O abolicionismo era um movimento internacional. Estratégias como a liberação de territórios, como a que aconteceu no Ceará, eram inspiradas nos abolicionistas americanos. Mas havia diferenças.
Sem apoio da igreja, do governo ou dos poderosos, os abolicionistas tinham que disputar o espaço público para conquistar o apoio da maioria da população.
Depois de três séculos de existência, a escravidão era vista na sociedade como um processo natural. E mudar esta visão era uma das principais estratégias do movimento que lutava pela abolição.
Isso acontecia nos comícios nas ruas... e nos jornais da imprensa abolicionista.
A primeira passeata contra escravidão aconteceu na Bahia. Até o final da campanha foram mais de dois mil eventos de protesto e uma das estratégias mais eficientes nasceu num colégio de salvador comandado pelo professor Abílio Borges.
As conferencias concerto inspiradas em Abílio Borges se espalharam pelo brasil sob o comando de José do Patrocínio. Eram eventos que aconteciam em teatros e seguiam um mesmo roteiro.
Primero os artistas declamavam poemas, encenavam trechos de peças, depois vinham os discursos políticos e, no final, o dinheiro arrecadado com o concerto servia para comprar cartas de alforria. Era o momento mais emocionante da noite.
Filho de um padre branco com uma negra de 13 anos, Patrocínio nunca foi reconhecido pelo pai. Orador brilhante, jornalista combativo, líder da luta pelo fim da escravidão. Características que deram a ele o título de tigre do abolicionismo.
A causa estava acima de tudo. Republicano, se aproximou da princesa Isabel quando viu a possibilidade de aprovar a lei Áurea na monarquia. Mas nem todos os sonhos dele se realizaram.
O Brasil foi o último país das américas a abolir a escravidão. E a lei Áurea não representou o fim da desigualdade entre brancos e negros.
Se nos Estados Unidos os abolicionistas contavam com apoio de boa parte das igrejas protestantes, aqui no Brasil a igreja católica não era uma aliada.
