De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), nos 40 dias de ação, 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em supostos confrontos com policiais. Alguns agentes se tornaram réus por homicídio durante a Operação Escudo.
No vídeo, divulgado primeiro pelo UOL, é possível ver duas viaturas da Rota estacionadas em uma avenida, por volta das 20h30 do dia 29 de julho de 2023. Os PMs estavam de pé na calçada, quando receberam a informação de que um indivíduo havia sido baleado.
"Até que enfim, hein? Joga aí na rede, joga no grupo. Aê! Agora, sim! [...] Foram mexer com o sistema. O sistema é bruto", comemorou um policial. Outro agente acrescentou: "Guerra é guerra, velho".
Em seguida, os policiais receberam pelo rádio a informação de que a morte aconteceu na Rua Operária, no Sítio Conceiçãozinha, em Guarujá (SP). Em 29 de julho de 2023, o g1 apurou que tiveram ao menos quatro homens baleados em supostos confrontos com policiais, sendo que Cleiton Barbosa Moura, de 24 anos, morreu baleado na via citada no vídeo.
À época dos fatos, a esposa dele, que preferiu não se identificar, afirmou que o marido foi executado a sangue frio. Ela contou que o homem foi arrastado de casa para um mangue e "fuzilado" perto do filho de 10 meses. A SSP-SP não confirmou se era a morte de Cleiton que os policiais comemoraram.
Conversa dos PMs
Além da comemoração, os policiais conversaram sobre a Operação Escudo e citaram o Erickson David da Silva, Deivinho, apontado como autor do disparo que matou o PM da Rota. "Alguém está bravo com essas coisas, hein? [...] Sabe o que vai ser pior? Hoje vai acabar. Eles vão cortar", disse um agente.
Um outro policial relembrou os "crimes de maio" de 2006, quando as forças de segurança reagiram aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) e mataram mais de 400 pessoas. "É que nem 2006, mano. Quem matou, matou. Não matou, irmão. Não vai matar mais", afirmou ele.
O mesmo agente afirmou que a corporação tinha que "aproveitar o final de semana", enquanto outro acrescentou que já tinham três mortos "por enquanto". "É que a [equipe] noturna não está QRV [à disposição] hoje, acho que eles estão de folga", explicou ele. O colega complementou: "Ainda tem eles hoje, os caras vai vir (sic) com força total. Noturna? Espera, viu? Os caras não vai (sic) deixar barato".
O que diz a SSP-SP?
Ao ser questionada sobre a comemoração dos policiais, a SSP-SP afirmou que o caso de morte em decorrência de intervenção policial foi investigado pelas polícias Civil e Militar e devidamente relatado à Justiça.
A secretaria reforçou que não compactua com desvios de conduta dos agentes e pune com rigor os que não obedecem aos protocolos da corporação. "A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade, transparência e proteção da vida", destacou a pasta.
Ainda de acordo com a SSP-SP, todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial são rigorosamente apurados, com acompanhamento das Corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Além disso, a secretaria destacou que são instauradas comissões de mitigação de riscos, que analisam as ocorrências a fim de identificar eventuais não conformidades.