Tremembé: fogos e ameaça de execução do diretor-geral levaram à transferência de 61 presos

Denúncia

A Polícia Penal do Estado de São Paulo abriu uma investigação para apurar a origem dos fogos de artifício que provocaram um alerta de segurança no Centro de Progressão Penitenciária Dr. Edgard Magalhães Noronha, conhecido como Pemano, em Tremembé, no Vale do Paraíba. O episódio ocorreu na noite de sábado (8/11), quando agentes ouviram barulhos de disparos do lado de fora do presídio e acionaram o Grupo de Intervenção Rápida, o GIR, diante da suspeita de que tiros estivessem sendo disparados em direção à unidade.

Segundo relatos de policiais penais, os artefatos foram confundidos com rajadas de fuzil e geraram pânico entre detentos e funcionários. A partir de uma interceptação telefônica, os agentes identificaram uma suposta ameaça de execução contra o diretor-geral do presídio e contra o chamado “disciplina”, funcionário responsável por manter a ordem entre os internos. Diante do risco de retaliação ou de um motim articulado, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) determinou a transferência imediata de 61 detentos.

A operação, deflagrada na madrugada de domingo, foi conduzida pelo GIR e terminou sem tumulto. Cinquenta e cinco presos foram realocados por mau comportamento e seis já tinham transferência prevista. Do total, 38 seguiram para a Penitenciária I de Franco da Rocha, 17 para a Penitenciária I de Tremembé e o restante para outras unidades do estado. Segundo agentes, parte dos removidos ocupava posições de liderança dentro do Pemano.

O presídio onde ocorreu o episódio não é a chamada “cadeia dos famosos”, a Penitenciária II de Tremembé, conhecida como P2, onde atualmente cumprem pena, em regime fechado, Robinho, Thiago Brennand e Roger Abdelmassih, todos condenados por estupro. Também já passaram pela unidade dos famosos nomes como Alexandre Nardoni e os irmãos Cravinhos.

O Pemano, por sua vez, abriga presos do regime semiaberto que trabalham dentro da própria unidade em atividades mantidas por convênios com a Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), como marcenaria, fábrica de tomadas e produção de material de limpeza.

Com capacidade para 2.672 internos e uma população atual de 3.052, o Pemano opera cerca de 14% acima da capacidade. Superlotado e com número crescente de internos em progressão de pena, o presídio é considerado por agentes uma bomba-relógio, onde pequenos incidentes podem se transformar em crises de grandes proporções. A investigação instaurada pela Polícia Penal busca esclarecer se o episódio dos fogos foi apenas uma coincidência ou se fazia parte de um plano de retaliação interna.

A Secretaria da Administração Penitenciária informou, em nota, que a operação foi de rotina e que não houve registro de tumulto ou resistência. Agentes, no entanto, relatam um clima de tensão dentro do presídio desde o fim de semana, com reforço na segurança e monitoramento ampliado sobre os presos remanescentes, enquanto a Polícia Penal tenta identificar os autores da ameaça e a motivação por trás do suposto plano de ataque.

Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/true-crime/post/2025/11/tremembe-fogos-e-ameaca-de-execucao-do-diretor-geral-levaram-a-transferencia-de-61-presos.ghtml

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *