Se não fosse o excesso de zelo da Justiça, Averaldo Ferreira da Silva Filho, o 'Averaldinho', uma das lideranças do Bonde do Maluco (BDM) já estaria solto. Isso porque o advogado dele, Antonio Jorge Santos Júnior, é acusado de juntar no processo um documento falso do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que concedia a liberdade ao faccionado, que cumpre pena no Conjunto Penal de Serrinha, unidade de segurança máxima no estado.
No entanto, a fraude foi descoberta pela Vara dos Feitos Relativos a Delitos de Organização Criminosa (VOCRIM) de Salvador no último dia 23 e agora o advogado é investigado pelo crime na Delegacia dos Crimes Econômicos e contra a Administração Pública (Dececap) da Polícia Civil.
Mesmo com todas as características de um documento verdadeiro, inclusive com o nome do ministro relator, neste caso seria Og Fernandes, a Vara checou a autenticidade do habeas corpus, negado pela instância superior.

Averaldinho, líder do tráfico no Calabar e Alto das Pombas Crédito: Divulgação
Acusado diz que não é o autor da falsificação
Procurado pela Coluna, o advogado Antonio Jorge negou que fosse o autor da falsificação. Por telefone, disse que o responsável pelo documento é um advogado anterior a ele. Em nota enviada, o acusado esteve no Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) no dia 01, onde protocolou documentação “relevante para a elucidação dos fatos”:
Cópias de e-mails trocados com o gabinete do ministro Og Fernandes; representação protocolada no Tribunal de Ética da OAB/DF contra o advogado Eduardo Araújo Lustosa, pois, segundo ele, "passou a decisão para parentes do sr. Averaldo Ferreira, informando que teria conseguido a revogação de sua prisão e cobrando valores pelo serviço prestado".
Já a OAB/BA informou que o Tribunal de Ética não recebeu ofício da Vara sobre o caso.

Transferência de Averaldinho foi realizada nesta quarta-feira Crédito: Divulgação/MP-BA
'Roceirinho': de homem da roça a líder de facção
Antes de fundar a Katiara, uma das facções mais atuantes na Bahia, Adilson Souza Lima era uma pessoa pacata, em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo Baiano. O traficante, que recentemente teve a progressão de regime suspensa pela Justiça, quando adolescente, cuidava de cavalos e gado nas fazendas, daí veio o seu apelido: ‘Roceirinho’. Adulto, passou a vender carne na feira – acordava quando o sol nascia e só voltava quando a noite chegava.
A casa dele, onde morava com os pais e irmãos, ficava perto de uma boca de fumo – à época, o tráfico não era nada grandioso como hoje. Foi quando um traficante de Salvador viu nele um “potencial” e prometeu torná-lo gerente.
Diante das vantagens: dinheiro, carro e mulheres, Adilson não pensou duas vezes. Aos 40 anos, seguiu carreira solo e depois montou seu próprio exército no bairro onde cresceu, Katiara. Logo depois, aumentou seu faturamento e investiu na ampliação do seu bando e expansão do território.

Líder da Katiara, Roceirinho estava perto de ir para o semiaberto, mas teve preventiva decretada Crédito: SSPBA