PM e ex-paraquedistas estão entre integrantes de quadrilha de tráfico de armas e munições

 Nove foram presos no Rio, entre eles um ex-PM, além de outros dois em Mato Grosso do Sul. Arsenal abastece favelas milícias e tráfico e 35 mil munições foram apreendias pela polícia, além de armas

oc0612Rio - A Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), realizaram, desde a manhã desta segunda-feira, uma operação contra uma quadrilha de tráfico de armas e munições no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul. A ação era para cumprir 13 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão no Rio. Já no Mato Grosso do Sul, são quatro mandados de prisão, além de seis mandados de busca e apreensão. Onze pessoas foram presas, nove delas no Rio. Entre os líderes estão um PM e quatro ex-paraquedistas do Exército, que trazem o arsenal para favelas do Rio. Também foram apreendidas 35 mil munições de pistola e fuzis e armas.

O policial é Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como Batata, do 14º BPM (Bangu), que está foragido. Procurada pelo O DIA, a Polícia Militar informou que assim que a Corregedoria receber as informações e for confirmado a participação de um PM, "as devidas providências serão tomadas", que dependendo da infração pode "acarretar na expulsão do militar". A corporação informou ainda que "não se manifestará no caso do ex-policial". 

Estão foragidos os três ex-paraquedistas do Exército, identificados como Bruno Jeronimo Guerra, Leonardo Santos Carvalho, que já foi preso em 2014 e 2016 por tráfico de armas e munição, e Denis Vale de Aguiar. 

Thiago, Leonardo e Denis são apontados como os principais cabeças da organização ao lado de Roger dos Santos Macedo, que acabou preso no Recreio dos Bandeirantes. A polícia encontrou com ele uma pistola e três carros roubados e adulterados. Investigadores apontam que Roger era responsável por receber os grandes carregamentos e também por fazer as encomendas de armas e munição de uso restrito.

Também foi preso o ex-policial militar Bruno Drummond que, segundo a polícia, alugou um carro e emprestou para Denis fazer o transporte da carga bélica. Os outros presos são Valdisnei Ederson Alves, um trapezista de um circo, capturado em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e Moacir Teixeira de Freitas, de 46 anos, capturado no bairro São Francisco, em uma lavandeira de roupas, onde trabalhava.

No Rio, ações ocorreram em Bangu, Catiri, Realengo, Cosmos, Recreio, Vargem Grande, Cabo Frio e Seropédica. A operação é um desdobramento de uma investigação que durou cerca de um ano, após inúmeras apreensões realizadas pela Polícia Rodoviária Federal e pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio.

De acordo com Fabrício Oliveira, delegado titular da Desarme, eles chegar a fazer viagens semanais e traziam essas armas e munições para as principais facções do Rio, independente da rivalidade entre elas. "Eles traziam essas armas e munições para quem ofertasse mais, não tinham preferência por facção. Em cada viagem, eles traziam de 6 a 11 mil munições", explicou.

Segundo Oliveira, carros eram alugados e adulterados para esconder o material bélico. As apreensões de hoje vão ajudar nas investigações e esclarecer mais precisamente a função de cada integrante da quadrilha. Os agentes apreenderam 35 mil, entre elas de pistolas (9mm e ponto 40) e de fuzis. Também foram apreendidas pistolas.

"A gente só não conseguiu entender a porta de entrada do armamento em território nacional, perto da cidade de Guaíra, o ponto onde dois dos cariocas identificados de alto nível nessa organização criminosa preparavam os carregamentos e depois eles eram trazidos pelos membros de baixo nível dentro da organização. Temos comprovações que demonstram que o Soares (Thiago, o PM) era um dos principais integrantes dessa organização criminosa ao lado de Leonardo, Denis e Roger, além de segurança do Roger. Com as prisões e apreensões de hoje vamos conseguir esclarecer melhor a participação de cada um deles na organização," disse.

"Nós não temos o fornecedor externo porque o contato deles era feito pessoalmente. A investigação policial conseguiu caracterizar que usando nome de terceiros e dados falsos eles se deslocavam na região de fronteira. Inclusive temos que agradecer ao apoio do pessoal do Paraná (polícia) que fez vigilância. Existem filmagens e fotos dos cariocas que iam pra lá arregimentar todo o esquema, deixavam tudo preparado e voltavam pra ficar monitorando esses de menor hierarquia que corriam o risco de serem pegos", disse o promotor Jorge Furquim.

O inquérito identificou e indiciou cerca de vinte pessoas que fazem parte de uma grande organização que atua em diversos estados pelo país. Segundo as investigações, nos últimos meses, o grupo foi responsável pelo envio de milhares de munições e centenas de armas de fogo do Mato Grosso do Sul para o Rio de Janeiro, que eram enviadas para comunidades controladas por milicianos e traficantes de drogas. A suspeita é de que esse material vinha do Paraguai.

Foram empregados na operação 100 agentes da Polícia Civil e 50 PRFs no Estado do Rio de Janeiro, além de 30 Policiais Civis e 30 PRFs no Mato Grosso do Sul. A ação contou com apoio de diversas unidades do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e do grupo Garras da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Mais de 80 policiais rodoviários federais, com o Núcleo de Operações Especiais (NOE), Grupo de Operações com Cães (GOC), Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) e operações aéreas, atuaram em conjunto com cerca de 160 policiais civis, no Rio e em Mato Grosso do Sul.

Fonte: ig