Em 4 de fevereiro, uma operação sem precedentes aconteceu nas dependências do Presídio Especial da Polícia Civil, na zona norte da capital paulista.
Membros da Corregedoria da instituição, apoiados pelo Canil da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) realizaram uma varredura no local e se surpreenderam com o que encontraram.
Nas celas e, até enterrados no pátio do presídio, foram localizados 20 celulares, usados pelos delegados e investigadores encarcerados para manter contato com comparsas e parceiros em liberdade, o que é ilegal.
Nas celas, que são compartilhadas por três policiais cada, em média, os membros da ação conjunta também localizaram e apreenderam R$ 26.739,56, sete facas, dois notebooks e, para surpresa de todos, onza caixas de cerveja, além de 14 garrafas de bebidas alcoólicas destiladas, maconha e cocaína. Até um cartão bancário estava em meio aos itens pessoais de um policial preso.
Em seu relatório, obtido pelo Metrópoles, o corregedor-geral da Polícia Civil, João Batista Palma Beolchi, afirmou que uma medida invasiva dessa natureza “nunca antes havia sido processada na gestão do Presídio da Polícia Civil de São Paulo”.
O chefe do órgão fiscalizador enfatizou que o encontro dos itens, drogas e bebidas, revelaram a “orquestração criminosa” corporificada pelos agentes presos “na busca por tentáculos de dentro para fora dessa estrutura prisional”.
“Hordas criminosas”
Enfatizando o poder econômico de alguns policiais detidos na unidade — oriundo de supostas relações com o crime organizado — o corregedor-geral ainda destacou o fato de parte dos celulares apreendidos terem sido encontrados enterrados, no pátio do presídio.
Isso decorreu, segundo ele, “claramente do domínio de informação dessas hordas criminosas”, presas na unidade, as quais antevendo o pente-fino, “criaram contingência de ocultação desses celulares — equipamentos de comunicação valiosos imprescindíveis para esses criminosos”.
Mais apreensões
Cerca de um mês e meio se passou e, em 13 de março, 70 policiais civis voltaram ao presídio da instituição, no qual realizaram mais uma varredura.
Além de fazer vistorias nas celas, presos também foram submetidos a revistas, resultando no encontro de maconha e cocaína com um deles.
Ao todo, foram apreendidos na ocasião dez celulares, R$ 5.966,35, dois chips de celular, três pendrives, dois carregadores de celular e até anabolizantes. Um inquérito policial foi instaurado para identificar e responsabilizar os responsáveis pelos itens ilegais encontrados.