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Policiais rodoviários presos são suspeitos de faturar mais de R$ 10 milhões com propina e venda de mercadorias ilegais, aponta MP

02 30 policiais foram presos em operação realizada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) e pela Corregedoria da Polícia Militar. Áudios revelaram como policiais integrantes do esquema agiam.

Nos últimos dois meses, 30 policiais foram presos no Paraná suspeitos de ajudar contrabandistas de produtos paraguaios. Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), a suspeita é que os integrantes do esquema tenham faturado mais de R$ 10 milhões com propina e venda de mercadorias ilegais.

Áudios obtidos pelo MP-PR e pela Corregedoria da Polícia Militar revelam um esquema de cobrança de propina para liberação de cargas e desvio de mercadorias apreendidas. Integrantes do grupo criaram até uma loja para revender os produtos desviados.

Em julho, a operação denominada Força e Honra prendeu 14 policiais rodoviários estaduais. Todos são suspeitos de corrupção, por facilitação de passagem de veículos com mercadorias paraguaias e drogas que entraram no país de forma ilegal.

O capitão Rodrigo dos Santos Pereira, que era o comandante da 4ª Companhia da Polícia Rodoviária do Paraná, está entre os presos.

Na casa dele foi encontrada certa quantia em dinheiro em um guarda-roupa que, segundo as investigações, pode ser proveniente de propina.

Em 2019, o capitão Rodrigo deu uma entrevista comentando a prisão de policiais também presos por corrupção.

“A Polícia Militar, ela está atenta a toda e qualquer desvio de conduta que ocorram nos postos da polícia rodoviária”, disse à época.

Dois anos depois, o capitão da PRE foi preso preventivamente pelos crimes de peculato, concussão, corrupção passiva e por organização criminosa.

Escutas telefônicas e ambientais feitas com autorização da justiça revelaram a ação dos policiais.

  • Sargento 1: Estão pagando forte o capitão.
  • Sargento 2: Eu chutei 10 conto, por mês, assim.
  • Sargento 1: Tão pagando forte, hein?

As investigações da Corregedoria da Polícia Militar, em conjunto com o Ministério Público, apontam que o capitão Rodrigo recebia pagamentos mensais para encobrir o esquema de corrupção dos seus comandados e ajustar a escala dos patrulheiros no posto policial no noroeste do estado.

“Além desse capitão, outros policiais lotados na 4ª Companhia também recebiam para as mesmas escalas permanecerem em Cruzeiro do Oeste", explicou a promotora do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Juliana Stofella Costa.

Entre os crimes cometidos estava o desvio de parte das mercadorias apreendidas.

  • Cabo: Esse perfume é o melhor que existe no mundo, eu adoro.
  • Sargento: Mas pra quem que vai vender essa porra? (…) Vamos pegar só uma caixa, cara

Para não levantar suspeitas, os policiais preenchiam os boletins de ocorrência com informações imprecisas sobre as apreensões.

  • Cabo: Não pode por o lugar onde foi apreendido, nome, placa, nada, valor, nada. (...) O negócio que o capitão mandou no grupo, vê no grupo de Cruzeiro. Só o tipo de mercadoria.

Sem a quantidade, apenas uma pequena parte das mercadorias apreendidas era apresentada à Receita Federal.

  • Cabo Você viu o tanto de celular? Ali tem milhão de coisa, hein?
  • Sargento: Pagava o capitão uns 3 mês adiantado, hã?
“Geralmente eles se apropriavam em tese dos objetos mais valiosos e entregavam, digamos assim, o resto para a Receita Federal”, explicou o promotor do Gepatria, Diogo de Araújo Lima.

A maioria dos envolvidos no esquema trabalhava no posto da Polícia Rodoviária Estadual de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná.

As investigações do Ministério Público apontam que, muitas vezes, os policiais suspeitos de corrupção escondiam as mercadorias desviadas nos próprios carros que ficavam estacionados nos fundos do posto policial.

  • Sargento: HD externo?
  • Soldado: HD externo não, nós já roubou tudo!

Segundo os investigadores, dois policiais chegaram a abrir uma loja para vender os produtos eletrônicos desviados. Mas, a maioria era repassada a comerciantes da região a preços abaixo do mercado.

O principal receptador, segundo a investigação, era Sidney Ronaldo Ribeiro, conhecido como Tucano, que é vereador na cidade de Campo Mourão.

  • Sargento: Cara é vereador rapaz. Vereador de campo mourão.
  • Cabo: Ele compra até droga?
  • Sargento: O que você tiver. O que tiver. Na hora. Ele vem buscar aqui. Ele é o cara.

O vereador também foi preso na operação, mas conseguiu um habeas corpus e está em liberdade. A loja dele está fechada.

"Ao final da instrução processual será comprovado que, realmente, não havia nenhuma justificativa para o envolvimento do nome nesta investigação. O mesmo é absolutamente inocente", afirmou o advogado do vereador de Campo Mourão, Elso de Souza Morais.

A investigação mostrou que o grupo mantinha um esquema muito bem organizado de cobrança de propina, que variava de acordo com o tamanho do veículo e do que era transportado. Quem pagava era liberado.

  • Sargento: Qual caminhão que é?
  • Contrabandista: Três quarto. Pequenininho
  • Sargento: Essa carga está vindo maconha isso aí?
  • Contrabandista: É
  • Sargento: É dois mil e quinhentos.

Em uma das negociações com um contrabandista para a liberação de uma carga de cigarros, os policiais pediram R$ 200 mil de propina.

  • Sargento: É, véi, é 200 mil pra tirar
  • Contrabandista: Rapaz, pra falar a verdade com você, estou com 20 conto, ali
  • Sargento: Cento e cinquenta conto. Você pode trazer aqui e já leva o caminhão. Se não eu vou encaminhar e não quero nem conversa com ninguém. E já vai me deixar 75 agora e os outros 75 você traz segunda-feira para não ficar ruim pra você. Se não trazer meu irmão, você pode comprar um aviãozinho pra passar.

Segundo o Ministério Público, quando havia apreensão de drogas, parte da carga também era desviada.

  • Sargento 1: Tem uma apreensão de maconha. A do caminhão ele falou pra mim que o sub quer que leva na chácara dele.
  • Soldado: Rapaz, cê é loco?! O Comandante do posto falou isso? Na casa dele?

O comandante do posto era o Subtenente Elizeu Correia de Melo, que também foi preso na operação.

“São pessoas que estão atentando tanto contra a população, contra a corporação da PM e, portanto, merecem ser responsabilizadas”, disse a promotora Juliana Stofela.

O advogado do Capitão Rodrigo e do Subtenente Elizeu Correia de Melo nega as acusações que recaem sobre os clientes.

"O capitão Rodrigo não pegava mensalinho ou mensalão, ou mesadas de eventual ato de corrupção. O subtenente Elizeu não é traficante. Os trechos captados e interpretados não correspondem a realidade em relação aos soldados. No momento que esses policiais puderem responder a todas essas fantasias trazidas pelos acusadores, só vai restar a absolvição para todos eles", disse Cláudio Dalledone Júnior.

A suspeita é que os policiais corruptos tenham faturado mais de R$ 10 milhões com propinas e venda das mercadorias.

Os policiais continuam presos, se condenados podem pegar até 30 anos de cadeia.

O Comandante da Polícia Militar no Paraná Coronel Hudson Leôncio Teixeira, afirma que a corporação está atuando no combate aos policiais que não cumprem com o dever de cidadão.

“Existe falha sim, senão existe falha nós não teríamos esses policiais envolvidos em corrupção. O importante é salientar que nós não compactuamos com esse tipo de atitude. Graças a esse empenho da Corregedoria em conjunto com o MP nós estamos tirando os policiais de circulação. Nós temos excelentes policiais, a maioria trabalha corretamente”, enfatizou o Comandante.

Fonte: https://g1.globo.com

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