Delegado Rafael Lopes, que estava foragido, se entrega na sede da Polícia Civil em BH

2 O delegado é acusado de envolvimento em esquema de corrupção com um traficante 

O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Rafael Lopes Azevedo, se entregou na tarde deste sábado (9) na sede da Corregedoria de Polícia Civil, em Belo Horizonte. Ele estava foragido desde o dia 28 de junho, quando foi expedido um mandado de prisão pela FICCO, força integrada que reúne a Polícia Federal, além das Policias Civil e Militar.

De acordo com o inquérito da PC Rafael Lopes teria participado de um esquema de corrupção envolvendo a prisão de um traficante em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH, que foi preso com 30 quilos de cocaína.

O advogado de defesa do delegado, José Jonai Gomes de Lemos, entrou com um pedido de revogação da prisão, nessa quinta-feira (7), e nega todas as acusações.

O delegado será levado para a Casa do Policial, no Horto, na região Leste de BH, onde ficam presos os policiais civis.

Relembre o caso

O esquema foi descoberto depois que o telefone de um advogado foi apreendido em meio a uma operação de busca e apreensão. Segundo a investigação, ele foi acionado por um homem para intermediar a soltura de um terceiro, preso em flagrante por tráfico de drogas com 30 kg de entorpecentes. O preço pela "intermediação" seria o pagamento de R$ 600 mil em propina a policiais civis, entre eles, Rafael Lopes Azevedo.

De acordo com as investigações, o homem, identificado apenas pelo primeiro nome "Emerson" foi solto após uma série de irregularidades na condução do processo por parte de Azevedo, como erros na lavratura do auto de prisão em flagrante, o fato de o caso não ter sido levado ao Denarc, além de o material encaminhado para a perícia "divergir" do que foi apreendido no local do crime.

"Tudo isso, devo destacar, revela certa negligência na atividade de Delegado de Polícia que preside inquérito policial, indo ao encontro de tudo o que foi até apurado pela FICCO no sentido de oferecimento de vantagem aos policiais", diz trecho da decisão judicial.

"A ORCRIM [organização criminosa] ainda contaria com o auxilio de terceiros e empresas para ocultar os proveitos da corrupção, valendo-se das sociedades empresárias" para beneficiar Rafael Lopes de Azevedo, conforme a Ficco-MG.

Ainda de acordo com a Justiça, Rafael também prestaria uma espécie de "consultoria" a aliados e se escondeu na casa de outro investigado para se livrar de uma operação na qual era alvo de ação cautelar.

Bens, imóveis e veículos

Em decisão, a Justiça de Belo Horizonte também determinou o sequestro de 33 imóveis e veículos que estariam em nome de 16 pessoas e sete empresas.

"Os imóveis informados pela Autoridade Policial foram levantados ao longo da cautelar e trazem fortes indícios de que foram adquiridos com fruto do tráfico, até porque os investigados não possuem atividades licitas ou, se possuem, são incompatíveis com a aquisição desses bens", diz trecho da decisão.

Fonte: https://www.itatiaia.com.br/editorias/cidades/2022/07/09/delegado-rafael-lopes-que-estava-foragido-se-entrega-na-sede-da-policia-civil-em-bh