Empresa de gestão prisional foi condenada a pagar uma indenização a um trabalhador que escoltava detentos para o exterior da prisão, apesar de ter sido contratado apenas para a função de monitor de ressocialização dos presos. O caso ocorreu em Campo Mourão, no Noroeste do Paraná.
Durante o processo, julgado pela 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR) ficou comprovado o desvio de função, uma vez que o funcionário, além de atuar na ressocialização, realizava escolta dos detentos em hospitais, clínicas de dentistas e fóruns, e nessas ocasiões ficava sozinho, sem a presença de policiais penais.
O contrato de trabalho, que teve duração de 7 meses e perdurou de julho de 2022 a janeiro de 2023, previa como função do trabalhador apenas o monitoramento da ressocialização prisional. No entanto, durante este período o funcionário também realizava a vigilância dos detentos.
O empregado receberá como indenização por danos morais, até três vezes o seu último salário contratual. Ainda cabe recurso da decisão. A empresa alegou que não houve atitude ilícita, não havendo provas de prejuízo sofrido pelo trabalhador. Ainda durante sua declaração, a empresa alegou que “não ocorreu nenhum dano ilícito à personalidade do empregado, não cabendo a indenização por danos morais”.
Porém, a 6ª Turma atendeu ao pedido do trabalhador. O Colegiado afirmou que a ilicitude da conduta do empregador está plenamente comprovada, uma vez que o reclamante exerceu uma “atividade da qual não fora contratado e ainda com risco à sua integridade física, estando presente o nexo de causalidade, o ato ilícito e o dano presumido, ensejando a responsabilidade do empregador”.
No entendimento do Colegiado, os danos morais alegados pelo empregado “teriam se consolidado após a entrada em vigor da Lei 13.467/2017, devendo as consequências jurídicas advindas dos supostos atos ilícitos ser analisadas sob o viés das novas normas que regulam a indenização dos danos extrapatrimoniais na relação de trabalho”.
A nova lei permite ao magistrado classificar a lesão conforme sua gravidade em leve, média, grave ou gravíssima, escala que, por sua vez, enquadra a ilicitude nas faixas indenizatórias adequadas com seus respectivos tetos de valores, conforme segue no art. 223-G, § 1º, da CLT. Os julgadores consideraram que a ofensa extrapatrimonial ao trabalhador se enquadra no inciso I, ou seja, leve.
Rio - Um queijo suíço a lá Bangu. O Ministério Público estadual vai investigar criminalmente o desaparecimento de armas da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). A promotora Valeria Videira, da 21ª Promotoria de Investigação Penal (Bangu), vai requisitar as denúncias feitas à promotoria de Tutela Coletiva do Sistema Prisional e Direitos Humanos. Como O DIA publicou ontem com exclusividade, 250 armas sumiram do paiol da Seap. Parte deveria ter sido distribuída aos agentes responsáveis pela segurança dos presídios de segurança máxima de Gericinó.
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A Seap abriu um processo administrativo disciplinar em fevereiro deste ano para apurar a responsabilidade sobre o sumiço do armamento. No entanto, deixou de informar o extravio do arsenal à Polícia Civil, como determina o Decreto presidencial número 5.123, de julho de 2004. A legislação obriga a comunicação imediata à delegacia de roubo, furto ou extravio de arma e o departamento estadual tem 48 horas para alertar a Polícia Federal.
As denúncias do desvio ou sumiço das armas foram encaminhadas ao Ministério Público em outubro de 2013. O agente Márcio Luiz dos Anjos Rocha ao assumir a coordenação de segurança do Complexo de Gericinó verificou erros nos preenchimentos nos recibos das armas acauteladas com os guardas e avisou à direção da Seap. Com a apuração, o MP poderá até abrir inquérito criminal para identificar o destino do arsenal e se houve envolvimento de agentes.
O processo administrativo disciplinar aberto na Seap investiga o sumiço de 14 armas (13 pistolas calibre 380 e um revólver calibre 38) e cinco coletes — que fazem parte de um lote cedido pelas Polícias Civil e Militar, a partir de 1999. Os responsáveis pela investigação são o subsecretário de Gestão Operacional, Sauler Sakalem, e os agentes Márcio Rocha e Jorge da Silva Perrote, coordenador de Segurança do Sistema Penitenciário.
Em dezembro de 2012, o secretário César Rubens Monteiro de Carvalho reconheceu, na resolução 473, que existiam falhas no controle do armamento entregues pelo estado aos agentes penitenciários. À época, César Carvalho baixou normas mais rígidas e criou regras para identificar as armas que estavam à disposição de cada um dos guarda. Os riscos, admitiu ele na resolução, eram falhas que provocavam extravio, roubo e furto do arsenal da Seap.
O DIA encaminhou nesta sexta-feira outro questionário sobre o desvio das armas, funções de agentes relacionados ao caso, se houve falha na fiscalização e como está o andamento da investigação, mas a secretaria não respondeu.
Sindicato denuncia falta de controle sobre armamento
O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal, Francisco Rodrigues, denunciou que o controle das armas e munições é bastante precário nos depósitos da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).
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Há mais de cinco anos, segundo o sindicalista, o órgão perdeu o controle sobre o armamento sob o sua custódia. “Acho que a investigação não tem que ser só interna na Secretaria. Tem que ser feita também pela Polícia Civil, acompanhada pelo Ministério Público”, Francisco.
Segundo agentes, o desaparecimento de armas atingiu diretores e subdiretores de unidades prisionais que recebiam pistolas do estado. Outra reclamação é a de que integrantes de escoltas de diretores do complexo penitenciário de Gericinó estariam sendo obrigados a usarem armamento próprio.
Bolsonaro vai pedir audiência
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Vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) vai pedir segunda-feira à presidência do grupo convocação de audiência pública. “A sociedade precisa de explicações pormenorizadas sobre esse assunto”, afirmou Bolsonaro. O parlamentar pretende ouvir o responsável pelo sistema de inteligência e Corregedoria da Seap. “Chama atenção o sumiço de armas, quando o órgão tem um serviço de inteligência muito eficiente, como poucos”, analisou.
O deputado lembrou ainda que os agentes penitenciários só podem usar armas em serviço. “Eles têm dificuldade com relação ao porte de arma. Voltam para casa desarmados. Quem garante a segurança deles?”, questionou.
Armas longas, como escopeta e fuzis, só podem ser liberadas para o alto escalão, como corregedor e presidente de Comissão Permanente de Inquéritos, coordenador de segurança e ocupantes de subsecretarias. Para liberação do armamento, o servidor tem que assinar documento chamado de cautela individual de material bélico. É preciso preencher espécie da arma; calibre; carregadores; munições e lotação da unidade do servidor.
Claudia Soares Alves, de 42 anos, é a médica presa suspeita de sequestrar uma bebê em Uberlândia, Minas Gerais, segundo informações policiais. A mulher é formada em medicina em uma faculdade de Minas Gerais, é registrada no Conselho Federal de Medicina (CFM) como neurologista e atende em Itumbiara, no sul de Goiás. A suspeita é professora em duas universidades (entenda abaixo).
O advogado Vladimir Rezende, responsável pela defesa da médica, explicou que ela é portadora de transtorno bipolar e, no momento dos fatos, se encontrava em crise psicótica, não tendo capacidade de discernir sobre o que estava fazendo.
A defesa também afirmou que Cláudia tinha mudado sua medicação recentemente por conta de uma suposta gravidez. "Com a alteração dos medicamentos, ela teve um surto, um surto psicótico. Nossa defesa vai ser essa, porque realmente é o que aconteceu", afirmou Vladimir.
A médica foi presa nesta quarta-feira (24), em Itumbiara, segundo o delegado Ricardo Chueire (veja vídeo abaixo), um dia após o sequestro da bebê no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PC), a criança foi resgatada e está bem.
Currículo
Em seu currículo, a médica detalha que se formou em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em novembro de 2004. Claudia concluiu a residência em clínica médica na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2007 e finalizou a residência em neurologia em novembro de 2011, na UFTM.
Em uma rede social, a médica divulgou que no dia 13 de maio deste ano tomou posse como professora na UFU. Claudia também informa que é docente efetiva da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Goiás (UEG) desde janeiro de 2019.
Em seu currículo, a médica menciona que é mestre em ciências da saúde pela Universidade Federal de Goiás (UFG). No Lattes, uma plataforma científica de currículos, Claudia também descreve que está cursando doutorado em Ciências da Saúde na UFU.
Amor pela profissão
Em um depoimento sobre sua vida, Claudia escreveu que é "incrivelmente" grata por sua jornada médica e acadêmica. A médica diz que a medicina é sua paixão e a docência sua missão.
"A medicina é uma montanha-russa de emoções! Tem os altos e baixos, os desafios e as vitórias, mas uma coisa é certa: eu amo o que faço", escreveu a médica.
Bebê levada do hospital
A bebê nasceu por volta das 20h, de cesárea. Segundo a Polícia Militar (PM), a mulher se identificou como pediatra, entrou na maternidade e pegou a bebê, que tinha nascido havia apenas três horas.
O pai, o motorista Édson Ferreira, contou como foi a abordagem da médica.
“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite. Disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, contou.
Ainda de acordo com a PM, a mulher saiu da porta do hospital com a bebê dentro da mochila e fugiu em um carro vermelho.
O vídeo acima mostra a ação da mulher, do momento em que ela chega ao hospital com roupa de profissional de saúde e máscara cobrindo o rosto até a sua saída, carregando a criança.
A assessoria de imprensa da UFU informou que a mulher tomou posse como professora na área de clínica médica em maio deste ano. A instituição não informou, no entanto, se ela atuava, de fato, no hospital ou apenas dava aulas na universidade. Segundo a UFU, está sendo feita a "apuração de responsabilidade e todas as tratativas cabíveis serão tomadas".
“Ela comprou vários apetrechos para a bebê, como, fralda e carrinho, o que dá informações de que ela premeditava os fatos. Ela não demonstrou motivação ou se iria ficar, registra a bebê no nome dela ou passar para uma terceira pessoa”, disse Pelágio entrevista à TV Anhanguera.
Fotos divulgadas pela Polícia Civil (PC) mostram alguns dos itens - Goiás — Foto: Divulgação/Polícia Civil
Alívio do pai
O pai da bebê desabafou sobre o crime ocorrido com a filha. Em entrevista à TV Anhanguera, Edson Ferreira contou que a mulher pegou a menina falando que iria "dar leite à ela" e a levou embora (assista abaixo).
"Um alívio só de ver minha filha novamente. Não tem preço que pague. Que a justiça seja feita, que essa mulher realmente fique presa e não aconteça com ninguém", detalhou Edson.
Nota da HC-UFU
"O HC-UFU informa que por volta da meia-noite uma mulher trajada como profissional de saúde, portando crachá da Universidade, entrou na maternidade e evadiu com um bebê recém-nascido do sexo feminino.
Poucos instantes após o fato, a equipe do hospital acionou a Polícia Militar de Uberlândia e cedeu as imagens das câmeras de segurança requisitadas pela corporação.
O HC já iniciou apuração interna de todas as circunstâncias do caso e está colaborando com as investigações. A instituição está à inteira disposição das autoridades e da família para a breve solução do caso".
A cada 1 minuto e 42 segundos, um celular foi furtado ou roubado no estado de São Paulo em 2023. É o que apontam os dados apresentados pelo 18º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18).
Ao todo, o estado registrou 158.150 furtos e 137.891 roubos de aparelhos no último ano, queda de 12,2% em comparação com 2022.
Em São Paulo, 71,4% dos furtos ocorreram em vias públicas. "O percentual apurado é sintomático como o fato de que é cada vez mais comum notícias sobre a atuação de gangues de bicicletas ou motos que tentam surpreender as vítimas quando elas estão utilizando seus aparelhos celulares nas ruas. Essa é uma tática que visa não só subtrair o equipamento, mas conseguir acessá-lo desbloqueado, o que facilita a rápida invasão de aplicativos de bancos e ou que permitam transferências ágeis de recursos", explica Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum, no Anuário.
Dentre os 50 municípios brasileiros onde mais ocorreram taxas de subtrações de celulares, por 100 mil habitantes, 15 estão localizados no território paulista. A análise inclui apenas cidades com população igual ou superior a 100 mil habitantes.
A cidade de São Paulo, por exemplo, foi uma delas e ficou como a terceira capital do país com maior índice de aparelhos furtados e roubados para cada 100 mil habitantes, atrás somente de Manaus, no Amazonas, e Teresina, no Piauí.
Segundo o levantamento realizado pelo Fórum, o modo como os celulares são subtraídos varia de acordo com o dia da semana e horário. Enquanto o número de roubos caiu no ano passado, o de furtos subiu.
Furtos são mais frequentes aos fins de semana (sábado e domingo) e em períodos menos movimentados, como no fim da manhã (10h às 11h) e fim de tarde (15h às 20h);
Roubos acontecem mais em dias da semana (segunda a sexta) e em períodos de maior deslocamento, também chamados de "horários de pico", como no início da manhã (5h às 7h) e à noite (18h às 22h).
Marca mais visada pelos criminosos foi a Samsung, com 37,4% dos casos, Motorola com 23,1% dos registros, Apple com 25% e Xiaomi com 10%.
Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas, utilizada pelo Anuário, mostrou que o Brasil tem 258 milhões de smartphones, 1,2 aparelhos por habitante. "O estudo, que analisa o número de smartphones em uso no Brasil desde 2007, indica que desde 2018 existe 1 smartphone por habitante, o que explica em partes o crescimento acentuado destes crimes nos últimos anos."
Nos EUA, país no qual a popularização dos smartphones ocorreu mais cedo, até pelo custo inferior dos equipamentos quando comparado com os valores praticados no Brasil, os roubos e furtos de celular já são um problema há pelo menos uma década. Na Europa o mesmo fenômeno está em andamento. Os roubos e furtos de celular tiveram crescimento de 20% no Reino Unido, por exemplo.
E o crime compensa financeiramente. Um relatório da Interpol sobre as redes transnacionais de roubo e receptação de aparelhos celulares na América Latina mostrou que, em 2014, o faturamento chegava a US$ 500 mil.
"Assim como ocorre nos demais crimes patrimoniais, o roubo e/ou furto de celular é um crime de oportunidade, mas com a popularização destes equipamentos e seu elevado valor agregado se tornou altamente rentável para o mundo do crime focar sua ação na subtração destes dispositivos", diz o estudo.
Estelionatos
"Os celulares se consolidam como porta de entrada frequente para outras modalidades delituosas em ascensão, como estelionatos e golpes virtuais", afirmam os especialistas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os crimes de estelionato, quando uma fraude é praticada com objetivo de se obter vantagem ilícita, cresceram em média 8,2% no país em 2023 — um caso a cada 16 segundos. Aqueles praticados por meios eletrônicos tiveram um salto ainda maior, de 13,6%.
O estado de São Paulo teve o maior aumento de casos de estelionato no país, 22,7% — quase o triplo da média nacional. A Secretaria da Segurança Pública estadual, contudo, ainda não distingue a modalidade virtual do crime, tipificação que foi acrescentada ao Código Penal Brasileiro em 2021.
De acordo com o Anuário, a prática de estelionato ultrapassou a de roubos, seguindo uma tendência mundial. Em parte, isso pode ser explicado pelo avanço da transformação digital no país e a falta de investimentos em segurança nessa área.
Por outro lado, crimes realizados à distância diminuem a exposição dos criminosos e torna o trabalho de identificá-los mais complexo.