Segundo a polícia, eles forjavam a venda de medicamentos e usavam o dinheiro do programa para financiar o tráfico de drogas. Operação cumpriu mais de 100 mandados e bloqueou R$ 39 milhões dos investigados.
Itens apreendidos pela Polícia Federal em operação contra tráfico internacional de drogas, em Goiás — Foto: Divulgação/PF
Farmácias de traficantes internacionais de drogas suspeitos de fraudar o programa Farmácia Popular recebiam de R$ 60 mil e R$ 90 mil, por mês, por meio do projeto do governo federal, segundo informou a Polícia Federal nesta quinta-feira (13). Antes de serem envolvidas com os crimes, as empresas recebiam repasses de até R$ 5 mil mensais.
Para a realização dessas fraudes, eram realizadas vendas fictícias de medicamentos, os quais nunca foram entregues aos clientes indicados. A Polícia Federal também detalhou que os investigados utilizaram dados de consumidores sem o conhecimento ou consentimento deles.
Ao g1, o Ministério da Saúde (MS) disse que tem adotado medidas rigorosas para garantir a integridade do Programa Farmácia Popular do Brasil e impedir fraudes no sistema. Pontuou ainda que recebeu um ofício da Polícia Federal sobre uma ação judicial que solicitou a suspensão do credenciamento e do pagamento de 28 farmácias. Segundo o MS, todas essas farmácias já se encontram com operação e pagamentos suspensos e em processo de monitoramento (leia o posicionamento completo ao fim da reportagem).
O grupo é suspeito de comprar cocaína da Bolívia, Colômbia e Peru para revender no Entorno do Distrito Federal. Para financiar o tráfico de drogas, os criminosos adquiriram farmácias cadastradas no Farmácia Popular e fraudaram as notas fiscais.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo agia da seguinte forma:
- Os investigados adquiriam empresas que estavam cadastradas no programa Farmácia Popular, mas que haviam encerrado suas atividades;
- Faziam alterações societárias nessas empresas e, na maioria dos casos, as vinculava a terceiros (pessoas jurídicas e interpostas);
- Essas alterações eram intermediadas por um investigado que atuava como uma espécie de “despachante” junto aos órgãos públicos atuantes no programa;
- Depois dessas alterações, aumentava-se o número de lançamentos de medicamentos comercializados pelo programa, seja na modalidade gratuidade ou subsidiada;
- Em seguida, eram liberados pagamentos aos envolvidos, que usavam vários métodos para dificultar a identificação dos reais beneficiários.