Relatório do CNJ aponta casos de tortura, abuso sexual e homicídio em presídio de Pinhais

pc O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) elaborou um relatório em que cita uma série de denúncias e suspeitas de violação de direitos humanos no Complexo Médico Penal do Paraná (CMR-PR), localizado na região metropolitana de Curitiba. O documento reúne evidências de tortura e casos de abuso sexual, homicídios e suicídio de detentos.

O despacho é assinado pelo juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi, coordenador do departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas. As denúncias foram encaminhadas pela Defensoria Pública do estado e pelo deputado estadual do Paraná Renato Freitas (PT).

O CNJ abriu um procedimento administrativo para apurar a situação. O ofício do órgão reúne um parecer feito pelo parlamentar a partir de uma visita inspecional feita no complexo penal em 11 de outubro do ano passado.

“Extrai-se da documentação encaminhada [pelo deputado] que as condições precárias de saúde resultaram em riscos, violência e mortes, incluindo suicídios e homicídios. A resistência da equipe de segurança em movimentar os detentos [de cela] dificultou o atendimento pelos setores de Psicologia e Terapia Ocupacional”, diz o parecer do juiz do CNJ.

Os relatos citam 12 detentos. Alguns se suicidaram ou tentaram tirar a própria vida, outros foram vítimas de abusos sexuais, e há ainda os que foram encontrados mortos “sob circunstâncias suspeitas após pedido de mudança de cela ignorado”. Há um caso de óbito “por possível desidratação”.

600.png

 

 

O relatório do CNJ diz ainda que o dossiê apresentado pelo parlamentar reúne evidências de “múltiplas violações de direitos humanos”, como alimentação de má qualidade, estrutura precária, acesso limitado a banho e “condições insalubres na lavanderia”.

O juiz também cita três vídeos do circuito interno de câmeras de segurança do Complexo Médico Penal do Paraná que foram enviados de maneira anônima para a Defensoria. As imagens foram encaminhadas ao CNJ

Um dos vídeos, datado de 22 de março deste ano, mostra um detento sendo agredido por funcionários do local ao ser colocado dentro de sua cela. “Durante a tentativa de retirada das algemas, que envolve uso inadequado e perigoso de uma serra circular elétrica, [o preso] é agredido com socos, chutes e puxões por vários servidores”, descreve o despacho do juiz.

O CNJ aponta que a Polícia Penal do Paraná (Deppen) informou que, desde o surgimento “das preocupações levantadas, a equipe dedicou tempo e recursos consideráveis para revisar internamente os procedimentos e identificar áreas que necessitam de correção ou aprimoramento, reconhecendo que há realmente necessidade de melhorias”.

O juiz diz que as informações prestadas pelas diversas instituições “corroboram, em sua totalidade, as graves denúncias que ensejaram a instauração do presente procedimento [administrativo]”.

Visita do CNJ ao Complexo Médico Penal em Pinhais no dia 16 de junho de 2023 — Foto: G. Dettmar/Ag. CNJ

“Em que pese que providências estejam sendo tomadas pelas instituições locais, deve-se registrar que as respostas apresentadas trouxeram novos e graves fatos ocorridos nas dependências do CMP, com filmagens que demonstram a possível prática dos crimes de tortura e peculato”, finaliza. A partir destas novas evidências, o CNJ pediu esclarecimentos e questionou as eventuais providências adotadas no local.

Procurada pela coluna, a Polícia Penal do Paraná diz que instaurou um Gabinete de Crise para lidar com a situação e que “já implementou uma série de medidas corretivas e estruturais em prol de um tratamento penal mais humanizado e eficaz”.

De acordo com o órgão, gestantes e cadeirantes foram transferidos “para unidades mais adequadas” e foram implementadas “readequações estruturais no próprio CMP para aprimorar as condições locais, além de iniciativas voltadas à promoção de educação e capacitação dos custodiados”.

“Adicionalmente, o Processo Seletivo Simplificado (PSS) está em andamento já na fase de contratação de novos profissionais de saúde, que atuarão diretamente no CMP”, finaliza.

Inaugurado em 1969, o complexo abriga principalmente pessoas que cumprem medida de segurança, ou seja, que possuem alguma deficiência, transtorno mental ou outra condição que afasta a imputabilidade de crime. O local já recebeu condenados no âmbito da Operação Lava Jato e dos ataques de 8 de janeiro.

Fonte: https://www.bandab.com.br/seguranca/tortura-abuso-homicidio-presidio-parana/

'O que descobri ao trocar 50 cartas e visitar o maníaco do parque 10 vezes'

pc Movida pela curiosidade, a fonoaudióloga luso-brasileira Simone Lopes Bravo decidiu ouvir um dos mais temidos assassinos em série do Brasil: Francisco de Assis Pereira, mais conhecido como o "maníaco do parque". Ele foi condenado a mais de 200 anos de prisão pela morte de sete mulheres em 1998 —e confessou o assassinato de onze mulheres, além de 23 ataques.

Por cerca de dois anos, Simone vem trocando cartas com Francisco, que está recluso na Penitenciária de Iaras (SP), onde não recebia visitas havia dez anos —até ser abordado por Simone. As conversas deram origem ao livro "Maníaco do Parque: A Loucura Lúcida".

Ao UOL, Simone contou como tudo começou, como foram as dez visitas que fez no presídio e a experiência com Francisco.

Povo de Israel: estatuto de facção defende estupradores e morte a “X9”

 

pc Desprezados pela massa carcerária e muitas vezes jurados de morte por integrantes de outras facções criminosas, presidiários condenados por estupros e pedofilia se uniram para formar a organização Povo de Israel (PVI ). Chamados de “neutros”, os detentos se juntaram para formar a facção que surgiu nos presídios do Rio de Janeiro há 20 anos e, atualmente, influencia 18 mil presos em 13 unidades prisionais, chamadas de “aldeias”.

Nos moldes das grandes facções, como a paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e a carioca Comando Vermelho (CV), o PVI fez fortuna com a prática de crimes cometidos dentro dos presídios. A facção teria movimentado cerca de R$ 70 milhões, entre janeiro de 2022 e maio deste ano, e investido pesado na prática do golpe do falso sequestro, sempre aplicado por meio de ligações via aparelho celular.

O Povo de Israel também fez seu próprio estatuto e, é claro, a principal diretriz é “proteger” os presos envolvidos com crimes sexuais. O estatuto revela regras rigorosas para seus membros, excluindo termos pejorativos e promovendo um ambiente de “tranquilidade” dentro das unidades prisionais que controla. “Do portão pra dentro, zera tudo”, diz o primeiro mandamento do documento anexado ao inquérito da Polícia Civil, que investiga a quadrilha.

Morte a “X-9”

Entre os detentos do bando, o uso da palavra “estuprador” é proibido. “Nosso lema é dormir e acordar em paz”, diz a terceira norma, sugerindo que os apenados nesses locais não enfrentam ameaças de morte em razão dos crimes que cometeram. O quinto mandamento do estatuto diz que as lideranças não irão perdoar delatores e “cagoetes”, os chamados “X-9”.

O nome da facção teria surgido durante uma rebelião no presídio Ary Franco, em Água Santa, no Rio de Janeiro, em 2004, e teria sido batizada durante esse motim: um dos detentos teria aberto uma bíblia exatamente em um versículo que falava sobre o “Povo de Israel”.

Ela é basicamente formada por encarcerados apelidados de “neutros”, que são detentos renegados por outras facções por serem, muitas vezes, estupradores e pedófilos. Eles buscaram se isolar dos grupos já existentes nas cadeias para se estruturar entre si. Houve, então, um pedido para a transferência de todos eles para o presídio Hélio Gomes, em Magé, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

Fonte: https://www.metropoles.com/distrito-federal/na-mira/povo-de-israel-estatuto-de-faccao-defende-estupradores-e-morte-a-x9

Organização criminosa que age em presídios, Povo de Israel é alvo de operação das polícias Civil e Penal

 A organização criminosa Povo de Israel — que está em expansão no Rio, conforme revelado pelo GLOBO nesta terça-feira — é alvo de uma operação das polícias Civil e Penal. Agentes da Delegacia Antissequestro (DAS) e da Subsecretaria de Inteligência e da Corregedoria da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) deflagraram a primeira fase da Operação 13 Aldeias, resultado de uma investigação que começou há dez meses. A apuração identificou um esquema de lavagem de dinheiro por meio de laranjas e empresas fantasmas que vêm abastecendo a quadrilha.

As equipes visam a cumprir 44 mandados de busca e apreensão, bloqueio de contas correntes e respectivos ativos financeiros de 84 investigados, bem como o afastar da função pública cinco policiais penais. A diligências são realizadas em Copacabana e Irajá, na capital, e nos municípios de São Gonçalo, Maricá, Rio das Ostras, Búzios e São João da Barra, bem como no estado do Espírito Santo. A Polícia Penal também efetua ações nos presídios onde estão as lideranças desta facção.

De acordo com as investigações, o Povo de Israel surgiu em 2004, após uma dissidência de bandidos em uma rebelião. A facção criminosa conta atualmente com aproximadamente 18 mil presos — já supera, em número de integrantes nas cadeias, o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP) — e ocupa 13 unidades prisionais (chamadas pelos presos de "aldeias"). Esse volume representa 42% do efetivo prisional.

 

De acordo com os agentes, o grupo movimentou cerca de R$ 70 milhões ao longo de dois anos, graças a recursos obtidos com os crimes de tráfico de drogas e extorsão praticada por meio de falsos sequestros. As investigações, conforme a DAS, indicam que a organização criminosa tem planos para conquistar territórios fora das penitenciárias.

Em nota, enviada nesta segunda-feira, a Seap informou que, nos últimos anos, por meio de sua Subsecretaria de Inteligência, intensificou as ações para combater as atividades ilícitas do Povo de Israel — presente em unidades de presos de perfil tido como neutro. Esse trabalho, afirmou a pasta, resultou no levantamento encaminhado para a DAS, que deu origem à investigação em curso.

 

"A Secretaria acrescenta que, entre os servidores citados, dois deles já respondem a processos administrativos disciplinares (PAD), e um deles se encontra preso. Sobre o episódio envolvendo uma tentativa de ingressar no Presidio Nelson Hungria com celulares dentro de uma quentinha, foi verificado que a ação partiu exclusivamente dos servidores envolvidos, tendo sido descartada a participação da empresa fornecedora de alimentação para a unidade prisional", diz o comunicado.

Ameaças a comerciantes e moradores

Além do falso sequestro, o grupo também faz ameaças a comerciantes e moradores em áreas dominadas por outras facções. As vítimas são forçadas a transferir dinheiro para contas de terceiros, que repassam os valores conforme ordens da chefia do grupo. Segundo a polícia, o lucro dos golpes é dividido em quatro partes: 30% para o “empresário”, responsável pelo celular; 30% para o “ladrão”, executor do golpe; 30% para o “laranja”, que recebe o dinheiro; e o restante vai para o caixa comum do PVI.

Esse grupo tem contribuído para a explosão de golpes no Rio. Nos primeiros nove meses deste ano, foram 109.887 ocorrências de estelionato no estado, o equivalente a um caso a cada 3,5 minutos, em média. O número é o maior desde 2003, início da série histórica, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Já o número de registros de extorsão se manteve estável entre 2023 e 2024. Nos nove primeiros meses deste ano, foram 2.367 ocorrências do crime no estado, contra 2.368 no mesmo período do ano passado.

Droga em quentinhas

De acordo com a Seap, até o fim de 2022, o tráfico feito pelo Povo de Israel era restrito a pequenas quantidades dentro do sistema. Porém, desde o ano passado, grupo firmou acordos com grandes fornecedores e deu uma dimensão maior ao tráfico. Em setembro de 2023, por exemplo, a Secretaria apreendeu uma carga avaliada em R$ 1,5 milhão no Presídio Nelson Hungria, no Complexo de Gericinó.

Drogas foram apreendidas em quentinhas que iriam para presos no Complexo de Gericinó

A droga estava escondida em embalagens de quentinhas. Além dos entorpecentes, foram encontrados 71 celulares, além de carregadores e fones de ouvido. Esses aparelhos são fundamentais para a aplicação dos golpes. Entre 2023 e 2024, agentes penitenciários apreenderam 5.832 celulares nas unidades sob influência do PVI, uma média de oito por dia.

No curso das investigações, a Polícia Civil também identificou transferências suspeitas para cinco policiais penais, todos com histórico de atuação nas unidades controladas pelo Povo de Israel. Juntos, eles receberam R$ 437 mil. Um dos servidores foi preso em março do ano passado ao tentar entrar com drogas no Presídio Dalton Crespo, em Campos. Já solto, ele responde a um procedimento administrativo disciplinar (PAD). Outro foi detido em agosto deste ano com drogas e celulares na Cadeia Pública Juíza Patricia Acioli, em São Gonçalo. Este segue preso.

Presos pagam até R$ 20 mil em propina para ter um celular na PCE

pc O supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF-MT), desembargador do Tribunal de Justiça Orlando de Almeida Perri, revelou que um celular dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, custa de R$ 5 mil a R$ 20 mil. Ele sugeriu ainda que os aparelhos chegam até os presidiários devido à corrupção que ocorre dentro do sistema prisional. 

"Não são apenas visitantes, familiares ou os amigos dos reeducandos que introduzem celulares pra dentro dos presídios. Nós sabemos, lamentavelmente, que existe corrupção dentro do sistema prisional. Nós sabemos quanto custa um celular dentro do sistema prisional. [...] As informações nos dão conta que varia de R$ 5 mil a R$ 20 mil, se não mais", disse Perri. 

Recentemente, as forças de segurança do Estado fizeram duas varreduras na unidade, relativas à Operação Raio Limpo, que resultaram na apreensão de mais de 100 celulares.

À imprensa, Perri ressaltou que celulares em presídios são um problema nacional e que Mato Grosso vem buscando alternativas para combater essa situação.

Para ele, além das medidas já adotadas, como raio-x e retirada de tomadas das unidades para evitar o carregamento dos aparelhos, é preciso uma fiscalização rigorosa. Ele defende que todos que entram no sistema prisional devem ser submetidos a uma vistoria feita por um aparelho de scanner.

“Eu defendo uma rigorosa fiscalização na estrada do sistema prisional. Eu defendo que juiz, promotor e até o governador passe por scanner, todos devem ser vistoriados na entrada dos nossos presídios”, sugeriu o desembargador.

Fonte: https://www.reportermt.com/policia/presos-pagam-ate-r-20-mil-em-propina-para-ter-um-celular-na-pce/213259

Vídeo mostra policial encontrando celulares em cadeira de rodas

pc As forças de Segurança do Estado encontraram três celulares escondidos em uma cadeira de rodas durante a operação Raio Limpo, na segunda-feira (14), na PCE (Penitenciária Central do Estado), em Cuiabá.

Um vídeo mostra o momento em que um policial corta os suportes acolchoados para pernas da cadeira de rodas que pertencia a um preso condenado por roubo, tráfico de drogas e outros crimes. O agente, então, retira os três celulares.

No total, conforme a Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública), foram apreendidos 71 celulares, 130 chips de aparelho celular e diversas porções de drogas em posse dos presidiários.

A operação deflagrada ontem foi a segunda fase da Raio Limpo, que tem como objetivo fazer uma varredura nas instalações da unidade prisional para apreender materiais ilícitos.

Cerca de 120 agentes das forças de Segurança atuaram na operação, sendo 60 policiais penais, 21 civis, 25 militares e 11 peritos da Politec. 

Todos os flagrantes são relatados ao Poder Judiciário para responsabilização dos envolvidos. Os celulares apreendidos irão passar por perícia na Politec para coleta de evidências de possíveis crimes cometidos com intermédio dos aparatos. 

Veja o vídeo:

pcv

 

 

 

 

 

Fonte: https://www.midianews.com.br/cotidiano/video-mostra-policial-encontrando-celulares-em-cadeira-de-rodas/479876

Copyright © Impakto Penitenciário / Design by MPC info