Derrite tira aposentadoria de policial por mesada de R$ 5 mil do PCC

d1202 Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite determinou a cassação da aposentadoria do policial civil Renato Pexeiro Pinto, conhecido como Peixe. O agente foi condenado pela 2ª Vara da Fazenda Pública por improbidade administrativa, acusado de receber “mesada” de R$ 5 mil de traficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

No mesmo processo, também foi condenado o investigador de polícia Mark de Castro Pestana, o Max. Ele foi punido por Derrite com a demissão a bem do serviço público. As investigações conduzidas pela Corregedoria de Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), apontaram que Peixe e Max tinham um acordo com o grupo liderado pelo traficante Wanderson de Paula Lima, o Andinho, um dos líderes do PCC.

Em conversas telefônicas monitoradas pela polícia, os dois foram citados como informantes e colaboradores da facção por um traficante identificado como Agnaldo Aparecido da Silva Simão, conhecido como Codorna. “A relação entre os requeridos e os traficantes do bairro Jardim São Fernando foi descoberta pelo Gaeco quando havia investigação de outra quadrilha formada por policiais da capital e que estavam exigindo pagamento de valores para não efetuar as prisões”, diz a denúncia contra Max e Peixe.

“Uma escuta telefônica da polícia descobriu tais traficantes fazendo referência ao pagamento de valores aos requeridos, e o fato foi confirmado pelo traficante Agnaldo Aparecido da Silva Simão, conhecido como Codorna. Codorna contou, ainda, que mensalmente entregava aos policiais Peixe e Max, como são conhecidos os requeridos, a quantia de R$ 5.000,00”, apontou o MPSP no inquérito contra os policiais. O valor anual da propina chegava a R$ 300 mil para cada agente.

Peixe e Max foram presos em junho de 2013, quando estavam lotados no 10º Distrito Policial de Campinas. Em 2015, foram libertados mediante habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Em 2019, os policiais foram condenados a perda da função pública, suspensão de direitos políticos, multa de R$ 144 mil e proibição de contratar com o poder público por 5 anos. Renato Pexeiro Pinto também foi condenado a devolver mais R$ 144 mil aos cofres públicos por enriquecimento ilícito.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/paulo-cappelli/derrite-tira-aposentadoria-de-policial-por-mesada-de-r-5-mil-do-pcc

Carro usado por PMs que acompanhavam Malafaia na hora do assalto pertence à igreja do pastor

d1129 Os policiais militares envolvidos na troca de tiros com suspeitos da tentativa de assalto ao pastor Silas Malafaia, no Rio de Janeiro, estavam em um carro que pertence à Assembleia de Deus Vitória em Cristo, igreja da qual o pastor é líder.

A confirmação da propriedade do veículo foi realizada pela reportagem em consulta a banco de dados e não consta no relatório policial.

A vinculação dos agentes à igreja não foi dita nos depoimentos realizados na 22ª DP (Penha), unidade que fez o registro inicial da ocorrência do crime ocorrido nesta quarta (26). Tampouco os agentes mencionaram a presença do pastor.

A corregedoria suspeita que os policiais estivessem atuando como seguranças de Malafaia, o que contraria as normas da corporação, que veda a realização de segurança privada, por exemplo. Por isso, os agentes podem ter omitido essa informação em seus depoimentos. A Folha não conseguiu contato com os policiais.

Em depoimentos na delegacia, os policiais militares André Luiz Barcelos, Ricardo Barbosa e Obedis Almeida Rosa afirmaram que estavam de folga, dentro do veículo, quando viram quatro homens tentando assaltar o carro BMW que estava à frente deles.

Malafaia estava nessa BMW, que é blindada. A assessoria do pastor não retornou aos contatos feitos por email e telefone.

Ainda segundo os PMs, após a tentativa de assalto à BMW falhar, os suspeitos tentaram roubar o Toyota em que eles estavam, momento no qual reagiram. No total, os agentes realizaram 23 disparos.

Em depoimento, Barcelos disse que "repeliu a injusta agressão efetuando seis disparos com pistola 9 mm contra os autores do fato criminoso. Que também tais elementos efetuaram disparos de arma de fogo contra este declarante".

Ele acrescentou que seguiu um dos suspeitos que fugira a pé até uma unidade de saúde. Imagens das redes sociais mostram policiais à paisana cercando a unidade e entrando armados no local. Um deles portava um fuzil. Não é possível, ainda, saber se são os mesmos agentes.

O suspeito baleado foi identificado como Gabriel Ribeiro Pedro, 23. Ele já teve alta e foi preso, com audiência de custódia marcada para esta quinta (28). Não há defesa cadastrada até o momento.

Também em depoimento, o policial Barbosa afirmou que viu "quatro indivíduos armados em ação criminosa tentando roubar um veículo BMW que estava à frente. Que, posteriormente, tais elementos vieram na direção do veículo no qual se encontrava". Ele afirma ter realizado doze disparos com pistola.

Versão semelhante disse o policial Obedis, que afirmou ter realizado outros cinco disparos.

O caso segue sendo investigado. Até o momento, a polícia já identificou os outros suspeitos envolvidos na troca de tiros.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/11/carro-usado-por-pms-que-acompanhavam-malafaia-na-hora-do-assalto-pertence-a-igreja-do-pastor.shtml

Grampo contra Youssef mostra como funcionários de base tomaram o controle do país

dd1125 O segredo em torno do grampo instalado na cela do doleiro Alberto Youssef voltou a mostrar como funcionários da base do sistema de Justiça, da Polícia Federal e do Ministério Público, turbinados pela opinião pública, conseguiram submeter Brasília à rebelião da “lava jato”.

O ministro Dias Toffoli tirou o sigilo do grampo ilegal feito na cela de Youssef

Parte do mistério que havia sobre o caso foi revelado nesta quinta-feira (21/11), com a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de retirar o sigilo das escutas ilegais. Se ainda havia dúvidas a respeito do grampo, agora é possível acessar o material.

O HD com os áudios foi ocultado das investigações durante dez anos, desde 2014, quando a escuta foi encontrada. Nesse período, delegados deixaram de obedecer ordens de juízes para informar onde estava o conteúdo do grampo, o MPF fez de conta que não havia escuta e Sergio Moro, ex-fiador da “lava jato”, omitiu o fato de que o material estava o tempo todo escondido na 13ª Vara Federal de Curitiba, da qual ele era o juiz titular.

As provas forjadas deram origem ao esquema da “lava jato” e serviram para fundamentar processos contra um sem-número de políticos e empresários. A farsa demorou para ser desmontada e a decisão de Toffoli é mais um capítulo que possibilita revisitar os métodos da “lava jato”.

Antes da derrocada, no entanto, funcionários dos fórum, da polícia e do MP, empoderados pelo pretenso discurso do combate à corrupção, que caiu nas graças da mídia, tiveram temporariamente mais poder do que o presidente da República, do que os ministros do STF e do que os titulares do Legislativo. Brasília estava de cabeça para baixo.

Regime do poder visível

Segundo o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, presidente da corte entre 1997 e 1999, dar publicidade aos grampos ilegais corrige uma distorção comum em tempos de “lava jato”, que era privilegiar o mistério em vez de efetivar o princípio constitucional da publicidade.

“Tenho por absolutamente correta e necessária a decisão com que o Ministro Dias Toffoli deu concreta efetivação ao princípio constitucional da publicidade! Sempre enfatizei, em julgamentos proferidos no Supremo Tribunal Federal, que os estatutos do poder numa República fundada em bases democráticas não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo — que tem na transparência a condição de legitimidade dos próprios atos — sempre coincide com tempos sombrios e com o declínio das liberdades fundamentais!”, disse o ministro.

Leia a seguir a íntegra da manifestação do ministro Celso de Mello:

“Tenho por absolutamente correta e necessária a decisão com que o Ministro Dias Toffoli deu concreta efetivação ao princípio constitucional da publicidade!

Sempre enfatizei, em julgamentos proferidos no Supremo Tribunal Federal, que os estatutos do poder numa República fundada em bases democráticas não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo — que tem na transparência a condição de legitimidade dos próprios atos — sempre coincide com tempos sombrios e com o declínio das liberdades fundamentais!

Nos modelos políticos que consagram a democracia — que é, por excelência, o regime do poder visível — não há espaço possível reservado ao mistério, como autorizadamente adverte Norberto Bobbio!

A decisão do Ministro Toffoli, ao acertadamente levantar o sigilo do HD em questão, após tantas idas e vindas, revela-se de significativa importância, pois, segundo entendo, o estatuto político brasileiro — que rejeita o poder que oculta e que não tolera o poder que se oculta — consagrou a publicidade como expressivo valor constitucional, incluindo-o, tal a magnitude desse postulado, no rol dos direitos, das garantias e das liberdades fundamentais!”.

Anulações

O constitucionalista Georges Abboud também considera acertada a decisão de Toffoli. De acordo com ele, retirar o sigilo das escutas é “mais um episódio da atuação corajosa do STF” contra a herança autoritária do lavajatismo.

“É mais uma evidência de que, além de deliberadamente cercear defesas, violar direitos dos presos e atuar em conjunto, a 13ª Vara Federal de Curitiba e setores do MPF simulavam investigações e se valiam de táticas escusas para obter informações dos investigados, o que criava uma assimetria informacional total e uma completa impossibilidade da defesa plena.”

Segundo ele, uma consequência possível da decisão é a anulação de provas e, por consequência, de condenações pelo Supremo. Isso porque a delação de Youssef, agora sob risco, foi um dos pilares da “lava jato” e serviu para basear diversas acusações.

Processos contra empreiteiros de OAS, UTC Engenharia, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, por exemplo, usaram “provas” obtidas na delação do doleiro.

E não são só casos recentes os afetados: no último dia 14, o Supremo manteve a condenação do ex-presidente Fernando Collor a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A corte entendeu ter ficado provado que Collor recebeu R$ 20 milhões de propina para conseguir que a construtora UTC obtivesse contratos com a BR Distribuidora. Boa parte das provas do caso se baseia na delação de Youssef.

“Entre as tantas consequências que podem advir desses novos fatos, duas parecem, no momento, as mais importantes. Em primeiro lugar, uma nova onda de anulação de provas e condenações pelo STF, e, em segundo, um olhar mais rígido com relação às investigações internas levadas a cabo pelo MPF”, diz Abboud.

HD escondido

O HD com os áudios gravados foi ocultado de investigações durante dez anos. Delegados da PF não obedeceram a ordem dos juízes Eduardo Appio e Luiz Antônio Bonat que determinaram a entrega do HD. Mas não foram apenas os delegados e os procuradores do MPF quem sonegaram as provas da ilegalidade.

Na verdade, o HD estava acautelado na própria 13ª Vara Federal de Curitiba — o que os servidores da vara esconderam dos juízes, do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. O HD, que teve 26 arquivos apagados, com 210 horas de gravações, só foi liberado quando assumiu o comando da vara o juiz Guilherme Borges.

Há indícios de que existe uma versão integral, em que foram filtrados ruídos — já que os áudios originais são precários. O material que finalmente foi entregue à defesa neste ano, em sua maior parte, é quase inaudível.

O então juiz Sérgio Moro foi quem arquitetou, desde o início, o plano para esconder da Justiça o crime dos delegados. Ele recebeu o HD, mas, oficialmente, devolveu-o à PF. Em vez de abrir inquérito (que abriria espaço para a defesa acompanhar o caso), Moro abria sindicâncias, a que só a quadrilha lavajatista teria acesso.

Reação em cadeia

Esses fatos acabam de vir à tona com a decisão do ministro Dias Toffoli de levantar o sigilo do HD, que, finalmente, apareceu.

O ministro deu ciência da trama e do HD ao CNJ; à Procuradoria-Geral da República; à direção da Polícia Federal; à Advocacia-Geral da União; à Controladoria-Geral da União; ao Tribunal de Contas da União; ao Ministério da Justiça; e à presidência do Senado para providências necessárias.

A decisão também levanta o sigilo da petição (Pet 13.045) na qual a defesa de Youssef pediu a investigação da atuação do hoje senador Sergio Moro (União-PR) na instalação do grampo. Moro recebeu o HD logo depois das gravações, que duraram 11 dias (de 17 a 28 de março de 2014). O material entrou para a história como certidão de nascimento do esquema engendrado em Curitiba.

Os autos mostram que o Ministério Público Federal simulou uma investigação sobre os cinco delegados e um agente da PF, em uma sindicância sobre a instalação do grampo. Agindo como uma organização criminosa, no entanto, o grupo “concluiu” que não houve qualquer irregularidade, nem prática de crime — e pediu o arquivamento da investigação em 2018. Apenas o agente que instalou o grampo foi punido.

Dormindo com o inimigo

Os delegados Maurício Fanton e Alfredo Junqueira, este da corregedoria da PF em Brasília, chegaram perto de desmascarar as manobras. Mas seus próprios subordinados, assim como aconteceu com os funcionários da 13ª Vara, sabotaram os trabalhos para proteger o esquema.

Foram abertas duas sindicâncias (04/14 e 04/15), inconclusivas — para que os procuradores da República pudessem arquivá-los. No ano seguinte, a 13ª Vara Federal, já sob o comando do então juiz Luiz Antônio Bonat (hoje desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região), ratificou a farsa.

Segundo as apurações colacionadas aos autos na decisão de Toffoli, não há dúvidas quanto à tramoia engendrada para esconder o crime praticado na Superintendência da PF na capital paranaense em 2014, com uso de equipamentos pertencentes à União.

No ano passado, para impedir nova investigação pedida pela defesa de Alberto Youssef, determinada por Appio, da 13ª Vara, os delegados da PF responderam que não obedeceriam a ordem. Em atitude curiosa, o delegado Márcio Anselmo ajuizou pedido de Habeas Corpus para trancar a investigação, representado pelo advogado Nelson Wilians.

Manobras ilegais

À época em que o grampo foi encontrado, Youssef ainda se recusava a colaborar com as investigações da “lava jato”. Na ocasião, a PF alegou que a escuta era antiga e estava desativada.

No início da autodenominada força-tarefa, o doleiro foi apontado como operador financeiro de um esquema de desvios na Petrobras. Ele foi condenado em diversas decisões, mas teve sua pena reduzida porque aceitou relatar sua participação nas irregularidades. Assim, tornou-se o delator mais importante da “lava jato”.

Advogados ouvidos pela revista eletrônica Consultor Jurídico confirmam que, após a instalação da escuta, todos os presos da “lava jato” eram encaminhados para a cela de Youssef. O objetivo era usar qualquer menção a pessoas ou empresas para justificar pedidos de busca e apreensão, quebra de sigilos ou prisões.

O criminalista Figueiredo Basto, que comanda a defesa de Alberto Youssef ao lado de Gustavo Flores e Giovana Menegolo, diz que as gravações violaram direitos dos presos.

“A escuta clandestina foi plantada pela PF na cela antes da chegada de Youssef. Obviamente, a intenção era burlar os direitos do presos, obter áudios das conversas e usá-los nas investigações contra eles. Todos os presos eram encaminhados para a mesma cela.

Na perícia da PF, está clara a captação de vozes de outros presos da ‘lava jato’. Os abusos foram muitos, desde a interceptação clandestina, ameaças de transferências para penitenciárias com piores condições, como fizeram com (o ex-diretor da Petrobras) Paulo Roberto Costa, e até a fraude de uma investigação por tráfico de drogas, usada para iludir o ministro Teori Zavascki.”

O advogado Eduardo Sanz também destaca o fato de que alvos eram presos para serem gravados a cela de Youssef (a Cela n° 5) para que os investigadores obtivessem informações. Ele também diz ser preciso apurar “a fundo” todas as ilegalidades que foram usadas para implicar, sem fundamento material, um grande número de vítimas.

Entre os presos da “lava jato” que foram gravados com a escuta na cela de Youssef estão Carlos Alberto Pereira da Costa, Carlos Alexandre de Souza Rocha, Nelma Kodama e André Catão, conforme laudo da PF.

Figueiredo Basto diz que a decisão de Toffoli é “histórica”. “Depois de dez anos de luta, conseguimos finalmente provar as ilegalidades e abusos cometidos nas entranhas da ‘lava jato’”. Segundo o advogado, a ordem do ministro do STF “demonstra a urgência de se deitar por terra toda a farsa engendrada pela relação incestuosa entre a força-tarefa e Sergio Moro”.

“A decisão é corajosa pois enfrenta uma matilha raivosa cujos uivos ecoam pelo Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal, gente egoísta com aspirações altruístas, que engendraram abusos com propósitos particulares. Esses são os verdadeiros sepulcros caiados, os tais doutores da lei, que batem no peito e gemem contra a corrupção, mas são piores do que os que acusam e condenam fora do devido processo legal. A decisão demonstra a urgência de se deitar por terra toda a farsa engendrada pela relação incestuosa entre a Força Tarefa e Sergio Moro”, afirma Figueiredo Basto.

“Durante anos manobraram a investigação, impedindo que a defesa tivesse acesso às fraudes que foram perpetradas para acobertar a escuta clandestina. A decisão do ministro Tofolli consagra as garantias individuais. E é uma advertência para o Estado, que não pode ter dentro de seus quadros pessoas que cometem abusos em nome de ideologias”, completa ele.

Militar foi até a casa de Moraes para prendê-lo, aponta PF

d Um militar foi à quadra onde fica a residência funcional do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para sequestrá-lo, no final de 2022, aponta relatório da Polícia Federal. Com o codinome “Gana”, o agente participou de uma operação clandestina com participação de Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF prendeu nesta terça-feira (19/11) militares envolvidos num plano para assassinar o magistrado, além do presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

De acordo com a Polícia Federal, seis militares do Exército participaram dos preparativos para sequestrar e matar Moraes. A maioria deles adotou nomes de países para evitar identificação. Os diálogos obtidos pela PF mostram que o grupo se organizou para investir contra o magistrado no dia 15 de dezembro.

“Conforme exposto, de acordo com as mensagens analisadas, Gana estava inicialmente no final do bairro Asa Sul. Em uma das mensagens ele diz: ‘Andei a Asa Sul inteira’. Nesse sentido, os dados obtidos pela investigação confirmaram que o ministro Alexandre de Moraes, em dezembro de 2022, tinha residência funcional [no local]”, diz um trecho do relatório da PF.

O documento continua: “Ou seja, o ministro residia no final da Asa Sul, endereço que tem pertinência geográfica com a localização de Gana no período da realização da ação clandestina”. Em outro trecho, a investigação aponta: “O local inicial, onde a pessoa com o codinome Gana estava para cumprir a ação planejada, reforça que os investigados estavam executando um plano para, possivelmente, prender o ministro Alexandre de Moraes”.

Para se certificar que o militar identificado como Gana foi às imediações da casa de Moraes, a PF comparou o tempo de deslocamento da quadra onde mora o magistrado com as localizações indicadas pelo militar após a missão ser abortada. Como mostrou o Metrópoles, a operação foi cancelada graças a uma alteração na pauta do STF.

“Considerando que a ordem para abortar a missão foi dada às 20h59min”, resume o relatório, e há a “contextualização do conteúdo e horários das mensagens, são convergentes com a possibilidade de ‘Gana’ estar nas imediações da residência funcional do Ministro”, diz o documento.

Também chamou a atenção da PF o fato de Gana ter andado o percurso e tentado pedir um taxi, sem sucesso. “Tal fato explica o motivo de não ter utilizado o serviço de aplicativos de viagem (por exemplo, Uber), que deixaria registrado o local de embarque. Assim, ‘Gana’ tinha, inicialmente, o objetivo de pegar um taxi, que poderia, inclusive, pagar em espécie, sem deixar qualquer registro de localização e identificação”.

De acordo com os diálogos obtidos pela PF, ele andou até o shopping Pátio Brasil, onde foi resgatado pelo tenente-coronel Rafael de Oliveira, preso nesta quinta-feira. Rafael, segundo dados de conexão do seu celular (ERB), também esteve no local onde vive Moraes, cerca de um mês antes da missão cancelada. “A ERB do major Rafael de Oliveira é registrada na Asa Sul, na região da quadra da residência funcional do ministro Alexandre de Moraes”.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/paulo-cappelli/militar-foi-ate-a-casa-de-moraes-para-prende-lo-aponta-pf

Força-tarefa afasta oito PMs investigados por suspeita de envolvimento no caso da execução de delator do PCC em aeroporto

d A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou nesta terça-feira (12) que afastou preventivamente oito policiais militares investigados por suspeita de envolvimento na execução de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Vinicius foi morto a tiros durante atentado na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, que fica em Guarulhos, cidade da região metropolitana. Câmeras de segurança gravaram o momento em que dois criminosos encapuzados e armados com fuzis disparam 29 vezes na direção do empresário (veja vídeo nessa reportagem).

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os agentes da Polícia Militar (PM) que foram afastados já eram investigados um mês antes do crime pela Corregedoria da corporação. Testemunhas tinham denunciado eles por fazerem segurança particular para Vinicius. O bico, fora do expediente de trabalho e sem autorização, é considerado irregular pela PM.

O fato de os agentes terem feito escolta para alguém com envolvimento com o PCC foi repudiado pela SSP. Vinicius Gritzbach se apresentava como empresário do ramo imobiliário, mas era réu na Justiça em dois processos: por lavagem de dinheiro para o crime organizado e também acusado por um duplo homicídio (saiba mais abaixo).

"Um inquérito policial militar instaurado pela Corregedoria da PM há mais de um mês apura o envolvimento dos policiais na escolta do homem envolvido com uma facção criminosa que foi assassinado na área de desembarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos", informa trecho da nota da Secretaria da Segurança Pública.

Os agentes da PM afastados trabalham no 18º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM-M), na Zona Norte de São Paulo, onde atua a maioria do grupo, e do 23º BPM-M, na Zona Oeste da capital paulista. Até a última atualização desta reportagem nenhum dos PMs havia sido indiciado ou responsabilizado criminalmente por participação no crime.

O empresário e a namorada estavam voltando de uma viagem de Maceió, em Alagoas, para São Paulo. No domingo (10), viajariam para Vitória, no Espírito Santo. Ele foi morto com dez tiros. A companheira não foi atingida pelos disparos.

Além dele, outras quatro pessoas que estavam entre a plataforma externa e o saguão interno do aeroporto foram atingidas pelos disparos. Um motorista de aplicativo morreu. As outras três vítimas ficaram feridas, mas sobreviveram (veja abaixo quem são).

As autoridades apreenderam armas usadas no crime que foram encontradas abandonadas pela polícia em outro local distante do aeroporto (veja abaixo).

Força-tarefa, MP e PF apuram crime

Polícia tenta identificar assassinos que executaram o delator do PCC

A força-tarefa, composta por representantes da Polícia Civil, Polícia Militar (PM) e Polícia Técnico-Científica, investigam os motivos e eventuais responsabilidades pelo crime. A investigação ainda busca, por exemplo, quem foram os executores e os mandantes do homicídio.

De acordo com a pasta da Segurança, o caso é apurado como "homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objeto" pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que preside o inquérito.

A investigação analisa vídeos do crime e ouve depoimentos de testemunhas e sobreviventes para tentar esclarecer o que ocorreu. Até a última atualização desta reportagem, nenhum dos criminosos tinha sido identificado ou preso.

O Ministério Público (MP) acompanha as apurações.

Pelo fato de o atentado contra Vinicius ter ocorrido no aeroporto internacional em Guarulhos, a Polícia Federal (PF) também investiga o caso.

A Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarulhos vai investigar por que não havia nenhum agente na base da corporação no aeroporto no momento em que o delator do PCC foi executado.

Hipóteses investigadas

Armas apreendidas após o assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos. — Foto: Divulgação

A força-tarefa foi criada na segunda-feira (11). Uma das linhas de investigação é de que Vinicius foi morto por agentes de segurança pública. Além dos PMs que faziam sua segurança privada, policiais civis são investigados.

Em 31 de outubro, oito dias antes de ser executado, ele foi ouvido pela Corregedoria da Polícia Civil e denunciou agentes da instituição que estariam tentando extorquir dinheiro dele. Os policiais denunciados trabalham no DHPP, no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no 24º Distrito Policial (DP), Ermelino Matarazzo, e no 30º DP, Tatuapé.

Outra linha de investigação é a de que ele possa ter sido morto a mando da facção criminosa por ter delatado quem eram os membros do PCC que faziam parte do grupo que lavava dinheiro.

E uma terceira frente de apuração trabalha com a possibilidade de que alguém teria decidido matá-lo por alguma dívida financeira. Vinicius foi a Maceio cobrar dinheiro de uma pessoa, que lhe deu joias em troca. Elas foram avaliadas em cerca de R$ 1 milhão.

Delação premiada

Em Ponto entrevista: promotor Lincoln Gakiya sobre PCC

A delação de Vinicius foi homologada em março pela Justiça. E fez parte de um acordo com o MP para delatar policiais corruptos e integrantes do PCC envolvidos na lavagem de dinheiro. Em troca, o réu receberia benefícios, como a redução do tempo da pena no caso de condenação.

Segundo um de seus advogados, Vinicius chegou a pedir mais proteção aos promotores, em virtude de ter sido jurado de morte. Mas esse pedido não teria sido atendido.

À GloboNews, no entanto, o promotor Lincoln Gakiya disse que Vinicius recusou as ofertas de segurança feitas a ele. Segundo o MP, o delator alegava que podia bancar a própria segurança e não queria abrir mão do estilo de vida que levava. Ao entrar no programa de proteção, ele precisaria mudar de casa e deixar de conviver com a família e amigos.

Ao Fantástico, a defesa de Gritzbach confirmou que foi opção dele de não aceitar a entrada no programa de proteção.

Segundo a Promotoria, para se proteger, o empresário contratou cinco policiais militares para fazerem sua escolta particular. Quatro deles tinham ido ao aeroporto se encontrar com Vinicius, mas não estavam com ele quando foi morto. Os agentes foram ouvidos pela força-tarefa e disseram que um dos carros usados para buscar o empresário teve um problema na ignição.

O quinto PM viajava com o empresário, mas disse à investigação que, quando ouviu o barulho de disparos, se escondeu atrás de um ônibus estacionado. À Corregedoria, ele explicou que estava em desvantagem, por isso decidiu proteger a própria vida.

Os PMs também são investigados pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). A investigação está refazendo os passos deles, seguindo o trajeto antes de o carro supostamente quebrar, além de extrair dados dos celulares dos PMs.

Quem era Antônio Vinicius Lopez Gritzbach 

Força-tarefa vai investigar execução de delator do PCC em SP

Vinicius tinha 38 anos e era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Há alguns anos, ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta. Conhecido como Cara Preta, Anselmo movimentava milhões de reais comprando e vendendo drogas e armas para o PCC.

 Segundo o Ministério Público de São Paulo, Vinicius teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro vindos do tráfico de drogas. De acordo com fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.

Cara Preta e o motorista dele, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, foram assassinados, e Vinicius começou a ser investigado como responsável pelas mortes.

Em março, o empresário fechou um acordo de delação premiada com o MP com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e crimes cometidos por policiais.

Vinicius acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de exigir dinheiro para não implicá-lo no assassinato de Cara Preta. Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).

Motorista morreu no ataque

Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, motorista de aplicativo baleado em Cumbica na sexta-feira (8). — Foto: Acervo pessoal

O ataque a tiros contra Vinicius causou a morte dele e também de do motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos. Ele foi atingido nas costas por um tiro de fuzil.

Celso chegou a ser socorrido e internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarulhos, mas não resistiu. Ele foi enterrado na segunda (11) em um cemitério de Guarulhos. Deixou a esposa, Simone, e três filhos, de 20, 13 e 3 anos.

Um funcionário terceirizado do aeroporto, que teve ferimentos na mão, e uma mulher de 28 anos, atingida por um tiro de raspão no abdômen, foram socorridos e receberam alta.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/11/12/forca-tarefa-afasta-oito-pms-investigados-por-suspeita-de-envolvimento-no-caso-da-execucao-de-delator-do-pcc.ghtml

 

Servidores da Receita são presos por desviar e vender bens apreendidos

d A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (6/11), servidores públicos da Receita Federal suspeitos de desviar produtos apreendidos em fiscalizações e vendê-los no mercado informal no Rio Grande do Sul.

Ao todo, a Operação Entreposto cumpriu nove mandados de prisão preventiva, 15 de busca e apreensão, três de busca pessoal e 12 medidas cautelares, além do sequestro de 22 imóveis e 24 veículos. Além disso, houve o bloqueio de contas bancárias dos investigados, com valor aproximado de R$ 37 milhões.

As ordens judiciais, emitidas pela 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Santa Maria (RS), foram cumpridas nos municípios gaúchos de Santa Maria, Pelota, Lajeado, Braga, Santo Augusto, além de Chapecó (SC).

Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (6/11), servidores públicos da Receita Federal suspeitos de desviar produtos apreendidos em fiscalizações e vendê-los no mercado informal no Rio Grande do Sul.

Ao todo, a Operação Entreposto cumpriu nove mandados de prisão preventiva, 15 de busca e apreensão, três de busca pessoal e 12 medidas cautelares, além do sequestro de 22 imóveis e 24 veículos. Além disso, houve o bloqueio de contas bancárias dos investigados, com valor aproximado de R$ 37 milhões.

As ordens judiciais, emitidas pela 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Santa Maria (RS), foram cumpridas nos municípios gaúchos de Santa Maria, Pelota, Lajeado, Braga, Santo Augusto, além de Chapecó (SC).

Fonte: https://www.metropoles.com/distrito-federal/na-mira/servidores-da-receita-sao-presos-por-desviar-e-vender-bens-apreendidos

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