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Operação mira PMs suspeitos de integrar milícia que iria sequestrar MC Poze, no Rio

 Uma operação da Polícia Civil, deflagrada nesta terça-feira, mira cinco policiais militares que foram indiciados e denunciados por fazerem parte de uma milícia. O chefe do bando, segundo as investigações, é o PM Igor Ramalho Martins, que já está preso. Ele teria ligação com Wellington da Silva Braga, o Ecko — miliciano mais procurado do Rio —, e também com Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como um dos chefes da maior facção criminosa do estado. Além dos PMs, os agentes visam a cumprir outros dois mandados de prisão preventiva e 43 de busca e apreensão. A ação foi batizada de Total Flex.

Além de Igor, foi preso também o policial militar Rodrigo Dias Renovato Alonso. Houve apreensão de telefones celulares e armas. São procurados os PMs Maurício da Silva Santos, Leandro Santos Macedo e Bruno Cardoso da Silva Oliveira. A operação é da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), com o apoio da Delegacia de Repressão Às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e outras unidades da Polícia Civil.

— O que nos espanta é que não é comum a maior facção do estado ter ligação com a milícia. E o Igor é miliciano e tem envolvimento com a facção que domina o tráfico na maioria das comunidades do estado — disse o delegado Moyses Sant'Ana, titular da DHBF.

De acordo com as investigações, Ecko teria oferecido R$ 300 mil a Igor para que o PM sequestrasse o funkeiro Marlon Brandon Coelho, o MC Poze - investigado por ligação com o tráfico, ele teve a prisão preventiva decretada, mas ela foi revogada pelo Tribunal de Justiça do Rio. O cantor seria executado. Igor teria esperado o funkeiro próximo à Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, com uma viatura da PM, mas não conseguiu concretizar o crime.

— As investigações mostraram que Ecko encomendou a morte do Poze para Igor. Acreditamos que seja em decorrência de o Poze ter ligação com a maior facção criminosa do estado, que é rival da milícia. O Poze é nascido no Rola, em Antares, e antigamente aquela região era dominada pelo tráfico de drogas. Hoje quem comanda é a milícia. Como ele canta músicas de apologia ao tráfico e contra o Ecko, acreditamos que essa foi a causa da encomenda de sua morte — revelou Moyses.

Uma interceptação telefônica autorizada pels Justiça mostra Igor, segundo a Polícia Civil, falando sobre o sequestro de MC Poze: "Tô de serviço hoje, vou pegar a viatura e vou ficar em volta da Nova Holanda. O que estiver saindo aí de bom, inclusive o Poze, tu me dá e vê por onde ele vai sair, como ele vai sair. Ou então as coisas: o que vai sair e como vai sair. O que pegar tu vai entrar na divisão, pra gente colocar uma prata no bolso. O que tu acha? Só o Poze ele vale 300 mil no Ecko".

Procurada, a defesa de Poze, representada por Sílvia Martins, afirmou que desconhecia o fato e afirmou que só tem a dizer "que a polícia continue fazendo o trabalho dela, no sentido de identificar os personagens e tomar as devidas providências". Por fim, reitrou que "Poze é um artista e cantor".

Total Flex

De acordo com a delegado-titular da DHBF, além dos PMs, um guarda municipal - identificado como Júlio César, que segundo a polícia, é lotado na Prefeitura do Rio - e um outro homem. O bando, apontam as investigações, praticava diversos tipos de crime: homicídios, roubos, extorsões, associação para o tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.

— Identificamos não só os homicídios, por isso o nome da operação “Total Flex” (flexibilidade total, em tradução livre): eles praticavam todo o tipo de modalidade de crime. Roubos, assaltos, extorsões, execuções. Eles passeavam pelo código penal — destacou.

Ao longo das investigações, os agentes identificaram Igor como o chefe da quadrilha e o PM Maurício da Silva como número 2 na hirarquia do bando. E o guarda municipal ocupava o terceiro posto no organograma da organização criminosa.

— O guarda municipal, que já havia sido indiciado, entrou de licença na Prefeitura do Rio, e desde então está foragido — revalou Moyses Sant'Ana.

Roubo de dinheiro de seguro

As investigações mostraram que Igor tinha a ajuda de outros investigados para receber informações sobre pessoas que recebiam altas quantias. A partir daí, ele planejava o roubo das quantias, revelou o inquérito. Um desses roubos seria o de R$ 150 mil de um seguro de vida recebidos por uma mulher.

Uma interceptação telefônica mostra ainda que o bando planejava roubar uma senhora que havia acabado de receber R$ 900 mil de um seguro de vida do marido, de acordo com os investigadores.

— É uma mulher já de idade. A gente não sabe se eles levaram esse dinheiro da vítima. As investigações prosseguem para saber se de fato eles roubaram essa quantia — destacou o delegado.

Polícia começou a investigar bando após vítima ser carbonizada

A apuração da polícia sobre a quadrilha formada pelos PMs começou em novembro de 2019, após um assassinato ocorrido em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A vítima foi carbonizada em meio a pneus. Na época do crime, os policias eram lotados no 3º BPM (Méier) e no 4º BPM (São Cristóvão). No decorrer das investigações, eles foram trocados de batalhão.

— A partir desse homicídio e a partir de outras buscas e apreensões, identificamos os outros chefes da quadrilha. São PMs, um guarda municipal e um miliciano. Hoje apreendemos armas e anotações que nos auxiliaram no desdobramento dessa investigação. É um grupo criminoso violento que aterroriza a Baixada, inclusive com diversos outros assassinatos — destacou Moyses Sant'Ana.

As principais atividades lucrativas da milícia são, segundo a polícia, exploração de sinal clandestino de TV e internet, suposto serviço de segurança — que na realidade não passam de extorsões, apontam os investigadores — e também roubos.

Além da Polícia Civil, participam da operação equipes da Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), da Polícia Militar.

PM diz apoiar ação

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar disse que a Corregedoria da corporação apoia as ações, que são conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

A PM destacou ainda que a corporação, "como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor os desvios de conduta, quando constatados, cometidos por seus membros".

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