Um recente levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas para um portal de notícias aponta que 74,5% dos entrevistados são contra presos receberem visitas íntimas nas unidades prisionais. Para a maioria das 2.184 pessoas ouvidas , essa “regalia” deveria ser cortada.
“O que boa parte desses entrevistados não sabe é que o benefício ajuda a distensionar o superlotado sistema penitenciário brasileiro, que mantém atrás das grades cerca de 812 mil homens e mulheres. Acabando com as visitas íntimas, o Estado autoriza, mesmo que não oficialmente, a volta da barbárie. Só falta colocar na lei a autorização de estupros, individuais ou coletivos, nas unidades, pois é isso que vai voltar a ocorrer”, afirma Isabel Kugler Mendes, presidente do Conselho da Comunidade da Comarca da Região metropolitana de Curitiba – Órgão da Execução Penal.
Em um artigo recentemente publicado no jornal Plural, a presidente do Conselho da Comunidade da RMC já alertava para o surgimento de medidas restritivas, como o fim das visitas íntimas, e que tornam o ambiente prisional ainda mais violento para dar uma “resposta” a uma sociedade amedrontada pelo aumento da insegurança no país. “Um sistema penitenciário hostil apenas favorece as práticas criminosas e violentas no lado de fora, onde brasileiros se mantêm aprisionados nas próprias casas, cercados de grades e sistemas de segurança”, observa Isabel Kugler Mendes em seu artigo no Plural.
Projetos de lei tramitam no Congresso e na Assembleia Legislativa do Paraná para proibir as visitas íntimas nas penitenciárias. O presidente Jair Bolsonaro também já se posicionou a favor da restrição. Em tempos de conservadorismo extremo, os legisladores parecem não ter tido a preocupação de ouvir quem lida diariamente com a massa carcerária. Diretores e agentes sabem a diferença que as visitas íntimas proporciona para o convívio de um lugar no qual a violência está sempre presente. “As penitenciárias já são verdadeiros barris de pólvora e o fim das visitas íntimas pode ser o estopim para explodir”, diz Isabel Mendes.
Fonte: conselhodacomunidadecwb