A transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o presídio federal de Brasília, não foi bem aceita por ele, que é apontado como o líder da maior facção criminosa do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ao contrário da reação que teve em março do ano passado, quando, segundo fontes ouvidas pela reportagem, teria comemorado a transferência para o presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, desta vez, Marcola teria demonstrado insatisfação com a mudança.
O promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo, que pediu a transferência de Marcola do sistema penitenciário estadual para o federal em 2019, afirma que, em Brasília, Marcola tem menos chances de viabilizar um plano de fuga.
Estar preso na capital federal também muda a rotina de visitas de familiares para Marcola, uma vez que teriam mais facilidade e menos custos de deslocamento. Além disso, a transferência o colocou próximo ao parceiro de crime Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho.
Plano de fuga, muro e segurança
A unidade federal de Brasília está cercada por uma muralha criada com a reforma da unidade em novembro do ano passado. Além disso, a penitenciária está localizada a cerca de 25 quilômetros da cidade. Já o presídio de Rondônia fica a aproximadamente 60 quilômetros do centro de Porto Velho.
Na capital federal, um plano de fuga seria mais facilmente interceptado. É melhor para o Estado mantê-lo em Brasília.
Lincoln Gakiya
Para Mayara Gomes, advogada e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Segurança, Violência e Justiça da UFABC (Universidade Federal do ABC), apesar de usuais, as transferências são altamente custosas e com aspectos pouco transparentes. "Nada impede que daqui um tempo Marcola seja transferido para outras unidades federais."
Apesar de algumas especificidades, os modelos de presídios federais seguem o mesmo padrão arquitetônico e de rotina.
"São adotados os mesmos protocolos de segurança. Monitoramentos mais efetivos são possíveis uma vez que são replicados para uma central do órgão em Brasília", diz Gomes.
Segundo ela, o setor de inteligência da Secretaria de Políticas Penais, tem acumulado experiências para justificar essas transferências, e uma delas diz respeito aos planos de fuga.
Um dos argumentos para as mudanças de unidade é que as pessoas apontadas lideranças não devem permanecer muito tempo em uma unidade para não aliciarem presos da mesma unidade.
Mayara Gomes