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Mortos em presídios de Manaus participaram de massacre de rivais em 2017, diz MP

Policiais deixam Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, depois de confronto entre facções rivais que terminou com 56 mortos Foto: Sandro Pereira/Código 19 / Agência O Globo (06/01/2017) SÃO PAULO - Entre os 55 mortos nos últimos dois dias em penitenciárias de Manaus , no Amazonas, ao menos três participaram de um massacre que ocorreu no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em janeiro de 2017. Eles foram acusados pelo Ministério Público de assassinar e esquartejar detentos rivais, ligados a uma facção criminosa de São Paulo, numa disputa pelo controle da unidade prisional.

Naquela ocasião, os presos da principal facção criminosa do Norte do país chegaram a fotografar e filmar as mortes dos rivais paulistas com o objetivo de, segundo investigadores, causar pânico nos inimigos e nas forças de segurança. Integrantes do grupo nortista, Naelson Picanço de Oliveira, Rodrigo Oliveira Pimentel e Ivanilson Calheiros Amorim foram denunciados pelo Ministério Público (MP) em novembro de 2017.

De acordo com o MP, Naelson, conhecido como "Pulguinha", teria participado do esquartejamento de vítimas na área do presídio reservada para os presos da facção paulista. Em um dos vídeos obtidos pela investigação, Pulguinha foi flagrado arrancando um dos olhos de uma das vítimas já decapitadas. Logo depois, ele é visto "brincando" com os globos oculares.

Em outro momento, Pulguinha aparece na quadra de esportes do complexo, onde foram mortos e decapitados outros cinco presos ligados à facção paulista. Segundo o documento apresentado pelo Ministério Público, testemunhas apontaram-no como responsável pelo esquartejamento de vários corpos.

Outro envolvido no massacre de 2017, Rodrigo, o "Pipoca", carregou uma arma na rebelião que ocorreu há dois anos. Segundo testemunho, ele teria atirado em outros internos e matado alguns deles. Além disso, de acordo com a acusação do Ministério Público, teria participado da morte de outro criminoso conhecido como "Velho Sabá".  

Mesmo supostamente vinculado à facção paulista, Velho Sabá vivia entre os detentos da facção local e gozava de prestígio entre eles. Contudo, com a deflagração da ação pelas lideranças do grupo criminoso, teria sido a primeira vítima dos detentos.

Além de sua participação no massacre de 2017, no histórico de Pipoca constam duas tentativas de fuga: uma há sete anos, quando estava preso no Compaj, e outra em 2015, quando tentou fugir da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa. As duas tentativas foram frustradas.

Tanto Naelson como Rodrigo foram mortos no domingo durante o confronto entre os detentos no Compaj.

Rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru, em outubro de 1992 Foto: Nellie Solitrenick/Agência O GloboFoto: Nellie Solitrenick/Agência O Globo

Em outubro de 1992, 111 presos foram mortos após a Polícia Militar entrar na Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru, para conter uma rebelião. Setenta e quatro policiais chegaram a ser considerados culpados pela morte de 77 das vítimas (os outros 34 teriam sido mortos por outro detentos), mas o julgamento foi anulado em 2016.


Policiais militares patrulham os arredores do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, onde 60 presos foram mortos
Foto: Marcio silva / AFPFoto: Marcio silva / AFP

Uma guerra entre facções deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), em Manaus, em janeiro de 2017. A rebelião durou cerca de 12 horas, e foi iniciada após uma fuga de detentos no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), unidade que fica ao lado do Compaj.

Policiais em frente à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima Foto: Rodrigo Sales/Agência O GloboFoto: Rodrigo Sales/Agência O Globo

A guerra entre facções criminosas nos presídio matou 33 detentos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, em Roraima. O massacre foi um dos mais violentos da onda de mortes nos presídios em janeiro de 2017. Além de serem decapitados, alguns corpos tiveram os olhos e o coração arrancados.

Rebelião na Casa de Custódia em Benfica, em maio de 2004 Foto: Marcelo Carnaval/Agência O GloboFoto: Marcelo Carnaval/Agência O Globo

Em maio de 2004, criminosos atacaram a Casa de Custódia de Benfica, no Rio de Janeiro, possibilitando a fuga de 14 detentos. Os presos que não conseguiram escapar iniciaram uma rebelião, que durou 62 horas e terminou com a morte de 30 presidiários e de um agente penitenciário. Um pastor evangélico conduziu a negociação que encerrou o conflito.

Corpos de presos mortos em rebelião no Rio Grande do Norte são carregados por peritos Foto: Josema Goncalves / Reuters / 15-1-2017Foto: Josema Goncalves / Reuters / 15-1-2017

Rebelião causada pela guerra de facções deixou 26 detentos mortos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal. Foi o terceiro massacre em prisão no Brasil nos primeiros 15 dias de janeiro de 2016.

Policiais revistam presos no Presídio Urso Branco, em Porto Velho Foto: Ailton de Freitas/Agência O GloboFoto: Ailton de Freitas/Agência O Globo

Em janeiro de 2002, 27 detentos foram mortos no presídio Doutor José Mário Alves da Silva, conhecido como Urso Branco, em Porto Velho (RO). O conflito começou após uma mudança nas regras de circulação, que colocou presos ameaçados de morte em celas convencionais.

Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luis Foto: Hans Von ManteuffelFoto: Hans Von Manteuffel

Em novembro de 2010, uma rebelião no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), durou cerca de 27 horas e acabou com 18 presos mortos. Os detentos reclamavam das condições do presídio e pediam revisão de seus processos e transferências de presídios. Cinco agentes penitenciários chegaram a ser feitos reféns, mas foram libertados.

Já Ivanilson foi encontrado morto nesta segunda-feira no Instituto Prisional Puraquequara. Na investigação de 2017, ele foi identificado em um dos vídeos obtidos pelos investigadores nas celas do Seguro, local reservado para os presos vinculados à facção paulista. Na ocasião, o local já estava completamente incendiado e muitos internos tiveram seus corpos carbonizados. Aqueles que não morreram em um primeiro momento, posteriormente foram mortos a pauladas e golpes de facas. Segundo o Ministério Público, a presença dele no local era um indício de sua participação nas mortes ocorridas naquela área.

Mais de 200 réus

A denúncia em relação ao massacre de janeiro 2017 foi apresentada em novembro daquele mesmo ano contra 216 detentos que teriam participado da rebelião e das mortes e 56 presos da facção rival. A partir de julho do ano passado, as testemunhas do processo começaram a ser ouvidas. Neste ano, os mais de 200 réus também participarão de interrogatórios antes da sentença do Tribunal de Justiça do Amazonas. O caso é julgado por um colegiado de três juízes, os chamados "juízes sem rosto", possibilidade criada em 2012 para aumentar a segurança de magistrados que julgam casos de organizações criminosas. Com isso, não será revelado de qual dos três juízes veio a decisão.

O massacre ocorrido nos últimos dias revela uma divisão interna da facção nortista, segundo apurações iniciais do setor de inteligência do Ministério Público.

A ordem teria partido de José Roberto Fernandes Barbosa, conhecido como "José Compensa", também responsável por dar início aos crimes em 2017. O alvo no massacre dos últimos dois dias seria o grupo liderado por João Pinto Carioca, o "João Branco", também líder da facção local.

O controle sobre o presídio é visto como essencial para os líderes da criminalidade no estado do Amazonas. Segundo detentos ouvidos por policiais na investigação sobre o massacre de 2017, "quem está a frente do Compaj, está a frente da cidade", referência à correlação entre o comando da penitenciária e o comando do tráfico de drogas em Manaus.

Nesta segunda-feira, o Ministério da Justiça autorizou uma intervenção na penitenciária para retomar o controle da unidade . O ministro Sergio Moro também determinou a transferência de alguns detentos .

Fonte: G1

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