalha que parentes de presos conseguiam drogas e celulares, que eram escondidos em roupas e sacolas enviados pra cadeia. Na delegacia, os três agentes, que agora estão presos, recebiam propina pra permitir a entrada dos materiais.

A negociação incluía os presos que chefiavam o esquema, e revendiam os produtos dentro das celas. O dinheiro era usado para pagar as propinas e financiar quadrilhas fora da cadeia.

De acordo com a investigação, o esquema tinha viés empresarial, arrecadando valores mensais consideráveis, mediante depósito em contas bancárias, que permitiam a aquisição de bens para a organização criminosa.

As movimentações financeiras e o patrimônio dos acusados ainda estão sendo rastreados pelo Gaeco.

Os três agentes presos têm contratos temporários, de dois anos, e recebem salários de R$ 2,3 mil. Os advogados deles negam a participação no esquema.

As investigações começaram em fevereiro deste ano, mas foram identificados pagamentos de propina desde 2016.

A carceragem da Delegacia de Cambé foi projetada para 50 presos, mas abriga mais de 200 atualmente. Numa das últimas vistorias foram apreendidos dezenas de celulares. Essa e outras apreensões reforçaram a suspeita de que pessoas estariam facilitando a entrada irregular de mercadorias.

O Gaeco tem dez dias para concluir os inquéritos e indiciar os investigados. A lista de crimes inclui corrupção ativa e passiva, tráfico de drogas, formação de organização criminosa e favorecimento real, que é a facilitação da entrada da objetos em cadeias.

Os investigados estão detidos em cadeias de Londrina. Advogados de alguns deles já entraram com requerimentos de liberdade provisória, mas os pedidos ainda não foram analisados pela Justiça.

Já o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) informou que aguarda a conclusão do inquérito pra abrir processos disciplinares contra os agentes investigados.

 

Fonte: G1