Os policiais militares envolvidos na troca de tiros com suspeitos da tentativa de assalto ao pastor Silas Malafaia, no Rio de Janeiro, estavam em um carro que pertence à Assembleia de Deus Vitória em Cristo, igreja da qual o pastor é líder.
A confirmação da propriedade do veículo foi realizada pela reportagem em consulta a banco de dados e não consta no relatório policial.
A vinculação dos agentes à igreja não foi dita nos depoimentos realizados na 22ª DP (Penha), unidade que fez o registro inicial da ocorrência do crime ocorrido nesta quarta (26). Tampouco os agentes mencionaram a presença do pastor.
A corregedoria suspeita que os policiais estivessem atuando como seguranças de Malafaia, o que contraria as normas da corporação, que veda a realização de segurança privada, por exemplo. Por isso, os agentes podem ter omitido essa informação em seus depoimentos. A Folha não conseguiu contato com os policiais.
Em depoimentos na delegacia, os policiais militares André Luiz Barcelos, Ricardo Barbosa e Obedis Almeida Rosa afirmaram que estavam de folga, dentro do veículo, quando viram quatro homens tentando assaltar o carro BMW que estava à frente deles.
Malafaia estava nessa BMW, que é blindada. A assessoria do pastor não retornou aos contatos feitos por email e telefone.
Ainda segundo os PMs, após a tentativa de assalto à BMW falhar, os suspeitos tentaram roubar o Toyota em que eles estavam, momento no qual reagiram. No total, os agentes realizaram 23 disparos.
Em depoimento, Barcelos disse que "repeliu a injusta agressão efetuando seis disparos com pistola 9 mm contra os autores do fato criminoso. Que também tais elementos efetuaram disparos de arma de fogo contra este declarante".
Ele acrescentou que seguiu um dos suspeitos que fugira a pé até uma unidade de saúde. Imagens das redes sociais mostram policiais à paisana cercando a unidade e entrando armados no local. Um deles portava um fuzil. Não é possível, ainda, saber se são os mesmos agentes.
O suspeito baleado foi identificado como Gabriel Ribeiro Pedro, 23. Ele já teve alta e foi preso, com audiência de custódia marcada para esta quinta (28). Não há defesa cadastrada até o momento.
Também em depoimento, o policial Barbosa afirmou que viu "quatro indivíduos armados em ação criminosa tentando roubar um veículo BMW que estava à frente. Que, posteriormente, tais elementos vieram na direção do veículo no qual se encontrava". Ele afirma ter realizado doze disparos com pistola.
Versão semelhante disse o policial Obedis, que afirmou ter realizado outros cinco disparos.
O caso segue sendo investigado. Até o momento, a polícia já identificou os outros suspeitos envolvidos na troca de tiros.