Quase 100 detentos fogem de presídio de segurança máxima em João Pessoa | Paraíba

Um total de 92 presos fugiu do PB1 e 43 foram recapturados, diz secretaria. Criminosos derrubaram portão principal do presídio e trocaram tiros com policiais militares e agentes penitenciários. Um PM foi morto.

pc1109 Fuga de detentos aconteceu no Presídio de Segurança Máxima PB1 na madrugada desta segunda-feira (10), em João Pessoa — Foto: Walter Paparazzo/G1

Pelo menos 92 presos fugiram da Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes, o PB1, na madrugada desta segunda-feira (10) em João Pessoa, segundo nota divulgada pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Até esta terça-feira (11), foram recapturados 43 detentos, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Segundo a Polícia Militar, as principais divisas com Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará foram fechadas.

Inicialmente a Seds trabalhava com a possibilidade de fuga de pelo menos 105 detentos, mas após uma recontagem, o órgão informou, às 15h40, que foram 92 fugitivos.

Um tenente da Polícia Militar foi baleado na rodovia estadual PB-008 e teve morte cerebral confirmada, segundo a Seds. Erivaldo Moneta, de 36 anos, estava em um posto policial que teria sido alvo de vários tiros após a fuga de detentos no presídio de segurança máxima em João Pessoa.

O presídio tem capacidade para 660 presos e atualmente tinha cerca de 680 detentos, conforme o secretário Sérgio Fonseca. De acordo com o sistema Geopresídios, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a unidade prisional tinha 681 presos em 644 vagas. Segundo a Seap, "a quantidade de agentes no local era suficiente para fornecer a guarda do PB1, foi uma ação pontual".

O comandante-geral da Polícia Militar da Paraíba, Euller Chaves, afirmou que "todas as forças de segurança estão buscando caçar esses elementos. A PM está de prontidão nas ruas, vamos dar proteção adequada à população. Vamos buscar efetivamente resgatar naturalmente a sensação de insegurança (após a fuga em massa)".

O secretário de segurança Cláudio Lima disse que "as escolas estaduais estão funcionando. Mas nós não temos poder de mando sobre as municipais. Podemos dizer que a polícia vai estar nas ruas. Não teve nenhum grande problema".

Como foi o ataque e resgate de presos no PB1

A ação começou com pessoas atirando de dentro da mata próximo ao presídio de segurança máxima. Os criminosos atiraram nas guaritas que estavam ocupadas pelos policiais militares para confundir os policiais e se inicia uma troca de tiros. Pessoas que moram perto da cadeia começaram a ouvir disparos e uma explosão pouco depois da meia-noite.

De acordo com informações da PM, cerca de 20 homens chegaram em quatro carros e dispararam várias vezes contra as guaritas, o alojamento e o portão principal. Havia grande quantidade de armamento, inclusive fuzis ponto 50, que perfura a parede. Por causa da munição utilizada pelos criminosos, os agentes penitenciários tiveram que se abrigar. 

  Nesse momento os criminosos conseguem se aproximar e usar os explosivos no portão da frente e da lateral do PB1. Eles tiveram acesso à unidade prisional e com um alicate conseguiram arrombar os cadeados para libertar Romário Gomes Silveira, alvo do resgate e acusado de explosões a bancos e carros-forte. Após ele ser resgatado, os demais presos também pegam os alicates para abrir as celas.

O secretário de administração penitenciária disse que foi observado o circuito de câmeras do presídio e, quando os criminosos entram no PB1, invadem o pavilhão e vão diretamente na cela de Romário. Quando ele sai, recebe um fuzil e comanda a ação de fuga.

Durante a fuga dos detentos, um policial militar foi baleado na cabeça, próximo a Academia de Polícia Civil (Acadebol), na PB-008. Um grupo fechou a rodovia e houve troca de tiros. Ele foi levado para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, onde permaneceu até o fim da manhã desta segunda-feira em grave estado de saúde. No entanto, o hospital confirmou que o policial teve morte cerebral e, em seguida, o coração também parou de bater.

Fuga de presos em penitenciária de segurança máxima, PB1, em João Pessoa aconteceu na madrugada desta segunda-feira (10) — Foto: Juliane Monteiro/G1

Quem são os alvos do resgate

A Polícia Civil investiga o caso e as primeiras informações apontam que o objetivo do ataque ao presídio PB1 era resgatar quatro homens que foram presos no mês de agosto em Lucena, na região metropolitana de João Pessoa, após um ataque a um carro-forte.

Romário Gomes Silveira era o alvo principal do resgate no PB1. Ele, Antônio Arsênio e Ivanilson Pereira de Macedo também fugiram. Livaci Muniz da Silvaficou na penitenciária e não foi resgatado. "Ele [Romário] participou de uma ação recente, a explosão do carro-forte, e já utilizava esse tipo de armamento", disse o secretário Sérgio Fonseca.

Nenhum deles foi recapturado. Eles são acusados de integrar uma quadrilha que atua em todo o país na explosão de caixas eletrônicos e carros-fortes.

Quatro homens foram presos em agosto suspeito de ataque a carro-forte, em Lucena — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

De acordo com o prefeito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), foram canceladas as aulas do Centro de Informática (CI) e do Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR), localizados no campus do bairro de Mangabeira, em João Pessoa. As atividades do Núcleo de Processamento de Alimentos (NUPPA) e do Laboratório Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão (LIEPE), na mesma unidade, também foram suspensas.

O prefeito explicou que a decisão da suspensão aconteceu para reforçar a segurança na universidade, já que o campus fica localizado em uma área de mata. 

Serviços públicos suspensos

Algumas escolas municipais e Unidades de Saúde da Família (USF) estarão fechadas nesta segunda-feira, por precaução e, segundo a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), “para garantir a segurança de usuários e dos profissionais de saúde”. As atividades devem ser retomadas a partir desta terça-feira (11).

Os locais públicos que estão abertos, como USFs, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centro Administrativo Municipal estão com a segurança reforçada pela Guarda Municipal.

Serviços interrompidos nesta segunda-feira:

  • Escola Municipal Afonso Pereira – Rua da Sucupira – Cidade Verde II
  • Creche Maestro Pedro Santo – Rua da Sucupira – Cidade Verde II
  • Creche Márcia Suênia – Rua Martinho Faustino da Costa – Cidade Verde II
  • USF Cidade Verde Integrada – Rua Leopoldo Pereira de Lima, – Mangabeira VII
  • USF Nova Aliança Integrada – Rua Neli Pessoa de Melo, – Mangabeira
  • USF Quatro Estações Integrada – Rua Jurema Teotonio da Silva – Mangabeira
  • USF Rosa de Fátima Integrada – Rua Oscar Lopes Machado, – Paratibe
  • USF Verdes Mares Integrada – Rua Eustaquio da Fonseca, – Mngabeira VIII
  • USF Paratibe II – Rua Maria Doraci Moreira, – Paratibe

Detentos estão sendo recapturadas desde a madrugada desta segunda-feira (10) — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Tentativa de fuga e rebeliões no PB1

A Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves de Abrantes, o PB1, foi inaugurada em julho de 2008. Em maio de 2012, pelo menos 150 detentos do PB1 foram transferidos para presídios de João Pessoa após uma rebelião que durou 18 horas.

Os detentos atearam fogo em objetos e um dos presos morreu com um tiro na cabeça. A suspeita é que a rebelião tenha se iniciado por uma briga entre duas facções criminosas.

Já no dia 1º de janeiro de 2014, três presidiários do PB1 foram detidos quando tentavam fugir da unidade com auxílio de escadas. Após a captura, um tumulto foi iniciado dentro do presídio, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba (Seap).

Na confusão, duas salas do presídio foram queimadas pelos apenados. O fogo só foi controlado depois que os presos foram levados pela Polícia Militar para outras partes do presídio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as duas salas queimadas eram usadas para realização de trabalhos manuais dos apenados como parte do processo de ressocialização. 

Fonte: G1