Polícia investiga se farmácia vendeu analgésico sem receita médica para suspeita de matar empresário no Rio

Luiz Marcelo e Júlia no elevador onde ele foi visto com vida pela última vez A Polícia Civil do Rio investiga se o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, encontrado morto em seu apartamento, no Engenho Novo, na Zona Norte da capital, foi envenenado por um medicamento à base de morfina. Segundo o delegado Marcos André da 25ª DP (Engenho Novo), Júlia Andrade Cathermol Pimenta — principal suspeita da morte e considerada foragida pela polícia — teria comprado uma cartela do analgésico e adicionado 50 comprimidos moídos em um brigadeirão que teria sido servido à vítima. Na próxima segunda-feira, o gerente da farmácia será ouvido pelos agentes para esclarecer se o remédio foi vendido sem receita médica — o que é proibido. Isso porque o fármaco consta na lista A1, que reúne substâncias entorpecentes monitoradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Nesta sexta-feira, equipes da polícia também fizeram diligências em busca de informações que levem ao paradeiro de Júlia. Parentes do empresário estiveram no apartamento de Luiz Marcelo. No local, era possível ver marcas de sangue no chão, mau cheiro e pertences revirados.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

 

Corpo enrolado em lençóis

Segundo testemunhas, o corpo do empresário foi encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, enrolado em lençóis e sentado no sofá da sala, próximo da janela. O ventilador de teto estava ligado e um segundo ventilador foi posicionado Júlia ao lado do corpo para inibir o mau cheiro. O odor chegou a atrair urubus para sacada da janela do apartamento, segundo relato da suspeita a Suyany Breschak à polícia. Suyany está presa acusada de ser cúmplice

No quarto do empresário, objetos foram jogados em cima da cama. O guarda-roupa estava revirado. A família disse ao GLOBO que pretende doar os móveis a uma igreja. No entanto, ainda não sabem o que pretendem fazer com o apartamento. Vizinhos, que preferem não se identificar, disseram que de sábado para domingo ouviram" barulho de alguém gemendo de dor":

Casa de empresário que teria morrido por comer brigadeirão envenenado

— Pensei que fosse barulho do computador. Marcelo era tranquilo como vizinho. Ele gostava de brincar com os cachorros e os meus gatos. Senti um cheiro muito forte e pensei fosse um rato morto ou lixo acumulado na lixeira. Meu marido começou a sentir o cheiro no sábado. Tomei um susto quando os bombeiros chegaram e disseram que o cheiro era de um corpo em decomposição. A gente não via movimentação da Júlia. Meu marido a viu uma única vez. Eles eram pessoas reservadas. Ela não deixava Marcelo receber visitas. Não imaginava que um crime tão cruel havia acontecido ao lado da minha casa. Eu tenho um filho de 20 anos e fiquei pensando nele. O Marcelo estava feliz. Ele achava que estava vivendo um romance. Ele estava feliz — contou a vizinha de porta do empresário.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

Relembre caso

O corpo do empresário Luiz Marcelo Antonio Ormond foi encontrado no dia 20 de maio, em seu apartamento. Ele não era visto pelos vizinhos, que desconfiaram e chamaram socorro, desde o dia 17. O cadáver já estava em estágio avançado de decomposição, mas uma marca que indicava um possível golpe na cabeça fez os agentes investigarem como morte suspeita

Cartaz do Disque Denúncia: Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada — Foto: Reprodução

Segundo a Polícia Civil, ao decorrer do inquérito “os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo esteve no apartamento enquanto ele já estava morto e agiu com ajuda de sua comparsa, que trabalharia como cigana”. A suposta comparsa confessou ter ajudado a dar fim aos pertences da vítima e revelou que boa parte de seus ganhos vinham dos pagamentos de uma dívida de Júlia.

O corpo do empresário Luiz Marcelo Odmond quando encontrado pelo síndico do prédio, no dia 20, estava enrolada em lençóis, sentado no sofá da sala próximo da janela — Foto: Hermes de Paula/ O GLOBO

A namorada é considerada foragida da Justiça — contra ela há um mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado. O caso segue sendo investigado pela 25ª DP (Engenho Novo).

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/05/31/policia-investiga-se-farmacia-vendeu-analgesico-sem-receita-medica-para-suspeita-de-matar-empresario-no-rio.ghtml

Rota do Rio: entenda o caminho utilizado para o tráfico de drogas do Amazonas até o Rio de Janeiro

Mapa Rota do Rio — Foto: Editoria de Arte A investigação do Departamento de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro do Rio de Janeiro demonstrou que o Comando Vermelho recebe drogas que vêm dos países vizinhos. Tabatinga faz fronteira com as cidades de Letícia, na Colômbia, e Santa Rosa de Yavari, no Peru, e é a porta de entrada das drogas em território brasileiro.

A Polícia do Rio investiga se parte do material, após chegar a Manaus, é levada também para o Ceará, a fim de ser distribuída para outros portos do Nordeste, e para o Pará.

Outra parte desce o país transportada clandestinamente através de carros ou caminhões, passando pelo Centro-Oeste e por Minas Gerais.

Finalmente, a pasta-base de cocaína e o skunk chegam até Cleiton Souza da Silva, um dos principais operadores do Comando Vermelho do Amazonas no Rio de Janeiro.

Do Fallet-Fogueteiro, no Centro, ele distribui as drogas para outras comunidades e regiões nobres do município, como Barra da Tijuca, Copacabana, Catete e outros bairros da Zona Sul, além de outros municípios do interior do Rio.

Jefferson Ferreira, titular da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), descreveu como funciona o caminho das drogas e do dinheiro:

"O caminho da droga vem da tríplice fronteira (Brasil-Colômbia-Peru), passando por Manaus, vindo pro Rio de Janeiro, e o dinheiro faz o caminho contrário", explicou ele.

Entre os quatro presos na operação da última terça-feira, estava o traficante Juan Roberto Figueira da Silva, o Cocão, no Morro dos Prazeres. Segundo a Polícia Civil, ele era um dos principais responsáveis pelos roubos de veículos e a posterior clonagem dos carros.

O dinheiro obtido com esses crimes era utilizado para comprar as drogas que vinham pelo esquema da Rota do Rio.

"Além de quebrar essa cadeia financeira de comprar droga vendendo veículos roubados, clonados, vai impactar nos nossos índices do próximo trimestre, porque ele era uma das principais lideranças nessa clonagem e roubo de veículos", explicou o chefe do Departamento de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, Gustavo Ribeiro.

Como funcionava a lavagem

De acordo com as investigações, a quadrilha realiza pagamentos de forma pulverizada a diversos laranjas e empresas, como um frigorífico, para dificultar as investigações. Em 2 anos, o grupo movimentou R$ 27 milhões em atividades ilícitas.

Após a chegada das drogas no Rio, Cleiton, que nasceu no Amazonas, distribui as drogas para diversas comunidades e municípios do estado, além de bairros da Zona Sul e Oeste da cidade.

O dinheiro obtido com a venda de drogas é enviado para Cleiton, que a partir disso envia os pagamentos por diversas contas de passagem para que os valores voltem para o local do início do esquema criminoso, na fronteira.

O chefe do Departamento de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro, Gustavo Ribeiro, explicou que, segundo as investigações, o frigorífico localizado no Município de Boa Fonte é utilizado para "lavar" o dinheiro do tráfico, em uma prática que é conhecida como "Mescla".

O sócio do frigorífico utilizado no esquema é Raimundo Pinheiro da Silva, o Chicó, que foi prefeito no Município de Anamã, no Amazonas.

"É aí que entra o ex-prefeito, que tem um frigorífico e um comércio de pescado que eram também utilizados para a movimentação da droga, e esses comércios de fachada eram usados como uma mescla para receber esses valores justamente dessa rota final do tráfico", explicou Gustavo.

Raimundo foi cassado duas vezes após ser acusado de compra de votos e abuso de poder econômico. "Nós comprovamos que parte desse poder econômico vem do tráfico de drogas do Rio de Janeiro", afirmou o secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Amim.

O ex-prefeito fugiu para Brasília poucas horas antes da chegada dos policiais que foram cumprir mandados de busca e apreensão na sua casa.

g1 não conseguiu contato com Raimundo Pinheiro da Silva ou sua defesa.

Racha na Família do Norte

O esquema funciona, de acordo com as investigações, desde o enfraquecimento da facção Família do Norte (FDN), que sofreu um racha. O grupo teve a maior parte dos seus líderes presa.

Segundo a Polícia Civil do Amazonas, parte dos traficantes da antiga facção fundou o Comando Vermelho do Amazonas, que hoje domina a maior parte dos territórios de Manaus e disputa com o PCC o controle do tráfico na tríplice fronteira.

"É uma tábua de salvação do Comando Vermelho. Após o racha da Família do Norte, essa rota deu sobrevida ao Comando Vermelho porque tem muita capilaridade de entrega de armas, de drogas”, explicou o secretário de Polícia Civil do Rio, Marcus Amim.
 

Mano Kaio foi preso no Rio de Janeiro em 2017, quando era integrante da facção Família do Norte. Hoje é um dos chefes do Comando Vermelho no Amazonas — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Atualmente, o principal nome do CV no Amazonas é o traficante Kaio Wellington Cardoso dos Santos, conhecido como Mano Kaio, que está foragido.

Ele foi preso no Rio de Janeiro em 2017, quando ainda era integrante da Família do Norte.

 

PF derruba mega esquema que transportou seis toneladas de cocaína

Investigados são suspeitos de incorrer em uma série de outros crimes, como evasão de divisas, tortura, falsificação de documentos públicos e mais Mato Grosso do Sul e outros 10 Estados da Federação estão na mira da Polícia Federal, em combate a quadrilha que, durante três anos, transportou seis toneladas de cocaína em um esquema envolvendo empresas de fachada, doleiros e laranjas, suspeita de "alimentar" a América Central. 

Operações nacionais, a Sordidum e Prime tem o mesmo objetivo: combate a organizações criminosas especializadas no tráfico internacional de drogas e armas. 

Além disso, os investigados são suspeitos de incorrer em uma série de outros crimes, como evasão de divisas, tortura, falsificação de documentos públicos e mais, devido às práticas que ligavam essa "teia criminosa". 

Segundo a Polícia Federal, além de Mato Grosso do Sul, os mandados são cumpridos em: 

  • Alagoas,
  • Bahia,
  • Goiás,
  • Mato Grosso,
  • Pará,
  • Paraná,
  • Rio de Janeiro,
  • Santa Catarina,
  • Paraíba e
  • São Paulo

Sem que a Polícia Federal especifique os alvos, os mandados em Mato Grosso do Sul, conforme apuração de portais locais, concentram-se em pontos conhecidos como rota do tráfico, como os municípios de Dourados e Ponta Porã. 

Conforme lista a PF, são 64 mandados de busca e apreensão, mais 25 de prisão preventiva, 11 para encarceramento temporário, além do bloqueio de bens e valores mirando ao menos 80 pessoas e empresas envolvidas, bem como sequestro de cerca de 90 imóveis identificados.

Esquema

Ainda conforme a Polícia Federal, as ações criminosas pelos 11 Estados eram favorecidas por um emaranhado de ligações pessoais. 

A PF aponta a utilização de doleiros atuantes na fronteira do Brasil com países vizinhos, citada também que algumas empresas de fachada foram criadas, bem como negócios dissimulados e pessoas interpostas, com intuito tanto para movimentar quanto mascarar os valores e bens adquiridos pelo grupo. 

Conforme a lista de municípios alvo, divulgada pela PF, em Mato Grosso do Sul as ações pelas operações Sordidum e Prime ficaram focadas em Bonito, Caarapó, Dourados e Ponta Porã. 

Entre as apreensões locais se destacam caminhões; joias e dinheiro, além de veículos de luxo, como aponta o portal local Dourados News, que cita entre os alvos itens das empresas: Referência Incorporadora; Primeira Linha Acabamentos, Focco Imobiliária e Efraim Incoorporadora. 
**(Matéria editada às 12h28 para acréscimo de informação)

Fonte: https://correiodoestado.com.br/cidades/pf-derruba-mega-esquema-que-transportou-seis-toneladas-de-cocaina/430258/

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