Mensagens de celular recuperadas pela perícia revelam novos fatos sobre o assassinato do empresário Fabrizzio Machado da Silva, que presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC).
Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o conteúdo da troca de mensagens reforça que um dos donos de postos de combustíveis investigados por Fabrízzio foi o mandante do crime. O empresário foi morto a tiros em 23 de março de 2017, em Curitiba.
As mensagens já tinham sido apagadas do celular do réu Patrick Jurczyszyn Leandro, acusado de ter atirado contra Fabrizzio, e foram recuperadas com um equipamento especial utilizado pela perícia. O celular foi apreendido com ele na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
Em uma das conversas, Patrick fala com uma pessoa não identificada sobre a contratação de um advogado para defendê-lo da acusação.
Patrick : nesse B.O que eu tô preciso de um advogado...
Pessoa não identificada: você precisa de um que consiga manobrar e arrumar uma brecha na lei e ter o dom de convencer o jurado
Patrick: quero um bom e caro...porque é o cara lá do posto que vai pagar
De acordo com o MP-PR, ao citar "o cara lá do posto", Patrick se referia a Onildo Chaves de Córdova II, dono de um posto de combustíveis. Conforme a denúncia, ele teria encomendado a morte de Frabrizzio para se vingar dele devido às investigações que fazia.
Em outro trecho da conversa, Patrick conversa com Jeferson Rocha da Silva, que segundo os promotores, teria intermediado o contato entre Patrick e Onildo.
Jeferson: nossa, piá, o Nildo insistiu pra eu passar o seu número pra ele. Ainda falei pra ele que tinha perdido o seu contato, sabe, mas se eu soubesse, cara, que arrependimento
Jeferson: eu que não tenha nada a ver, que não apresentei você para matá-lo
Patrick: ah, mais foi você que veio atrás de mim. Você que me levou lá
Patrick: você me apresentou
Patrick: você me procurou
Jeferson: nossa, piá, o Nildo insistiu pra eu passar o seu número pra ele. Ainda falei pra ele que tinha perdido o seu contato, sabe, mas se eu soubesse, cara, que arrependimento
Jeferson: eu que não tenha nada a ver, que não apresentei você para matá-lo
Patrick: ah, mais foi você que veio atrás de mim. Você que me levou lá
Patrick: você me apresentou
Patrick: você me procurou
Jeferson: ô, Patrick, você não tá falando com um cagueta, pode ficar de boa. Você tá me estranhando piá
Júri popular
A Justiça determinou que os quatro acusados de participar da morte do empresário Fabrizzio Machado sejam julgados pelo júri popular. Cabe recurso da decisão.
Durante uma coletiva de imprensa para a apresentação de três suspeitos de participar do crime, a Polícia Civil informou que o crime teve relação com a atividade de fiscalização contra fraudes de combustíveis exercida por ele.
Além de Patrick, Jefferson e Onildo, Matheus Willian Marcondes Guedes também é réu no processo. Conforme o MP-PR, ele dirigiu o carro usado no dia do crime.
Patrick Leandro e Matheus Guedes estão presos na Casa de Custódia de São José dos Pinhais. Já o empresário Onildo Chaves de Córdova e Jeferson Rocha da Silva estão soltos com tornozeleira eletrônica.
A denúncia
Fabrizzio foi morto à época em que ajudava uma equipe do Fantástico a fazer uma reportagem sobre a fraude de combustíveis em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, segundo o MP-PR.
Três horas antes de ser assassinado, ele havia feito o último contato com os repórteres.
Conforme a denúncia, Onildo Chaves encomendou a morte de Frabrizzio para se vingar dele devido a investigações que fazia.
A acusação diz que Córdova procurou Jeferson Rocha da Silva, que aderiu ao plano e indicou Patrick Jurczyszyn Leandro para executar o crime.
De acordo com a decisão, Patrick recebeu a oferta de aproximadamente R$ 20 mil para matar a vítima.
Patrick e Matheus foram até as proximidades da casa do empresário e, quando ele chegava em casa de carro, por volta das 22h, os dois bateram na traseira do veículo da vítima.
Ao sair do veículo para ver o que tinha acontecido, Fabrizzio foi atingido por tiros disparados por Patrick Leandro, sem chance de defesa.
O outro lado
O advogado de Patrick Leandro afirmou que vai se manifestar no recurdo ao Tribunal de Justiça.
A defesa de Jefferson Rocha disse que ele colaborou no esclarecimento dos fatos. E que o seu cliente apenas repassou o telefone de Patrick para Onildo.
O advogado de Matheus Guedes afirmou que a inocência do seu cliente será comprovada em recurso.
A defesa de Onildo Córdoba não quis se manifestar.
Sobre o uso de celular na Casa de Custódia, a Secretaria de Segurança Pública informou que Patrick foi punido com falta grave e que está investigando o caso.
Fonte: G1