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Delegado preso pagou US$ 9.900 a detetives para vigiarem amante em Miami e levava vida de ostentação, diz MPRJ

Maurício Demétrio gastou R$ 35 mil apenas com uma viagem a São Paulo Foto: Reprodução RIO — Com a análise de três dos 12 telefones celulares apreendidos na casa do delegado da Polícia Civil Maurício Demétrio Afonso Alves, preso desde junho, os promotores do Ministério Público do Estado (MPRJ) descobriram que o policial levava uma vida de luxo, não compatível com sua renda, ostentava riqueza — inclusive contratando seguranças particulares para protegê-lo em viagens. Ele também chegou a pagar a uma agência de detetives particulares americana para investigar a vida de sua amante, em Miami, nos Estados Unidos.

Os promotores descobriram, com a quebra do sigilo telefônico, que o policial fez com toda a família rotineiras viagens internacionais em classe executiva pagas em espécie. Também foram constatados, durante a investigação, hospedagens em hotéis de luxo, aluguel de mansões na Costa Verde e carros de luxo no Brasil e no exterior.

Foi numa dessas viagens para fora do país que Demétrio teria contratado três detetives para vigiar e investigar, por oito dias, uma amante na Flórida. No contrato, encontrado em um dos celulares do delegado, consta o pagamento de U$ 9.900 (em valores atuais, cerca de R$ 56 mil) para que a amante fosse monitorada 24 horas por dia. O acordo teria sido firmado com a Salazar Investigations em dezembro de 2019. A mulher teria tido a vida investigada entre 3 e 8 de dezembro daquele ano.

O documento foi assinado por Demétrio e Eduardo "Eddy" Salazar, dono da empresa. O detetive particular ainda informou os dados de duas contas bancárias ao então delegado da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) para que os valores fossem transferidos. O montante seria usado para pagar a investigação e cobrir todas as despesas. No contrato, Salazar declarou que o valor poderia sofrer acréscimos caso os detetives precisassem prosseguir nas buscas. 

Delegado preso pagou R$ 80 mil em dinheiro vivo por dois meses de aluguel de casa de luxo em Mangaratiba Foto: Reprodução Delegado preso pagou R$ 80 mil em dinheiro vivo por dois meses de aluguel de casa de luxo em Mangaratiba Foto: Reprodução Delegado Maurício Demétrio passou temporada em imóvel
alto padrão, com Ilha Grande como cenário Foto: Reprodução Delegado Maurício Demétrio passou temporada em imóvel alto padrão, com Ilha Grande como cenário Foto: Reprodução Quebra do sigilo telefônico permitiu a promotores saber que o delegado levava vida de luxo, não compatível com sua renda Foto: Reprodução Quebra do sigilo telefônico permitiu a promotores saber que o delegado levava vida de luxo, não compatível com sua renda Foto: Reprodução Foram constatados, durante a investigação, hospedagens em hotéis de luxo, aluguel de mansões na Costa Verde e carros de luxo no Brasil e no exterior Foto: Reprodução Foram constatados, durante a investigação, hospedagens em hotéis de luxo, aluguel de mansões na Costa Verde e carros de luxo no Brasil e no exterior Foto: Reprodução O delegado Maurício Demétrio: vida de ostentação incompatível com renda salarial Foto: Reprodução O delegado Maurício Demétrio: vida de ostentação incompatível com renda salarial Foto: Reprodução Land Rover Evoque que, segundo investigações, após a aquisição, em julho de 2019, foi registrado em nome de uma empresa Land Rover Evoque que, segundo investigações, após a aquisição, em julho de 2019, foi registrado em nome de uma empresa Mansão em Mangaratiba, pela qual delegado pagou R$ 80
mil em dinheiro por dois
meses Foto: Reprodução Mansão em Mangaratiba, pela qual delegado pagou R$ 80 mil em dinheiro por dois meses Foto: Reprodução Mansão em condomínio em Mangaratiba Foto: Reprodução Mansão em condomínio em Mangaratiba Foto: Reprodução Casa de luxo em Mangaratiba: gastos excessivos e muita ostentação Foto: Reprodução Casa de luxo em Mangaratiba: gastos excessivos e muita ostentação Foto: Reprodução Delegado Maurício Demétrio, preso no fim de junho deste ano. Ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) acusado de chefiar quadrilha que extorquia dinheiro de comerciantes, criar dossiês contra desafetos e de tentar interferir nas investigações do caso da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes Foto: Reprodução Delegado Maurício Demétrio, preso no fim de junho deste ano. Ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) acusado de chefiar quadrilha que extorquia dinheiro de comerciantes, criar dossiês contra desafetos e de tentar interferir nas investigações do caso da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes Foto: Reprodução Dinheiro apreendido na casa do delegado: R$ 240 mil Dinheiro apreendido na casa do delegado: R$ 240 mil Demétrio durante ação realizada em março e batizada de "raposa no galinheiro", durante a qual recolheu as mil peças que ele mesmo havia encomendado semanas antes Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo Demétrio durante ação realizada em março e batizada de "raposa no galinheiro", durante a qual recolheu as mil peças que ele mesmo havia encomendado semanas antes Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo O delegado Maurício Demétrio, em outubro de 2020. O MPRJ o acusa de tentar armar duas operações falsas, uma delas contra o então candidato a prefeito do Rio Eduardo Paes Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo O delegado Maurício Demétrio, em outubro de 2020. O MPRJ o acusa de tentar armar duas operações falsas, uma delas contra o então candidato a prefeito do Rio Eduardo Paes Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo Demétrio, em 2008, chega para depor no caso do deputado Álvaro Lins, na Corregedoria Geral Unificada. Ele denunciou o ex-chefe de Polícia Civil e deputado cassado por distribuir cargos em delegacias do Rio em troca da conivência com o jogo ilegal em máquinas de caça-níqueis e da arrecadação de propina Foto: Márcia Foletto / Agência O GloboDemétrio, em 2008, chega para depor no caso do deputado Álvaro Lins, na Corregedoria Geral Unificada. Ele denunciou o ex-chefe de Polícia Civil e deputado cassado por distribuir cargos em delegacias do Rio em troca da conivência com o jogo ilegal em máquinas de caça-níqueis e da arrecadação de propina Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

R$ 35 mil com carro blindado e seguranças em SP

O que também chamou a atenção dos promotores foi uma viagem do delegado à capital paulista. Em uma conversa encontrada no celular dele, os investigadores descobriram que Demétrio pagou quase R$ 35 mil entre os dias 10 e 14 de dezembro do ano passado para a ida a São Paulo. A troca de mensagens aconteceu entre o agente e um profissional de uma  agência de viagens.

Nos aparelhos periciados, os investigadores encontraram ainda fotos de Demétrio no Condomínio Portobello, em Mangaratiba. Uma recepcionista do local, em mensagens, afirmou que o delegado chegou a pagar as despesas a vista “em bolinhos de R$ 30 mil”.

Ao GLOBO, o advogado Raphael Mattos, que representa Demétrio, “acha que pode haver uma perseguição de cunho pessoal” por parte “de um promotor que ele denunciou no Conselho Nacional do Ministério Público —  CNMP”. O promotor citado pelo advogado é Celso Quintella Aleixo, de Petrópolis, contra quem o delegado move uma ação judicial.

— Acho que pode haver (uma perseguição) de cunho pessoal, porque as provas são fraquíssimas e não se sustentam. Tem uma representação no CNMP contra um promotor de Petrópolis. Pode ser que esse Celso o esteja perseguindo.

Em nota, o promotor Celso Quintella Aleixo afirmou que “ao contrário do alegado pelo advogado, as provas dos processos contra o delegado Maurício Demétrio são numerosas e robustas, sendo esse o motivo de estar preso e sendo processado criminalmente”. Ainda de acordo com o comunicado, o promotor diz que “o advogado, na falta de melhores argumentos para defender seu cliente, usa do velho golpe de tentar desacreditar a atuação dos promotores de justiça, levantando, de forma leviana e irresponsável, acusações de perseguição desprovidas de fundamento”. Em relação a representação feita por Demétrio ao CNMP, Aleixo disse que ela “foi arquivada à unanimidade pelo Conselho Nacional do Ministério Público eis que não identificada qualquer falta funcional”. Por fim, o promotor afirmou que”o delegado já era investigado mesmo antes dela ser protocolada”.

No último dia 20 de dezembro a defesa de Demétrio, que está preso no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, tentou um habeas corpus. O pedido foi negado pelo juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Rio.

— Já existia um pedido de prisão do primeiro processo. Não havia necessidade de um novo pedido (expedido na última quarta-feira). Essa é uma estratégia do MP (para manter) uma prisão que se alonga há mais de seis meses. (Na última semana) pedimos a liberdade, mas o juiz entendeu que havia fatos que justificavam a manutenção da prisão — disse Mattos.

Em nota, a Polícia Civil afirma que a corregedoria da corporação demitiu 19 servidores desde o início da atual gestão, número superior que os anos de 2019 e 2020 somados.

"Quanto ao delegado Maurício Demétrio, está afastado de suas funções por ordem judicial, recebendo parte do salário, cumprindo a legislação em vigor.  Sobre prazos do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o delegado Maurício Demétrio, a Corregedoria esclarece que todos os processos estão sendo observados e cumpridos dentro do rito e prazos legais.  Vale destacar que os fatos investigados pelo MP ocorreram antes da gestão atual da Polícia Civil, não cabendo à Instituição se manifestar sobre suposições feitas “em off”. Todas as consultas realizadas por policiais são registradas no sistema da Polícia Civil. Ou seja, exatamente graças a este absoluto controle das consultas é que houve base para a presente investigação.", diz trecho da nota.

Fonte: https://oglobo.globo.com

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