São Paulo — O investigador de polícia classe especial Elvis Cristiano da Silva, de 54 anos, foi afastado do cargo após o Metrópoles revelar que o agente “negocia” cadeiras de chefias de investigação, em delegacias subordinadas à 1ª Delegacia Seccional do Centro de São Paulo, para viabilizar um esquema de tráfico de drogas. Ele não aparece no trabalho desde a segunda passada (11/2), três dias após a publicação do caso.
O afastamento do agente foi oficializado de forma discreta no Diário Oficial do Estado (DOE), em publicação de 11 de fevereiro que noticiou o fim do benefício “pro-labore” de Elvis, direcionado apenas a agentes da ativa.
Fontes policiais afirmaram ao Metrópoles que o caso “quebrou” a 1ª seccional. Apesar disso, o envolvimento do policial civil já era esperado. Por colegas, ele é considerado “persona non grata”.
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que Elvis deverá ser mantido afastado até o fim das investigações.
Entenda o esquema envolvendo o policial civil
- Elvis está na Polícia Civil há 25 anos e assumiu a chefia da 1ª Seccional em 2023. Desde então, passou a coordenar o esquema de tráfico de drogas.
- Os entorpecentes eram desviados de apreensões feitas por comparsas ligados ao policial, conforme aponta um relatório da Corregedoria da Polícia Civil, obtido pela reportagem.
- Elvis coordenava também um “rodízio” de delegacias, são elas: 1º DP, 2º DP, 12º DP e 77º DP. Nesses distritos policiais, os flagrantes eram registrados para tentar despistar o Ministério Público (MPSP).
- O policial civil trabalhou normalmente até o dia 7 de fevereiro, uma sexta-feira, sendo afastado na segunda seguinte.
- Ele atuava junto com o investigador de 1ª Classe Eduardo Xavier dos Santos e o também investigador Cléber Rodrigues Gimenez, preso em janeiro deste ano.
- Cléber é acusado de desviar cargas de drogas, apreendidas em falsas blitzes policiais, e revendê-las para traficantes internacionais.
- Para isso, ele levava as drogas — geralmente cocaína — para um galpão no Bom Retiro, centro paulistano, onde a mesma quantidade da apreensão era substituída por talco, gesso ou algum pó branco.
- As apreensões eram formalizadas por meio do registro de boletins de ocorrência (B.O.), e a falsa droga constatada como verdadeira, por meio de laudos oficiais, feitos por um perito do Instituto de Criminalística, também ligado à quadrilha.
- A função de Elvis seria o de guardar a droga verdadeira, além de determinar onde os flagrantes seriam registrados “para não chamar a atenção do Ministério Público [MPSP]”, como mostra documento da Corregedoria.
- Para isso, o chefe de investigações da 1ª Seccional “fazia um rodízio” de delegacias, para a elaboração dos flagrantes arrumados por Cléber Rodrigues Gimenez, aponta a denúncia.
- As negociatas criminosas atribuídas aos policiais civis teriam rendido aos corruptos, somente na 1ª Seccional, ao menos R$ 50 milhões.