Seis pessoas foram presas, na manhã desta quinta-feira (23), durante uma operação da Polícia Civil do Paraná (PCPR) contra uma organização criminosa especializada no desvio e na adulteração de fertilizantes. O grupo é apontado como responsável por causar prejuízos milionários a produtores rurais e afetar diretamente a produtividade agrícola no Paraná e outros estados.
A ação foi deflagrada simultaneamente em Curitiba, Wenceslau Braz e Cascavel, no Paraná, e em Miracatu, em São Paulo. Também foram cumpridas nove ordens de busca e apreensão e outras oito de bloqueio de contas bancárias.

De acordo com o delegado André Feltes, responsável pela investigação, as apurações começaram em novembro de 2024, quando cinco pessoas foram presas em flagrante em um barracão clandestino em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Na ocasião, os policiais flagraram a adulteração de uma carga de fertilizantes e o proprietário do local chegou a oferecer R$ 150 mil em propina para não ser preso, o que resultou em mais uma autuação por corrupção ativa.
Segundo o delegado, as investigações mostraram que o grupo atuava de forma organizada e recorrente. Foi identificado que, além do proprietário pelo barracão e o responsável pelas notas frias, a quadrilha era composta por três motoristas e outros dois indivíduos.
“Naquela ocasião, identificamos uma carga desviada e adulterada. Com o andamento das investigações, descobrimos que mais de 20 adulterações já haviam sido feitas no mesmo barracão em Araucária”relatou o delegado.
O esquema envolvia motoristas que eram aliciados com pagamentos entre R$ 10 mil e R$ 20 mil para desviar rotas e levar os caminhões até o galpão clandestino. No local, parte do fertilizante original era retirada e substituída por um produto de baixa qualidade, composto por misturas de calcário, cálcio e corantes, para que a cor se assemelhasse à original.
“O produto fica com uma propriedade efetiva de cerca de 5% do fertilizante original. Em muitas fazendas, o material é entregue e usado sem teste químico, e o prejuízo só aparece depois, na queda da produtividade das lavouras. Porém, em outras ocasiões, o próprio comprador desse produto acaba fazendo o teste e constata a adulteração”explicou Feltes.

Ainda conforme a Polícia Civil, o grupo possuía uma estrutura complexa e empresas de fachada criadas para emitir notas fiscais frias, para que os fertilizantes fraudados pudessem ser transportados com aparência de legalidade. O homem responsável por essas empresas recebia cerca de R$ 500 por nota emitida.
“Apuramos que o grupo chegou a fazer alterações de duas a três cargas em um único dia. Cada uma delas custa em torno de R$ 200 mil, fazendo com que, em um período de um a dois meses, a movimentação financeira estimada seja de R$ 4 milhões”afirmou o delegado André Feltes.
As investigações continuam para identificar demais envolvidos e possíveis compradores das cargas fraudadas.
