Chefe do DHPP manda recado à namorada de olheiro do PCC: "Ele te trai"

n0117 A Polícia Civil de São Paulo prendeu, nesta quinta-feira (16/1), Jackeline Moreira, de 28 anos. Ela é namorada de Kauê do Amaral Coelho, de 29, olheiro do PCC no caso do ass4ssinato do delator Antônio Vinícius Gritzbach, no Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.

Em coletiva de imprensa, nesta tarde, a delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) disse que Kauê trai a atual companheira e mandou um recado à influencer: “Eu gostaria que a Jackeline soubesse que ele [Kauê] tem várias namoradas.”

Na ocasião, acompanhada do delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a diretora do DHPP deu detalhes do caso e do envolvimento dos investigados.

“Ela nega que é namorada, diz que foi apenas um encontro casual. Depois do que aconteceu no dia 8 de novembro, o Kauê foi para a casa dela. De lá, eles partiram para um motel, onde passaram a noite. No dia 9, ele entregou o celular dele para ela. Ela diz que não sabia o que ele tinha feito. E então ele desapareceu, e ela diz que só ficou sabendo pela televisão que ele estava no Rio de Janeiro, o que não é verdade”, detalhou Aleixo.

Segundo a delegada, há provas robustas por meio de quebra de sigilo telefônico, conforme cumprimento de ordem judicial. Ela também destacou que Jackeline se mantém disposta a contribuir para as apurações e e está com um advogado enquanto presta depoimento.

 

Justiça do PR condena ex-prefeito por usar ex-detentos em reforma de casa

n0113 A Justiça do Paraná condenou o ex-prefeito de Foz do Iguaçu Chico Brasileiro e sua esposa e secretária de Saúde de sua gestão, Rosa Jeronymo, por usarem servidores públicos e ex-detentos da cidade para reformarem o telhado da própria residência. Cabe recurso da decisão.

O que aconteceu

Investigações apontaram que o casal teria contratado o então coordenador do Banco de Alimentos, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social, para a realização dos trabalhos. A reforma da casa ocorreu em 2021 e a denúncia foi feita em 2022 pelo Ministério Público.

Coordenador do Banco de Alimentos teria designado cinco ex-detentos, que participavam de programa social de reinserção no mercado de trabalho, para as obras na casa do prefeito. Em troca, eles receberiam um "auxílio qualificação" no valor de R$ 1.012,00.

Servidora que atuava como secretária no Banco de Alimentos teria registrado, falsamente, a frequência dos egressos em seus respectivos postos de trabalho. Também foram utilizados veículos oficiais da prefeitura para transportar materiais de construção, bem como espaço da sede do Banco de Alimentos para armazenamento dos materiais.

Ação do MP pediu suspensão dos direitos políticos, perda do cargo, impossibilidade de contratar com o poder público e pagamento de multa por parte do ex-prefeito e sua esposa. Para a promotoria, houve ocorrência de ato de improbidade administrativa para obtenção de enriquecimento ilícito. Além do casal, a funcionária, o coordenador do Banco de Alimentos

Decisão judicial apontou vantagem indevida do casal
1ª Vara da Fazenda Pública da cidade acolheu a denúncia do Ministério Público e apontou a prática de ato de improbidade administrativa que resultou em enriquecimento ilícito. A decisão do juiz Rodrigo Luis Giacomin reconheceu que Brasileiro e Rosa utilizaram, em benefício próprio, carro, servidores e terceiros contratados pela prefeitura para a realização de reformas no telhado da residência do casal, fato que gerou "indevida vantagem patrimonial".

O casal perdeu os direitos políticos e não poderá receber benefícios fiscais por quatro anos. Além disso, terão de pagar multa à cidade e serão obrigados a ressarcir os valores pagos indevidamente aos ex-detentos que não cumpriram jornada de trabalho adequada do programa de reinserção. O servidor do Banco de Alimentos também teve os direitos políticos suspensos e terá de pagar multa.

A servidora que preenchia a frequência e os ex-detentos não foram punidos. "Não é possível constatar que os requeridos tinham ciência acerca de todo o contexto ilícito apurado. Quer dizer, nenhuma prova foi produzida em desfavor dos réus, não restando suficientemente esclarecido se tinham conhecimento quanto ao preenchimento irregular das folhas de frequência.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2025/01/10/justica-do-pr-condena-ex-prefeito-por-usar-verba-publica-em-reforma-de-casa.htm

Brigas entre suspeita de envenenar bolo e sogra começaram após saque bancário em 2004

n0110 As brigas entre Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar o bolo que matou três pessoas em Torres, e a sogra, Zeli dos Anjos, começaram após um saque não autorizado de R$ 600, o que corresponde a pouco mais de R$ 2,4 mil nos dias atuais, segundo dados corrigidos pelo IGP-M.

Depoimentos colhidos no curso da investigação apontam que o fato ocorreu há mais de 20 anos, e que isso desencadeou atritos entre as duas ao longo de décadas. A Polícia Civil suspeita que as divergências motivaram o crime na véspera do Natal.

Antes de ser presa, no domingo, a própria investigada confirmou o histórico de desentendimentos com Zeli. Ela disse aos policiais que as brigas começaram em agosto de 2004, quando a sogra teria feito um saque de R$ 600 de uma conta conjunta dela e do marido.

A versão é que Zeli pegou o cartão bancário do filho sem pedir e fez o saque. O valor teria sido devolvido ao gerente do banco no dia seguinte mas, nas palavras de Deise, a relação entre elas “nunca mais foi a mesma pois não havia mais confiança”.

O relato também dá conta que Zeli teria pedido desculpas, mas nunca esclareceu a razão do suposto saque indevido. Deise adicionou ainda que, a partir de então, passou a chamar a sogra de “naja”.

Nora culpa sogra por problemas no casamento

Deise e o companheiro são pais de um menino de 11 anos, mas o relacionamento é permeado por turbulências. O casal chegou a ficar separado por alguns meses, período em que Deise morou na casa da irmã, mas acabou se reconciliando.

Em 21 de novembro de 2024, Deise chegou a fazer uma queixa de vias de fato contra o marido. Ela mencionou a rivalidade com a sogra no boletim da ocorrência. A descrição deixa subentendido que Deise culpava Zeli por problemas no casamento.

"Desde o dia em que a mãe dele invadiu nossa privacidade e nos roubou, nossa vida foi um inferno. Mesmo assim, sempre o apoiei, ajudei, fui mãe praticamente sozinha [...] Nossa família nunca se deu bem, ficamos muitos anos longe da família dele por "n" motivos”, afirmou Deise na ocasião.

Sogro morreu por intoxicação após visita de nora

Deise informou aos policiais que uma tentativa de reconciliação ocorreu no dia 31 de agosto do ano passado. Ela e o marido, residentes de Nova Santa Rita, foram visitar Zeli em Arroio do Sal, onde ela morava desde que teve a casa atingida na enchente em Canoas.

Os visitantes levaram bananas e leite em pó para a sogra no Litoral Norte. No dia seguinte, Zeli e o marido, Paulo Luiz dos Anjos, passaram mal após ingerir os alimentos e foram hospitalizados.

O homem morreu no dia 2 de setembro. Ele teve vômitos e diarreia, os mesmos sintomas observados nas pessoas que ingeriram o bolo no último dia 23 de dezembro, em Torres.

A família acreditou que Paulo havia morrido por intoxicação alimentar. À época, houve a crença de que o motivo seria o consumo das bananas, teoricamente contaminadas na enchente.

Agora, após a perícia detectar a presença de doses letais de arsênio no bolo e em três das vítimas que comeram a sobremesa na véspera do Natal, o corpo foi exumado nesta manhã. A suspeita da polícia é que Paulo também foi alvo de envenenamento.

Fonte: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADcia/brigas-entre-suspeita-de-envenenar-bolo-e-sogra-come%C3%A7aram-ap%C3%B3s-saque-banc%C3%A1rio-em-2004-1.1568511

Casal que acha carteira e usa cartão para pagar compra, em Goiânia

n0106 A câmera de segurança de um supermercado de Goiânia registrou o momento em que um casal encontra uma carteira perdida, tenta sacar dinheiro com um cartão em um caixa eletrônico e depois faz uma compra de R$ 200. O caso aconteceu na última terça-feira (31), no setor Morada do Sol.

A informação foi divulgada pelo veículo de comunicação Jornal Noroeste. As gravações mostram o momento em que a mulher encontra a carteira e pega o cartão. Depois, ela vai ao caixa eletrônico e tenta usar, momento em que chega um homem que fala ao celular.

O homem, então, pega a certeira que estava no caixa eletrônico e sai do local, enquanto a mulher continua no caixa eletrônico. Conforme apurado, já foi feita denúncia à Polícia Civil. O Mais Goiás tenta contato com a corporação para saber se os suspeitos já foram identificados.

Milionário, delegado afastado em SP é fazendeiro e devedor de IPTU

n0301 São Paulo – O delegado classe especial José Brandini Júnior, afastado do cargo sob suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), é dono de um patrimônio milionário, incluindo uma fazenda de criação de gado no interior de São Paulo, na qual possui plantações de milho e cana-de-açúcar.

Agora demovido da chefia da Divisão de Tecnologia da Informação, do Departamento de Inteligência da Polícia Civil paulista, Brandini também é dono de uma empresa de segurança privada e de outra na área de tecnologia. Todas ficam em Marília, a mesma cidade onde está situada sua fazenda.

Além das empresas e da área rural de grande porte, o policial civil é dono de um conjunto comercial em Moema, bairro nobre paulistano, onde possui uma dívida de IPTU no valor de R$ 12.507,76, conforme documento do Departamento Fiscal da Prefeitura de São Paulo. Em 14 de novembro, José Brandini foi citado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) a pagar o valor, sob o risco de ter bens penhorados.

O documento chegou à caixa de correio do endereço comercial do delegado 10 dias depois. Essa era a mais recente atualização do processo disponível, até a tarde de domingo (22/12). O imóvel com o IPTU atrasado está avaliado em mais de R$ 1 milhão.

José Brandini Júnior foi procurado pelo Metrópoles, sem sucesso. O espaço segue aberto para manifestações.

Fazenda de grande porte

A fazenda do delegado afastado é considerada de “porte demais” na Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (Redesim), do governo federal (veja galeria acima).

Ou seja, o CNPJ da fazenda São José é de uma empresa que ultrapassa o limite de faturamento anual de R$ 4,8 milhões, tirando-a do Simples Nacional. Isso significa maior carga tributária.

R$  200 mil guardados em casa

Segundo apurado pelo Metrópoles, José Brandini Júnior estaria envolvido em um esquema fraudulento, envolvendo RGs, com a maior facção criminosa do Brasil.

Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota encaminhada à reportagem, na manhã de sábado (21/12), que mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa do delegado divisionário, no dia anterior, por policiais da Corregedoria da Polícia Civil. Em outra nota, encaminhada na tarde desta terça-feira (24/12), a pasta afirma que “as investigações em curso”, sobre o delegado, não são sobre a sua suposta relação “facção criminosa”.

Durante as buscas, os corregedores encontraram R$ 200 mil e 30 mil euros — que, na cotação atual, equivalem a R$ 191 mil —, tudo em dinheiro vivo. José Brandini é investigado, acrescentou a pasta, por fraude de contratos públicos.

O afastamento do delegado classe especial, enfatizou a SSP, resulta de uma investigação na Polícia Civil para combater crimes e desvios de conduta de seus membros.

Em 2010, José Brandini integrou uma lista de quatro delegados investigados pela Corregedoria e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) que teriam atuado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) na contratação, sem licitação, de empresas de informática usadas para administrar o sistema de registro de veículos e de formação de condutores.

Crise institucional

O afastamento do delegado José Brandini foi o terceiro anunciado na última semana.

Além dele, o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fabio Pinheiro Lopes, conhecido como Fabio Caipira, será afastado do cargo assim que retornar de férias, em 3 de janeiro.

A decisão ocorreu após o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, em delação ao MPSP, afirmar que o advogado Ramsés Benjamin teria se apresentado como pessoa próxima ao diretor do Deic, afirmando que, por R$ 5 milhões, o nome do delator seria retirado da investigação sobre o assassinato de dois membros do PCC.

Fabio Caipira negou qualquer relação com Gritzbach e acrescentou que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidiu afastá-lo por estar “incomodado” com a pressão sobre a Polícia Militar, resultante de episódios recentes de violência de seus membros, e da prisão de policiais civis, na terça-feira da semana passada (17/12), suspeitos de envolvimento com o crime organizado.

Por causa de um desses policiais civis presos, mencionados pelo diretor do Deic, a corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, pediu para ser afastada do cargo. Ela é tia do chefe de investigações Eduardo Monteiro, preso sob a suspeita de envolvimento com o PCC.

Ele falava, segundo investigação da Polícia Federalnão temer ser preso, justamente por causa do parentesco com a número 1 do órgão fiscalizador da Polícia Civil.

A ex-corregedora não foi localizada para comentar a situação. O espaço segue aberto.

Fonte: https://www.metropoles.com/sao-paulo/milionario-delegado-afastado-em-sp-e-fazendeiro-e-devedor-de-iptu

De empresas de fachada a ‘fintechs’, como policiais lavam dinheiro do PCC

n1230 Em julho de 2020, Cyllas Salerno Elia Júnior fundou a fintech 2GO. No início, o agente da lei se dividia entre a rotina no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), órgão da Polícia Civil paulista responsável por atuar em ações estratégicas contra o crime organizado, e a nova empreitada — na qual prometia “soluções financeiras e tecnológicas para empresas e clubes de futebol”. O crescimento vertiginoso do negócio levou Elia a pedir, em dezembro de 2022, afastamento não remunerado da corporação para cuidar exclusivamente da carreira corporativa. Em seu perfil no LinkedIn, o policial define o atual ganha-pão: “Desenvolvimento de grandes projetos tecnológicos utilizando sistemas bancários nacionais e internacionais”.

A operação Dólar Tai-pan, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em novembro passado, revelou uma outra face da história de sucesso de Elia. Em três anos, a 2GO atraiu 20 mil correntistas e movimentou R$ 4 bilhões. Uma única empresa chegou a abrir 180 contas na fintech. No entanto, segundo a investigação, uma parcela considerável dos clientes do policial busca seus serviços para fazer movimentações financeiras anônimas, de difícil rastreabilidade, e encobrir a origem criminosa do dinheiro.

Para a PF, parte desse montante suspeito irriga diretamente os cofres do Primeiro Comando da Capital (PCC). No último capítulo da série “Parceria com o crime”, que destrinchou os vínculos entre as forças de segurança e a maior facção do país, o GLOBO mostra que investigações em andamento vêm descortinando a atuação de policiais até mesmo na lavagem de dinheiro da quadrilha.

‘Sócios ocultos’

Um dos 16 presos pela PF no último dia 28, Cyllas Elia acabou solto na semana passada beneficiado por um habeas corpus. Em julho, no entanto, as transações nebulosas de sua fintech já haviam sido expostas ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) por Antônio Vinicius Gritzbach, empresário acusado de lavar dinheiro para o PCC que fechou um acordo de colaboração premiada e entregou policiais e membros da facção dias antes de ser executado no Aeroporto de Guarulhos, em novembro passado.

Gritzbach contou que a 2GO era usada por chefes da organização para movimentar o dinheiro usado em compras de imóveis de luxo. Como os valores não podiam ser pagos em espécie, os criminosos passaram a recorrer à fintech para intermediar as transações. “A partir do momento em que foram comercializadas as unidades, era preciso que o valor da escritura fosse pago em conta e havia essa dificuldade para quem lida com dinheiro em espécie. Aí, eles transacionavam a partir dessa fintech, a 2GO Bank”, narrou Gritzbach na delação, documento ao qual o GLOBO teve acesso.

O delator também afirmou aos promotores que Elia tinha dois integrantes do PCC como “sócios ocultos”: Rafael Maeda, o Japa, apontado como um dos chefes do “tribunal do crime” da facção; e Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, que segundo a polícia gerenciava o tráfico internacional no Porto de Santos — ambos foram mortos em meio a uma guerra interna da organização. No fim do relato, Gritzbach ainda revelou que participou de reuniões na sede da 2GO com Maeda e disse que, no papel, a empresa tinha um policial civil como dono. Um promotor que investiga o PCC afirma que a falta de normativas fez das fintechs uma das formas mais atrativas para movimentar dinheiro ilegal.

— Elas são escudos no processo de lavagem. O crime organizado aproveita um vácuo na regulamentação. Hoje, um integrante do PCC cria uma conta numa fintech e não precisa fornecer nenhum tipo de documentação. Nada sai em nome do titular da conta. Quando a Justiça determina a quebra do sigilo bancário, todas as movimentações ficam no nome da fintech, e não do titular, que acaba protegido — descreve o investigador, não identificado por questões de segurança.

Outro policial investigado por integrar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC é o ex-sargento Farani Salvador Freitas da Rocha Júnior. Os indícios da relação de Rocha com a facção vieram à tona durante a investigação do homicídio de outro PM, o cabo Wanderley Oliveira de Almeida Júnior, executado a tiros na Zona Leste de São Paulo em 2020.

Farani virou alvo do inquérito porque a vítima, pouco antes de morrer, teria descoberto seu envolvimento com o PCC, informando colegas de farda de que iria denunciá-lo aos superiores. A quebra de sigilo do sargento revelou uma movimentação financeira incompatível com seu salário de cerca de R$ 4 mil na PM: de 2015 a 2020, Farani fez transações que somam R$ 1,5 milhão.

Para a polícia, a discrepância é fruto de seus laços com a facção. Testemunhas contaram que Farani fazia “segurança VIP” para Rafael Maeda, o Japa. A investigação também revelou indícios de envolvimento do sargento em outros crimes associados à organização: em 2018, por exemplo, ele teria solicitado o levantamento da placa de um carro que, poucos dias depois, foi alvo dos disparos que culminaram na morte de Cláudio Roberto Ferreira, o Galo, assaltante de bancos ligado à cúpula do PCC. Farani acabou absolvido pela Justiça da acusação de homicídio do cabo Almeida, mas, diante das provas que surgiram ao longo da apuração, foi expulso da PM no ano passado e é alvo de uma nova investigação, desta vez por lavagem de dinheiro.

Transações milionárias

Já os policiais civis Valdenir Paulo de Almeida e Valmir Pinheiro são acusados de montar um complexo esquema para ocultar a origem de valores que teriam recebido do PCC. Ao todo, foram identificados pelo MPSP 21 laranjas e 13 empresas dos mais variados setores — de locação de veículos à agência de turismo — suspeitas de compor uma rede usada pelos agentes para lavar dinheiro.

Algumas das firmas só existiam no papel: não tinham sede nem funcionários. O emaranhado foi revelado durante uma investigação que apurava o pagamento de R$ 800 mil em propina aos dois policiais por traficantes do PCC responsáveis pelo envio de toneladas de cocaína à Europa.

A quebra do sigilo bancário dos agentes trouxe à tona um fluxo milionário: Almeida, que tinha salário de pouco mais de R$ 5 mil na Polícia Civil, fez transações que totalizavam mais de R$ 16 milhões em suas seis contas entre 2017 e 2023; já Pinheiro ganhava R$ 7 mil e movimentou mais de R$ 13 milhões no mesmo período. Segundo a decisão que decretou a prisão dos agentes, assinada pelo juiz Paulo Fernando Deroma De Mello, existem “fortes indícios de que os investigados, policiais civis, desviam e comercializam drogas que apreendem na atividade policial, bem como praticam, de forma reiterada e habitual, crime de corrupção passiva, solicitando dinheiro a narcotraficantes que investigam”. Desde setembro, Almeida e Pinheiro são réus pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Procurada, a defesa do ex-sargento Farani Rocha Júnior alegou que a investigação que apura a prática de lavagem de dinheiro pelo ex-PM “não foi concluída, uma vez que não foram arrecadados elementos que pudessem apontar para a existência de crimes”. Os demais citados não foram localizados pelo GLOBO.

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