A delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tornada pública pelo ministro Alexandre Moraes nesta quarta-feira (19), traz detalhes sobre um plano elaborado por aliados do ex-presidente para prender e até executar autoridades durante a execução do golpe. Na terça (18), a Procuradoria Geral da República denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Seriam executados o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice, Geraldo Alckmin. Cid afirma não saber se Jair Bolsonaro tinha conhecimento ou não deste plano para matar autoridades: “ninguém chegou com um plano e botou um plano na mesa e falou assim, nós vamos prender o Lula, nós vamos matar”, aponta.
O plano, conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, foi revelado pela Polícia Federal em novembro de 2024, quando foram presos quatro militares da tropa de elite do Exército (conhecido como ‘kids pretos’) e um policial federal. Agora, no entanto, é o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmando em delação a existência do plano.
Prisão de Moraes e golpe
Em outro trecho, Cid aponta que seriam monitorados e presos os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF, e o então presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco.
Uma reunião em 28 de novembro de 2022 teve o objetivo de pressionar os comandantes das Forças a aderirem ao golpe de Estado, para manter Bolsonaro no poder e atingir Alexandre de Moraes, chamado pelo grupo de “centro de gravidade”.
“A investigação identificou que a reunião realizada no dia 28de novembro de 2022, na SQN 305 BL I, Asa Norte, Brasília/DF teve oobjetivo de planejar e executar ações voltadas a pressionar osComandantes do Exército a aderirem ao Golpe de Estado, para mantero então presidente da República JAIR BOLSONARO no poder, além deações para atingir o Ministro ALEXANDRE DE MORAES, denominado de“centro de gravidade”
Conforme a delação de Cid, o advogado Filipe Martins apresentou a Jair Bolsonaro um documento com “considerandos” sobre supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo. O documento continha um decreto que, caso assinado por Bolsonaro, determinava a prisão de várias autoridades, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF, e o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O decreto também determinaria a realização de novas eleições alegando fraude no último pleito.
Bolsonaro recebeu o documento, leu e alterou as ordens, mantendo a prisão de Moraes (e retirando as de Pacheco e Mendes) e determinando a realização de novas eleições. Segundo Cid, depois de ler o documento, Bolsonaro chamou os comandantes das Forças Armadas para entender a reação deles ao conteúdo do decreto.
Fonte: https://www.itatiaia.com.br/politica/2025/02/19/em-delacao-mauro-cid-expoe-plano-para-matar-lula-e-prender-moraes-e-pacheco