Operação mira quadrilha de matadores de aluguel que age para o jogo do bicho no Rio; 13 PMs são alvo

Imagens mostram momento que tiros são disparados contra comerciante A Polícia Civil do Rio faz, nesta quinta-feira, uma operação contra uma quadrilha de matadores de aluguel que age para o jogo do bicho. O bando, segundo as investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), teria envolvimento com uma séria de assassinatos, entre eles o do dono do bar Parada Obrigatória, em Vila Isabel, na Zona Norte da capital, e o do advogado Rodrigo Marinho Crespo, executado à luz do dia em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Centro.

Os agentes cumpriram um mandado de prisão contra Ryan Patrick Barboza de Oliveira. A DHC apurou que ele foi o responsável por monitorar os passos de Antônio Gaspaziane Mesquita Chaves, dono do Parada Obrigatória. Ele foi executado no dia 9 de junho deste ano, na esquina das ruas Souza Franco e Teodoro da Silva, em Vila Isabel. O motivo, afirma a polícia, foi o desvio de dinheiro de máquinas caça-níqueis instaladas em seus bares, que pertencem a um grupo que atua no bairro. Para a ação desta quinta, a Justiça expediu ainda 41 mandados de busca e apreensão — 13 policiais militares são alvos.

De acordo com as investigações, Ryan aparece nas imagens registradas por câmeras de segurança no local do assassinato vestindo uma camisa de cor laranja, e segue Gaspaziane em sua motocicleta a partir do Centro do Rio desde as primeiras horas de domingo, dia em que o crime foi praticado. Após deixar um dos bares dos quais era dono, o empresário foi para o Parada Obrigatória e ficou no local por cerca de 30 minutos. Ryan acompanhou toda a movimentação, conforme a polícia, e repassou instruções para os executores pelo celular. Uma câmera de segurança filmou a ação.

No momento em que a vítima entrou em seu carro, que estava parado na Rua Souza Franco, esquina com o Boulevard 28 de Setembro, Ryan deu sinal para os executores entrarem em ação. Gaspaziane teve o veículo interceptado por um Polo, do qual desceram os atiradores.

Durante a operação desta quinta, as equipes da DHC — apoiadas pela Corregedoria Interna da Polícia Militar e por equipes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) e da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHSGI) — também cumprem mandados de busca e apreensão relacionados à investigação que apura as mortes de Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, e Alexsandro José da Silva, ocorridos em novembro de 2022, na Rua Pedro Borges, na comunidade do Guarda, em Del Castilho, na Zona Norte da capital.

De acordo com a investigação da DHC, o grupo de matadores age com requintes de crueldade e trabalharia mediante contratação em que, depois do pagamento, independentemente de quem fosse a vítima, os assassinos executariam o serviço.

Máfia do cigarro

Os alvos dos mandados, de acordo com a polícia, são integrantes de uma organização criminosa que lida com a venda de cigarros e a exploração de jogos de azar.

Durante as investigações, foi verificado que os membros desse grupo criminoso realizaram, em julho de 2023, um monitoramento intenso visando a localização e, ao que tudo indica, a execução de uma vítima, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Essa vítima foi alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pela Polícia Federal em 29 de novembro de 2022, contra a máfia do jogo do bicho.

Guerra da contravenção

Um indício da ligação dos matadores de aluguel com a contravenção está num episódio de violência envolvendo o bar Parada Obrigatória em abril de 2023. Na ocasião, um grupo de seis homens, usando três carros, desembarcou dos veículos. Após conversarem por alguns minutos, um deles entrou no bar e fez disparos contra duas pessoas. Em seguida, os agressores fugiram.

Na época, a Polícia Civil investigou o caso como tendo ligação com uma guerra por territórios entre os bicheiros Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, e Bernardo Bello. O crime aconteceu dias depois de que o filho de um gerente de pontos de bicho que, segundo a polícia, trabalhava para Bello, sofreu uma tentativa de homicídio no Estácio.

O gerente procurou a polícia para denunciar a guerra. Ele confessou trabalhar na contravenção para a família Paes Garcia, a mesma do falecido bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, assassinado a tiros em 2004. Na época, ele denunciou Rogério de Andrade e Adilsinho por serem responsáveis pela disputa de pontos de apostas em Vila Isabel e em bairros da Zona Sul do Rio.

Na mesma ocasião, o gerente disse que seu filho não trabalhava na contravenção e que teria sido ferido por engano. Na ocasião, as defesas de Adilsinho e Rogério negaram as acusações feitas pelo denunciante.

Execução de advogado

Além de Ryan, a polícia já identificou Cézar Daniel Mondego de Souza e Leandro Machado da Silva, conhecido como Machado ou Cara de Pedra, como integrantes do grupo de matadores. Cézar e Leandro estão presos acusados de envolvimento na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, em fevereiro deste ano.

Leandro, que é policial militar, seria o responsável pela parte logística do crime, como o aluguel de carro. Um terceiro suspeito identificado é Eduardo Sobreira Moraes, apontado na investigação como o responsável por seguir os passos do advogado nos dias anteriores e no próprio dia da execução.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/08/08/operacao-mira-quadrilhas-de-matadores-de-aluguel-que-age-no-rio-12-pms-sao-alvo.ghtml

 
 

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