O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) desarticulou, nesta sexta-feira, 22 de novembro, um esquema comandado por facção criminosa a partir do interior do Presídio Regional de Pelotas (PRP). A organização atuava em 13 cidades nos três estados do Sul do Brasil, promovendo a venda de drogas, ingresso de celulares, agiotagem com juros abusivos e lavagem de dinheiro. Ao todo, 700 agentes cumpriram mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e a remoção de apenados, em uma investigação que identificou a movimentação de mais de R$ 32 milhões.
Com o apoio dos GAECOs de Santa Catarina e Paraná, além da Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Receita Estadual e Vigilância Sanitária, foram deflagradas as operações Caixa-Forte II e El Patron. As investigações apuram, respectivamente, a venda de drogas e o ingresso de materiais ilícitos no PRP, e um esquema de agiotagem com juros de até 280%. Segundo o coordenador do GAECO, promotor de Justiça André Dal Molin, o foco é “combater os negócios ilegais dos líderes das organizações criminosas e recuperar os valores obtidos ilicitamente”.
Operação Caixa-Forte II: Tráfico de drogas e materiais ilícitos
A Operação Caixa-Forte II deu continuidade às investigações iniciadas em 2022, quando celulares, drogas e documentos foram apreendidos no PRP. Com base na análise dos materiais, foi possível identificar a estrutura hierárquica da organização, incluindo núcleos de gerência e finanças, além do uso de laranjas. Em dez meses, a facção movimentou R$ 2,6 milhões com tráfico de drogas e celulares. O esquema também contava com a participação de um policial penal corrupto, que foi preso durante a operação. Além do PRP, revistas foram realizadas em outras penitenciárias, como a de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e o Presídio Regional de Bagé.
Operação El Patron: Agiotagem e lavagem de capitais
A Operação El Patron desvendou um complexo esquema de agiotagem e lavagem de dinheiro, incluindo empréstimos com juros exorbitantes de até 280%. A organização utilizava laranjas e anúncios nas redes sociais para simular a atuação de empresas idôneas. A facção também investia em jogos de azar, rifas e empresas como açougues, frigoríficos e imobiliárias para legitimar os lucros. A Justiça autorizou a apreensão de 28 veículos, quatro imóveis e o bloqueio de 1,3 mil contas bancárias.
Impacto e próximos passos
As operações resultaram no cumprimento de 19 mandados de prisão preventiva, 156 mandados de busca e apreensão, e na remoção de oito líderes da facção do PRP. Os crimes investigados incluem organização criminosa, lavagem de capitais, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva. Segundo o promotor Rogério Caldas, responsável pelas investigações, “o lucro obtido com o tráfico era utilizado para capitalizar a agiotagem, que, por sua vez, financiava a venda de drogas, criando um ciclo de retroalimentação”.
Os trabalhos do GAECO reforçam a importância do combate ao crime organizado e o desmonte das estruturas financeiras que sustentam essas facções. Novas etapas das investigações poderão revelar mais envolvidos e ampliar os resultados da operação.
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