Ação sigilosa
A varredura eletrônica foi mantida em sigilo durante anos. O UOL teve acesso ao relatório. São 16 páginas contendo o IMSI (código usado para identificar o assinante da linha), IMEI (número de identificação do aparelho), nomes das operadoras e o local onde os aparelhos foram detectados.
A P2 de Venceslau é considerada “a sede, a matriz, o escritório central” do PCC desde 2006, quando o governo paulista isolou 765 faccionados na unidade e a organização protagonizou os ataques de maio, paralisando São Paulo, atacando prédios públicos e matando policiais.
Também foi de lá, por exemplo, que o PCC, graças ao uso do celular, expandiu os rentáveis e milionários negócios com o tráfico internacional de drogas e hoje atingiu o patamar de máfia, segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).
O relatório do Depen foi enviado à Secretaria Estadual da Administração Penitenciária, à Diretoria do Sistema Penitenciária Federal e ao Ministério Público do Estado de São Paulo.
Três anos com os aparelhos
Logo após a varredura, um inquérito foi instaurado e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente teve acesso aos números dos celulares dos presos da P2 de Venceslau e ouviu a conversa deles entre os anos de 2010 e 2013, mediante autorizações judiciais.Continua após a publicidade
O presídio abrigava naquele período os principais líderes do PCC, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, 57, o Marcola. Em janeiro de 2014 foram instalados bloqueadores na unidade.
As interceptações telefônicas levaram o Gaeco de Presidente Prudente a realizar a maior investigação da história contra o PCC. Promotores de Justiça denunciaram 175 integrantes da organização por formação de quadrilha e associação ao tráfico de drogas.
A partir desses grampos – diz o Gaeco -, foram feitos 53 flagrantes que resultaram na prisão de 144 pessoas e na apreensão de 64 veículos, 4,8 toneladas de drogas, R$ 1 milhão em dinheiro e 82 armas (sendo 47 fuzis). Segundo a denúncia, 117 dos 175 denunciados à época estavam presos.
A decisão do juiz Gabriel Medeiros, da 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, em reconhecer, no último dia 2, a prescrição da pretensão punitiva contra os denunciados, encerra um processo que foi considerado pelo MP-SP como “o maior mapeamento da história do PCC”.
Reportagem
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