Mulher de coronel participou de 'plano infernal' para prejudicar investigação em MT, diz magistrado que mandou prendê-la

Operação prendeu sete pessoas, entre elas dois secretários. Esquema de escutas clandestinas foi revelado no Fantástico, em maio. 

helen1700A personal e professora de educação física, Helen Christy Carvalho Dias Lesco, mulher do coronel da PM Evandro Alexandre Lesco, foi presa na Operação Esdras, da Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (27), em Cuiabá, suspeita integrar um grupo que tentava interferir nas investigações sobre grampos feitas pela Polícia Militar. O marido dela, que é ex-secretário-chefe da Casa Militar, também foi preso. O G1 não localizou o advogado que defende o casal.

Eles e outras seis pessoas, entre elas os secretários de estado Airton Siqueira e Rogers Jarbas e o ex-secretário Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB), tiveram a prisão preventiva decretada pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando Perri, que é relator no processo que investiga as interceptações clandestinas. Siqueira é secretário de Justiça e Direitos Humanos e Jarbas, de Segurança Pública.

A defesa de Paulo Taques disse que não irá se manifestar no momento. Os demais alvos da operação ainda não se posicionaram sobre o caso.

Em nota, o governo de Mato Grosso disse que "recebeu com surpresa e perplexidade os fatos revelados", mas que apoia desde o início as investigações. O governo anunciou, ainda, o afastamento do coronel PM Airton Siqueira Junior da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Siqueira e o secretário afastado Rogers Jarbas devem permanecer afastados do comando das pastas até que todos os fatos relacionados aos dois ex-secretários sejam devidamente esclarecidos.

A operação foi deflagrada após depoimento do tenente-coronel José Henrique Costa Soares, que atua como escrivão no inquérito policial militar que apura o esquema dos grampos. Ele revelou os ‘novos participantes’ do suposto grupo criminoso, entre elas a mulher de Lesco.

Soares disse em depoimento, prestado no dia 16 de setembro aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Henrique Stringuetta, que, logo após assumir a função no inquérito, foi procurado pelo advogado de Lesco. O advogado teria dito ao tenente-coronel que a mulher de Lesco gostaria de falar com ele. Lesco e Soares, apesar de não serem amigos, são da mesma turma de formação policial.

Desconfiado de que o assunto seria a atuação dele na investigação, Soares combinou o encontro com Helen em um posto de combustível, em Cuiabá. Nesse encontro, ainda segundo o depoimento de Soares, Helen teria feito chantagens e provocações para expor o tenente-coronel na corporação da PM. Paulo Taques já atuou como advogado de Soares.

 

“[...] Ela disse que a Secretaria de Segurança Pública tinha posse de interceptações e vídeos dos quais revelam sua dependência química; que também mencionou que haveria outras situações supostamente criminosas, das quais Paulo Taques tinha conhecimento; que [Soares] supõe que seriam referentes a situação de uma empresa que [ele] teria tido sociedade e que Paulo Taques foi seu advogado”, diz trecho da decisão.

 

A conversa ocorreu no período em que Lesco foi preso, em junho deste ano. Helen pediu para que Soares avisasse sobre todos os procedimentos que acontecessem no inquérito policial, além de mandar que ele monitorasse todos os passos do desembargador Orlando Perri.

Helen é amiga da ex-primeira dama e advogada Samira Martins. A delegada havia pedido a condução coercitiva de Samira, o que foi negado pelo desembargador. Na decisão, Perri afirmou que não encontrou elementos suficientes para confirmar o envolvimento de Samira com a organização criminosa.

 

“[Lesco], quando ainda recolhido no cárcere da Polícia Militar, usou sua esposa, Helen Christy Carvalho Dias Lesco, para desencadeamento do plano infernal. E teve ela papel relevantíssimo na construção da perversa armadilha. Foi obreira do mal urdido”, pontuou Perri.

Para o desembargador, se continuasse em liberdade, Helen continuaria agindo em prol do grupo para prejudicar as investigações policiais. Soares também revelou que sofreu ameaças em relação ao filho dele.

Fonte: G1