Guarda municipal armado surta dentro de UPA após pacientes pedirem pelo uso de máscara

Guarda Civil Municipal estava com a máscara no queixo quando recebeu reclamações de pacientes em pronto-socorro — Foto: Reprodução Um guarda civil municipal agrediu e ameaçou pacientes com uma arma em uma unidade de saúde de Praia Grande, no litoral de São Paulo, após receber pedidos para que colocasse a máscara facial no rosto, neste sábado (13). Fardado, ele aguardava atendimento médico no local. A Prefeitura de Praia Grande disse que um processo administrativo será instaurado para analisar de forma oficial o ocorrido.

Ao G1, uma paciente de 33 anos, que preferiu não se identificar, relatou o que aconteceu na Unidade de Pronto Atendimento Quietude, por volta de 20h deste sábado. Ela, que estava acompanhada do pai, viu o momento em que o guarda civil municipal chegou ao local com outros dois colegas. Os três estavam fardados.

O guarda, que não teve seu nome revelado, estava no local para ser atendido após um pico de pressão alta durante o serviço. Segundo a testemunha, ele já chegou na unidade de saúde aparentando irritação. "Parecia que ele não queria passar no médico. Os colegas diziam a ele que tinha que passar sim", recorda.

Enquanto estava na fila para ser atendido, com a máscara no queixo, o guarda civil municipal foi alvo de reclamações dos pacientes da unidade de saúde. Eles pediam que ele usasse o item de proteção adequadamente. Irritado, ele agrediu uma jovem paciente que estava na fila, atrás dele.

Guarda Civil Municipal estava com a máscara no queixo quando recebeu reclamações de pacientes em pronto-socorro — Foto: Reprodução

Guarda Civil Municipal estava com a máscara no queixo quando recebeu reclamações de pacientes em pronto-socorro — Foto: Reprodução

Neste momento, pacientes e profissionais da unidade de saúde se mobilizaram para atender a jovem, que caiu no chão após ser agredida. O guarda foi, novamente, alvo de reclamações e indignação por parte das pessoas que estavam no local. Ele chegou a sair da unidade de saúde e ficar na calçada.

No entanto, minutos depois, de acordo com o relato da testemunha, ele voltou ao pronto-socorro já com uma arma em punho ameaçando a todos, mas não chegou a atirar em ninguém.

"Ele gritava 'vou acabar com isso tudo'. Os pacientes se desesperaram e todo mundo começou a entrar nas salas e a fechar as portas". Imagens obtidas pelo G1 mostram os pacientes fazendo barricadas após as ameaças (veja vídeo abaixo).

O guarda foi contido pelos companheiros e levado para casa. A Polícia Militar foi acionada e esteve no local, mas a Guarda Civil Municipal assumiu a ocorrência.

Guarda Municipal armado surta dentro de unidade de saúde em Praia Grande

Guarda Municipal armado surta dentro de unidade de saúde em Praia Grande

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Praia Grande, Adriano Roberto Lopes da Silva, o Pixoxó, ficou sabendo do ocorrido e esteve no local. Segundo ele, o guarda é associado ao sindicato. Por telefone, ele classificou a ação do funcionário como um "pequeno surto" e atribuiu o caso a estresse e desvalorização da categoria.

Pixoxó informou, ainda, que acompanhou o guarda até sua casa, onde ele entregou a arma da corporação e uma de uso pessoal ao inspetor chefe de plantão da Guarda Municipal de Praia Grande. O caso não foi registrado pela Polícia Civil até a publicação desta reportagem.

Funcionárias se trancaram dentro de consultório e fizeram barricadas durante surto de GCM — Foto: Reprodução/PG no Grau

Prefeitura de Praia Grande

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Praia Grande informou que a Guarda Civil Municipal está acompanhando o caso e prestando todo acolhimento e atendimento necessário ao guarda. "Válido destacar que um processo administrativo será instaurado para analisar de forma oficial o ocorrido", disse.

Associação dos Guardas Municipais

Por meio de nota, Rodrigo Coutinho, presidente da Associação dos GCM's da Baixada Santista (AGCM), disse que o guarda estava de serviço no momento do ocorrido, que não estava se sentindo bem e acabou tendo um surto emocional, devido ao estresse do trabalho e problemas familiares. Por isso, infelizmente, acabou causando um pequeno tumulto no local.

Não houve nenhum ferido durante a ocorrência e após o Guarda Civil se acalmar, foi transferido por uma viatura da GCM até o Hospital Irmã Dulce, onde passou pelo médico, recebeu as medicações necessárias e foi liberado.

O presidente da associação ainda disse que o guarda tem mais de 50 anos e sempre foi exemplo de disciplina e conduta dentro da corporação. O comando da GCM está acompanhando de perto o caso e desde o início está dando todo o apoio necessário ao guarda.

Coutinho ainda disse que GCM de Praia Grande é referência e que os agentes possuem treinamento constante e passam por psicológicos credenciados pela Polícia Federal para terem direito ao porte de armas.

Fonte: G1.GLOBO.COM