Três PMs do Bope são presos em Florianópolis

PMs participaram de uma operação em Balneário Piçarras, em que um homem foi atingido por engano com um disparo na nuca e morreu.

np1308Três policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram presos na quinta-feira (9) no batalhão da Polícia Militar em Florianópolis.

A defesa dos policiais declarou que a decisão do magistrado foi uma surpresa e ainda nesta sexta-feira (10) ingressará com um pedido de habeas corpus.

Eles participaram de uma operação em Balneário Piçarras, no Litoral Norte catarinense, em 16 de novembro de 2017, em que um homem de 44 anos foi atingido por engano com um disparo na nuca e acabou morrendo no dia seguinte. O tiroteio ocorreu em um conflito com bandidos que tentaram assaltar uma agência bancária. Dois criminosos morreram no local. 

“Temos o maior respeito pelo juiz, mas consideramos a decisão equivocada, as alegações não corroboram com a verdade dos fatos. A decisão ocorreu em uma fase muito inicial do processo criminal, não no decorrer da investigação. Nós sequer havíamos sido intimados pela Justiça. A defesa deles está alinhavada e será apresentada assim que houver estabilização processual”, declarou a advogada Mariana Fernandes Lixa.

O pedido de prisão foi expedido pela Justiça Militar. Segundo o juiz Marcelo Pons Meirelles, os policiais destruíram provas de câmeras de segurança que gravaram a cena do conflito. À paisana, no dia seguinte do confronto foram a um estabelecimento comercial e levaram os registros, devolvendo ao proprietário do local o HD formatado.

"Haja vista que os réus já suprimiram imagens importantes para o deslinde dos fatos ocorridos nos dias 15 e 16 de novembro, situação que corrobora fundado receio de que se permanecerem soltos, poderão novamente valer-se da função pública para ocultação, destruição e embaraço de provas no claro intuito de induzir o Poder Judiciário em erro, colocando em risco a instrução destes autos, contra eles ajuizado", disse na decisão sobre o pedido de prisão. 

O juiz ainda diz que foram verificadas "uma sucessão de erros procedimentais, administrativos e criminais" e que "com esse agir criminoso os acusados 'jogaram no lixo' o investimento feito pelo Estado nos seus treinamentos e atingiram frontalmente a instituição militar".

Segundo o comandante-geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), coronel Araújo Gomes, foi cumprido na tarde de quinta-feira (9) as ordens de prisão. Elas foram expedidas pela Justiça Militar.

"Não temos como nos manifestar sobre os fundamentos da medida nem sobre o mérito do processo pois estão na esfera do judiciário", disse o comandante. Até a publicação desta notícia, a reportagem não conseguiu contato com a Justiça Militar. 

Ainda em novembro a Polícia Militar havia aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu investigação. A Polícia Civil também investiga o caso e imagens da câmera de monitoramento de uma pizzaria foram analisadas. A reportagem não conseguiu contato com delegado nesta manhã.

Tiro em inocente

José Manoel Pereira estava em um carro com outros três familiares quando os disparos foram feitos. Um sobrinho da vítima, que pediu para não ser identificado, contou que estava no veículo e que o grupo tinha parado numa loja de conveniência, perto do banco alvo da tentativa de roubo. 

“Estava sendo atendido, comecei a escutar uns tiros. Saí correndo, atravessei a rua. Quando ele ligou o carro que nós fomos sair, com muita pressa, fomos alvejados por trás pelos policiais que estavam fazendo a ocorrência”, relatou. Ele foi atingido por estilhaços.

A família disse que quer que os responsáveis sejam punidos pela morte. O Bope confirma que atirou no carro em que os quatro estavam, mas disse que a medida só foi tomada depois que um dos ocupantes do veículo atirou contra a polícia. A família de Pereira nega essa versão.

“Não, nós não atiramos nada. Nada de arma. Eu acho que nós fomos confundidos, a gente estava ali, né? Estava ali parado no lugar errado, na hora errada”, disse o sobrinho. 

Fonte: G1