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Teori detona Moro, e estrategistas avaliam que Lula só terá problemas quando Dilma for "impichada"

 

 
 
Ediçãodo Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão-
 
lulainvestAté a definição final sobre o impeachment de Dilma Rousseff, que deve ocorrer em agosto, com a posse definitiva de Michel Temer na Presidência da República, dificilmente será tomada qualquer decisão polêmica sobre pedidos de prisão provisória ou preventiva contra Luiz Inácio Lula da Silva. Estrategistas políticos e jurídicos que fazem tal avaliação, no entanto, advertem para um risco concreto que Lula corre: seus parentes podem ser punidos antes dele, para afetá-lo psicologicamente, fragilizando também o Partido dos Trabalhadores na hora em que perder, de fato e de direito, o poder federal que aparelhou por 13 anos, em parceria com o PMDB, cujos caciques também estão na mira do judiciário.
 
Luiz Inácio Lula da Silva não é o poderoso chefão da organização criminosa que domina o Brasil. Tem vários comandantes e muitas facções, principalmente compostas por políticos de todas as ideologias, o sistema do crime institucionalizado, ainda hegemônico, apesar do crescente combate à corrupção e da enorme insatisfação da maioria da população - que já se percebe duramente afetada pelas ações criminosas. A bandidagem é mais ágil que o topo do Judiciário na tomada de decisões ofensivas e defensivas. È fácil detonar cidadãos comuns e empresários. Políticos são punidos muito mais lentamente. Esta é a tendência histórica da jagunçagem e do rigor seletivo no Brasil da impunidade.
 
Neste momento de guerra institucional entre os poderes, de todos contra todos, é preciso cuidado ao comemorar a decisão óbvia do Supremo Tribunal Federal de devolver para a primeira instância todos os casos que não envolvam políticos com o absurdo foro privilegiado. A tendência é que muitos políticos sejam condenados, sobretudo por teorias de domínio do fato. No entanto, poucos devem puxar efetivamente cadeia, até as famosas decisões transitadas em julgado, esgotando os infindáveis recursos. O quadro só vai mudar se um José Dirceu ou um João Vaccari cansarem da solidão carcerária, fazendo "traições" premiadas ou não contra a companheirada que segue livre, leve e solta, porém cada vez mais preocupada e gastando muita grana com caríssimas bancas de advocacia.
 
Mesmo sob tensão, a Petelândia comemorou que não poderá ser usado como prova judicial o diálogo telefônico interceptado em que a Presidenta Dilma Rousseff dizia que estava enviando por um emissário o termo de posse do ex-Presidente Lula como ministro da Casa Civil, o que lhe daria foro privilegiado e o livraria de um eventual pedido de prisão na primeira instância. Da mesma forma festiva, estrategistas de defesa dos enrolados na Lava Jato e afins amaram as críticas feitas pelo supremo ministro Teori Zavascki ao juiz Sérgio Fernando Moro, nas 22 páginas do despacho em que sacramentou a devolução para a 13a Vara Federal de três petições, três inquéritos e dez ações cautelares - tudo permanecendo sob sigilo.
 
Alguns trechos do despacho de Teori serão especialmente usados pelos milionários advogados de defesa de réus na Lava Jato, em futuros recursos que possam anular ou reduzir os efeitos de condenações que forem impostar por Moro. Foi sopa no mel para os defensores o caso do polêmico grampo telefônico das conversas entre a então Presidenta Dilma e seu quase ministro Lula. Teori detonou Moro: “A decisão proferida pelo magistrado reclamado (Moro) está juridicamente comprometida, não só em razão da usurpação de competência, mas também, de maneira ainda mais clara, pelo levantamento de sigilo das conversações telefônicas interceptadas".
 
Teori deu outra pancada, por escrito, no popular herói da Lava Jato: “Foi também precoce e, pelo menos parcialmente, equivocada a decisão que adiantou juízo de validade das interceptações, colhidas, em parte importante, sem abrigo judicial, quando já havia determinação de interrupção das escutas” (...) “sem adotar as cautelas previstas no ordenamento normativo de regência, assumindo, com isso, o risco de comprometer seriamente o resultado válido da investigação. Com efeito, a violação da competência do Supremo Tribunal se deu no mesmo momento em que o juízo reclamado, ao se deparar com possível envolvimento de autoridade detentora de foro na prática de crime, deixou de encaminhar a este Supremo Tribunal Federal o procedimento investigatório para análise do conteúdo interceptado”.
 
Teori esclareceu que serão anuladas apenas as provas colhidas depois do horário autorizado por Moro. A autorização para os investigadores gravarem conversas telefônicas do ex-presidente tinha validade até o dia 16 de março às 11h12. No entanto, o diálogo entre Lula e a presidente ocorreu às 13h32 do mesmo dia. Teori reclamou: “Mesmo assim, sem remeter os autos a esta Corte, o juízo reclamado determinou o levantamento do sigilo das conversações”O supremo magistrado ponderou que “não se está fazendo juízo de valor, nem positivo e nem negativo, sobre o restante do conteúdo interceptado, pois isso extrapolaria o objeto próprio da presente reclamação”.

 
 
Apesar da críticas diretas a Sérgio Moro, o ministro Teori ainda não resolveu se devolve ao andar de baixo do judiciário o inquérito em que Lula foi denunciado com um time de amigos: o ex-senador Delcídio Amaral; o ex-assessor (de Delcídio) Diogo Ferreira; o advogado Edson Ribeiro; o banqueiro André Esteves; o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai. Nenhum deles tem mais foro privilegiado. Por isso, foi estranho que o caso também não tenha seguido para o criticado Moro.   

A "República de Curitiba" (é assim que Lula pejorativamente se refere a Moro e a Força Tarefa do MPF) tem de volta o inquérito sobre o sítio Santa Bárbara (em Atibaia) e o tríplex 164-A do luxuoso Edifício Solaris (no Guarujá). A Procuradoria Geral da República já denunciou que Lula seria o usuário dos imóveis e teria sido beneficiado com melhorias promovidas por empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Formalmente, Lula é investigado por pagamentos feitos por empreiteiras no valor de R$ 30,7 milhões feitos por empreiteiras envolvidas nas fraudes à Petrobras ao Instituto Lula e a LILS Palestras, empresa que pertence a Lula. Além da OAS, Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, UTC e Queiroz Galvão doaram R$ 20,7 milhões ao instituto e pagaram R$ 9,920 milhões por palestras entre 2011 e 2014. A OAS chegou a pagar US$ 200 mil dólares por uma conferência do ex-Presidente.

Resumindo: Lula pode não ser condenado ou preso. Seus parentes correm mais risco. No entanto, o estrago em sua imagem mítica é definitivo. O retorno à Presidência da República em 2018 se torna um pesadelo quase impossível. Lula poderá sofrer mais ou menos. Vai depender se o pacto de reduzida agressão que ele fez com Michel Temer será ou não cumprido. Tem gente boa apostando que é mais fácil um tucano ser engaiolado que isso acontecer...

Hoje, a aposta alta é que Dunga dance da Seleção antes que Lula seja tirado de campo pelo Moro. Tudo pode acontecer naquele que já foi o País do Futebol, mas continua sendo o País da Impunidade, onde o STF demora mais de 1200 dias para decidir se o poderoso Renan Calheiros pode ou não ser julgado...
Dupla Ameaça


 

Além dos vários casos contra Lula, advogados da petelândia têm outras preocupações:
Teori manteve no STF o pedido de abertura de inquérito contra Dilma feito pela PGR para apurar tentativa de obstrução judicial com a nomeação de Lula para ministro.
Outra fonte de tensão é um inquérito contra o ex-ministro Edinho Silva e quatro petições com indícios contra os ex-ministros Jaques Wagner e Ideli Salvatti, o ex-senador Delcídio Amaral, e o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli.
 
Na semana passada, o supremo ministro Celso de Mello já tinha devolvido para Sérgio Moro o pedido de abertura de inquérito contra Wagner - acusado de receber recursos ilícitos para sua campanha em 2006.

Corrupção mal combatida?
 
A baixa proporção dos crimes de corrupção dentro do universo da população carcerária, onde delitos como roubo e furto predominam, não é exclusividade do Brasil.
Quem avalia é o subprocurador-geral da República Marcelo Muscogliati,  Coordenador da Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF):
 
"Quem pratica a corrupção não dá recibo. O que os números mostram é que tem havido uma atuação indiscutivelmente mais efetiva na investigação e no processamento dos crimes de colarinho branco no País".

Facetas de ocasião
 
 
Relação complicada
 
 
Devagar, devagarinho...
 
 
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O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total:www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos. 

A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 14 de Junho de 2016.

A Europa está podre - 1

Posted:14 Jun 2016 03:13 AM PDT

 
 
Dois palhaços tentam implantar a escravidão na França
 
“Hollande y Valls se plantean obligar a los huelguistas a trabajar por decreto”
 
Artigo no Alerta Total –www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira
 
Obrigar a trabalhar por decreto?
Isso é escravidão!
Na França decadente, tomada por muçulmanos, qual será o próximo desatino do governo? Obrigar a todos só usar a mão esquerda para se limpar?
 
Napoleão se revira na tumba.
 
De Gaulle, idem.
 
Assim termina a história de quem cria cascavéis em seu jardim.
 
No Brasil, a mais conhecida, será presa em breve e levada para o instituto responsável pela elaboração de soro antiofídico.
 
Hoje o texto será curto. Indignação deste pobre autor contra os imbecis de cá e de além-mar.
 
Valha-nos São Nuno de Santa Maria!. No século, Nuno Álvares Pereira; o Condestável. O fero Nuno!
 

Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.

"A Lava Jato é intocável"

Posted:14 Jun 2016 03:11 AM PDT

 
 
Artigo no Alerta Total –www.alertatotal.net
Por Hélio Duque
 
Só o realismo fantástico de Gabriel García Márquez, no clássico “Cem Anos de Solidão”, encontra paralelo com a atual realidade brasileira. Nele o autor conta a história da fictícia cidade colombiana de Macondo e a ascensão e queda dos seus fundadores, a família Buendia. Macondo é uma mistura de realidade e fantasia, onde a população perde a memória e a sociedade é mergulhada em conflitos que levará a decadência.
                  
Felizmente o Brasil não é Macondo. Tivemos um tempo passado onde a sociedade perdeu a memória, aceitando o cinismo como acontecimento normal, mas despertou da fantasia em tempo. Ao voltar à realidade viu-se mergulhada em crise moral, política e econômica inédita na sua história. Perplexa e angustiada, a população vem sendo atropelada, cotidianamente, com fatos estarrecedores, envolvendo no maremoto da corrupção figuras públicas e privadas. As investigações, em boa hora, da “Operação Lava Jato” provocaram um abalo sísmico na corrupção nacional. Desmontando um sistema que operava, na escala de bilhões, ativa e passivamente, no assalto planejado por agentes públicos e privados ao patrimônio nacional.
                  
Confissões públicas, gravações às pencas, documentos em profusão, delações dos malfeitores em número recorde, respondem, por condenação, até agora, a penas de prisão de mais de 1000 anos. O brasileiro honesto passa a ver o mundo político e empresarial infestado por notórios delinquentes de “colarinho branco”. A vida pública está mergulhada em cenário de muitos dos seus integrantes já identificados e outros que vivem o cotidiano da incerteza de quando serão acusados. Acreditavam na invencibilidade da corrupção e na impunibilidade geral e irrestrita. A cultura da corrupção sistêmica, com o pagamento de propina envolvendo a relação público e privada, foi ferida de morte. Parodiando o inesquecível Muhammad Ali, que dizia “flutuar como uma borboleta e picar como uma abelha” no Brasil a corrupção flutua como borboleta e pica a sociedade com voracidade de leão.
                  
Os brasileiros decentes e honestos serão devedores eternos da força tarefa da “Operação Lava Jato”. Foi pela destemida ação do Ministério Público Federal, dos delegados e agentes da Política Federal e da competência jurídica do juiz Sérgio Moro que se conheceu a corrupção sistêmica documentadamente provada na vida nacional. Demonstrando que não existe nenhum poder ou organizações poderosas com capacidade de anular ou parar as investigações conduzidas pela apelidada popularmente de “República de Curitiba”.
                  
Na Itália, na década de 90, a “Operação Mãos Limpas”, ao comprovar que o pagamento de propina nos contratos públicos era padrão de governabilidade, levou várias centenas de empresários e homens públicos à prisão. O sistema político, dos democratas cristãos, aos socialistas e comunistas foi destruído. Tempos depois o Congresso aprovaria diversas leis para anistiar e impedir a continuidades das investigações. Em 13 de julho de 1994, era aprovado o decreto que os italianos honestos chamaram de “Salvi Ladri”. Foi um golpe mortal na “Mãos Limpas”.
                  
No Brasil, gravações telefônicas envolvendo ex-presidentes da República (Lula e Sarney), o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros e outras figuras coroadas da política nacional demonstram desejo de ver implodida a “Lava Jato”. O objetivo claro dessas conversas e gravações é manter intocável a impunidade dos que se consideram donos do poder, afrontando os legítimos direitos da sociedade. Não fosse a ação vigilante da opinião pública brasileira, certamente já teriam aprovado no legislativo a versão tupiniquim do “Salvi Ladri” tropical.
                  
Por tudo isso e muito mais, os brasileiros honestos não podem se omitir na mobilização e apoio intransigente à “Operação Lava Jato”, sob pena de ver a cultura da corrupção triunfar mais uma vez. Devem meditar nas sábias palavras do Papa Francisco: “O pecado se perdoa, a corrupção não pode ser perdoada. Pecador sim, corrupto não”. 
                  

Helio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.

Os Kamaradas partem

Posted:14 Jun 2016 03:10 AM PDT

 
 
Artigo no Alerta Total –www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
 
O texto abaixo é o resumo de um dos capítulos do livro CAMARADAS – uma História do Comunismo Mundial -, escrito por Robert Service, um dos maiores especialistas em história moderna da Rússia - historiador, acadêmico e escritor britânico; leciona História Russa na Oxford University -. A importante mensagem transmitida por esse livro, tanto para os contemporâneos quanto para as gerações vindouras do Século XXI, é que, embora o comunismo, em seu formato original, esteja morto ou em estado terminal, a pobreza e a injustiça que possibilitaram seu surgimento ainda vivem perigosamente, vulneráveis à exploração de extremistas.
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Dezenas de estados comunistas deixaram de existir nos dois anos posteriores aos meados de 1989.  Esse fenômeno não se limitou à Europa Oriental e à União Soviética; na Etiópia a ditadura marxista foi derrubada em maio de 1991 e Mengistu buscou asilo político no Zimbábue. Visto sob a perspectiva de séculos de história oficial, isso aconteceu numa fração de segundo. Um sistema político econômico que cobria um quarto da superfície terrestre passou por uma crise de progressivo encolhimento e, depois disso, as pessoas criadas com as páginas de seus Atlas assinaladas em vermelho, mal conseguiam entender os novos mapas políticos do globo. Somente uns poucos países continuaram a professar compromissos com os objetivos do marxismo-leninismo e suas variantes.

A República Popular da China foi a única potência comunista de importância global que permaneceu de pé, mas sua implantação frenética da economia de marcado transformara o país numa espécie de híbrido de comunismo e capitalismo. Isso serviu para desviar as críticas ao sistema de campos de trabalho forçado da China ou as terríveis condições de trabalho dos trabalhadores chineses livres.
 
As empresas globais estavam prosperando no país e, como fora o caso de muitos empreendimentos industriais que tinham contratos com a URSS na década de 1930, procuraram não meter o nariz nos macabros desvios do sistema penal nacional. Embora o Vietnã permanecesse sob o governo de um regime comunista, seus dirigentes também adotaram o capitalismo, pois viam a China como modelo para o próprio desenvolvimento. Nesse sentido, Cuba deu alguns passos hesitantes na direção de umas poucas reformas. Passou a tolerar mais a religião, abriu as portas aos turistas estrangeiros e atraiu investimentos diretos do exterior, apesar do bloqueio econômico dos EUA.
 
No Laos, o governo comunista tinha poucas alternativas. A única ajuda financeira de que dispunha desde a tomada do Poder, em 1975, vinha de Moscou. E, com a finalidade de conseguir mais verbas,as autoridades haviam construído hotéis para veranistas soviéticos. O colapso soviético foi um desastre para o comunismo do Laos e mudanças tornaram-se inevitáveis. Em meados de 1990, as autoridades chegaram a fechar os campos de trabalho forçado.

A essa altura, nenhum país comunista tinham mais interesse em fomentar insurreições comunistas no exterior. A ajuda financeira de Pequim era concentrada em países capazes de fornecer o petróleo necessário ao desenvolvimento da economia chinesa ou para a segurança territorial do país. Insurrecionistas maoístas nepaleses e de outros países não recebiam nem ajuda e nem incentivos. Em toda a parte, partidos comunistas de todos os tipos aprenderam a cuidar de si mesmos, até porque não tinham alternativa. O Movimento  Comunista Internacional já não estava apenas fragmentado, mas quebrado em mil pedaços.

No entanto, a Guerra Fria havia terminado e o Ocidente fora o vencedor, embora sua vitória não tivesse uma data específica, nem tenha havido um acontecimento que a assinalasse, como uma rendição militar. A conclusão do processo passou quase despercebida, mas não havia como negar que o comunismo sofrera uma derrota global. O presidente George Bush saudou o advento da “Nova  Ordem Mundial”.

Mais e mais governos estavam sendo formados por meio de eleições livres. As economias dos países se voltavam para o capitalismo e, graças ele, se expandiam. Muitos passaram a ter liberdade para dar vazão às suas aspirações políticas. Era crença generalizada que democracias liberais e economias de mercado se tornariam a forma universal de se organizar sociedades em todo o globo. Esse pensamento foi endossado por Bill Clinton, sucessor de Bush, e tornou-se parte do sendo comum. Proclamou-se o ”fim da História”.

Os governantes do Universo, no entanto, se esqueceram de que todos os países, coletiva ou individualmente considerados, tinham traços duradouros que podiam dobrar a linha reta do desenvolvimento futuro, suas esperanças, pois, foram rapidamente frustradas. Surgiram conflitos étnicos, culturais e nacionalistas na Iugoslávia, Chechênia e Ruanda, misturados com hostilidades religiosas. O crescimento de variantes fanáticas do islamismo prosseguiu.
 
O grupo Al-Qaeda, liderado por Osama Bin-Laden conseguiu refúgio para suas bases de treinamento no Afeganistão, sob o amparo do severo regime muçulmano do governo do Talibã. Bin Laden organizou a realização de campanhas de terrorismo no mundo inteiro e seu exemplo foi seguido por organizações que surgiram como grupos independentes. No fim das contas, verificou-se que a Nova Ordem Mundial não era nem tão nova, nem global e tampouco ordeira. 

Em 2002, o Talibã e a Al-Qaeda foram militarmente derrotados no Afeganistão, mas não eliminados, e o subseqüente regime afegão estava longe de ser um modelo de governo que respeitava as leis ou de ser objeto de aprovação popular. O Iraque foi invadido em 2003, e o ditador baatista Saddam Hussein, deposto. A intervenção militar desencadeou um amplo movimento insurrecionalista e uma incipiente guerra civil, apesar da instituição de eleições livres. A história não havia completado seu processo de transformação.

Mas George Bush e Bill Clinton estavam certos em relaçãoa um acontecimento muito importante na última década do Século XX: o comunismo na maioria das regiões do planeta havia chegado ao fim como sistema de governo. Os governos subseqüentes, após a saída do Poder dos kamaradas, recorreram a diferentes meios para impedir a restauração de regimes comunistas. As autoridades búlgaras, por exemplo, mandaram prender Todor Jivkov e, dois anos depois, o condenaram pelo crime de peculato. Foi mais ou menos como condenar Al Capone por sonegação de impostos.
 
Em 1993, os alemães formularam acusações contra Erich Honecker, porém ele já estava gravemente afetado por um câncer no fígado e o julgamento foi suspenso. Ele morreu um ano depois, no Chile. Jã Egon Krenz, seu sucessor, desfrutava melhor estado de saúde e foi tratado com menos indulgência, sendo condenado a 6 anos de prisão - mas cumpriu apenas 3 - em 1997. Ele foi acusado de cumplicidade no fuzilamento de pessoas que haviam tentado pular o Muro de Berlim. Em Praga, o presidente Vaclav Havel não quis vingar-se de seu algoz, Husak, que estava gravemente doente e faleceu em 1991. Sucessivos governos na Polônia reconheceram que Jaruzelski, apesar das falhas, havia ajudado a evitar que seu país fosse invadido pelas tropas do Pacto de Varsóvia, na década de 1980.

Na República Checa instituíram uma lei proibindo  líderes comunistas de ocupar cargos no governo. Na Alemanha reunificada os alemães passaram a ter acesso a documentos sobre eles, criados pela Polícia de Segurança. As portas dos arquivos nacionais foram abertas ao público e divulgados os horrores do governo comunista. O consenso nos meios de comunicação era de que o “pesadelo totalitário” havia chegado ao fim. 
 
Do litoral siberiano no Pacífico até a Hungria, nos Balcãs e na antiga Alemanha Oriental, aconteceu a mesma coisa: os povos recuperaram o orgulho nacional e as tradições culturais e religiosas foram restauradas; bandeiras, redesenhadas; ruas renomeadas; estátuas de heróis marxista-leninistas, derrubadas; e os livros de História reescritos. Os velhos partidos comunistas tiveram confiscados os escritórios, suas casas de veraneio e contas bancárias.

Embora tenha sido pacífico o abandono do comunismo na maioria dos países surgidos após o fim da União Soviética, houve também algumas exceções terríveis. Elites russas e moldávias, por exemplo, lutaram pela supremacia da Moldávia. Numa região fronteiriça com o Afeganistão, rivalidades tribais e religiosas causaram uma violenta guerra civil no Tadjiquistão. A Chechênia rebelou-se contra a Federação russa. Uma guerra sangrenta estourou entre a Armênia e o Azerbaijão por causa da disputa pelo enclave com habitantes armênios em Carabaque.

As coisas poderiam ter sido muito piores, mas pelo menos a maioria dos países da ex-URSS conseguiu a independência sem derramamento de sangue. Foi o caso também na região do “império exterior”do Kremlin. Os povos da Europa Oriental cuidaram pacificamente da própria vida após a queda do comunismo e logo que livres da interferência russa. Houve uma situação política grave na Checoslováquia quando os eslovacos, após anos alimentando ressentimentos para com os checos, passaram a exigir o direito à separação.
 
Porém a disputa foi resolvida sem que nenhuma bala fosse disparada quando, em janeiro de 1993, a República Checa e a Eslováquia decidiram seguir, cada qual, um caminho diferente. A grande exceção foi a Iugoslávia – que nunca se submeteu ao Império Soviético -. Eclodiram conflitos nas fronteiras de muitas repúblicas depois que Milosevic subiu ao Poder na Sérvia. Disputas étnicas convulsionaram os assuntos internos na Croácia, na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo. Finalmente, em 1991, a Iugoslávia se desmembrou quando, unilateralmente, a Eslovênia e a Croácia se declararam independentes. Em setembro de 1991 foi a vez da Macedônia e, em março de 1992, a da Bósnia-Herzegovina. Num processo de concomitantes secessões, guerras civis, invasões inter-republicanas e expulsões étnicas, a Federação inteira desmantelou-se.
 
A violência bárbara chegou ao fim em 1995, com a assinatura em Dayton, Ohio, com Milosevic sendo momentaneamente saudado com pacifista. Todavia, depois de derrotado nas eleições na Sérvia e tirado do Poder, as autoridades sérvias o entregaram ao Tribunal Internacional, em Haia, para que fosse julgado por crimes de guerra. Mas ele morreu em março de 2006, antes que se chegasse a um veredicto. A essa altura, no entanto, havia muito que a Iugoslávia havia sido desmembrada e seu comunismo relegado à lixeira da História.

Na Itália, o Partido Comunista Italiano, com o nome trocado para Partido Democrata de Esquerda (PDE), fazia muito tempo que havia cortado os laços com Moscou e, para demonstrar seu rompimento, filiou-se a Internacional Socialista e manteve sua posição de principal organização de esquerda da Itália.

No início do Século XXI, o comunismo havia exaurido quase todo o seu potencial para transformar sociedades. Tal como os misteriosos monólitos da Ilha de Páscoa, os grandes mausoléus de Lenin, Mao, Ho Chi Minh e Kim Il-Sung continuavam a atrair visitantes, todavia era cada vez menor o número de pessoas, até nos países supostamente comunistas, que se importavam com seus escritos. Em quase todas as suas variantes, o Leninismo era quase sempre mais ridicularizado ou mais odiado do que esposado.
 
Os partidos comunistas perderam filiados, respeito e a própria razão de existir. Abandonaram suas ambições globais e passaram a concentrar seus esforços na atração de adeptos para causas patrióticas. Sempre que possível, substituam seus líderes, nomes e ideologia básica. O comunismo ficou desconcertantemente diverso do que realmente fora no passado. O mundo passou a conhecer KAMARADAS russos que possuíam cassinos e comunas chinesas que faziam negócios com o Google e a Dell. 
 
Enquanto isso, KAMARADAS cubanos cuidavam de proteger o que podiam de sua herança revolucionária, e KAMARADAS coreanos prosseguiam com o fortalecimento de um regime até mais invasivamente repressor que o de Stalin. Grupos de KAMARADAS guerrilheiros na Ásia e na América Latina continuaram a sustentar suas guerras contra o capitalismo nacional e o imperialismo ianque. Já a maioria dos KAMARADAS europeus asseverava que havia se desligado totalmente de objetivos totalitários marxista-leninistas, e pararam de chamar uns aos outros de KAMARADAS.
 
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

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