Imagens feitas por uma câmera de segurança mostram o momento em que o ex-PM André da Silva Aleixo foi executado, nesta segunda-feira, no Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. O crime foi praticado por dois homens, que usavam luvas e capuz. Eles atiram na vítima, que cai no chão e se movimenta. Ao verem que André continuava vivo, os assassinos voltam e atiram mais vezes.
Era pouco antes das 6h quando os bandidos chegaram de carro à Rua Formosa. O ex-PM estava em frente à sua casa, encostado num veículo estacionado. Os criminosos saltam e atiram. A viúva de André sai correndo da residência e corre até os atiradores, parecendo tentar contê-los. Os assassinos arrancam com o carro. A mulher, então, se abaixa ao lado do marido e grita por socorro.
O ex-PM se movimenta. Os bandidos, ao verem que ele estava vivo, dão marcha à ré e saltam. A viúva se aproxima do homem que estava totalmente vestido de preto e tenta impedir que ele atire. Enquanto isso, o outro criminoso atira na vítima. Os dois fogem. Um homem chega e faz uma ligação. A mulher entra na casa e sai logo depois, também com o celular nas mãos.
O crime é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Em nota, a Polícia Civil afirmou que "diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime".
Preso em 2020
André foi preso durante uma operação da Corregedoria da Polícia Militar em 2020 para combater quadrilhas que controlavam máquinas caça-níqueis e faziam cobranças ilegais a comerciante. Além dele, que na época era lotado no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), foram detidos outros quatro policiais militares.
Na ocasião foram encontrados no carro de André uma pistola e R$ 257 mil. O dinheiro estava em duas mochilas. Além disso, foram achados também cadernos com anotações e controle de arrecadação de máquinas de jogos de azar, um distintivo da PM, uma touca ninja e um par de luvas pretas.
PF prende em flagrante 24 pessoas por compra de voto em Nilópolis
Pelo menos 101 pessoas foram presas neste fim de semana no Grande Rio por crimes eleitorais. Desse total, 72 pelas polícias Civil e Militar, além de mais 29 pela Polícia Federal.
Na noite deste sábado (5), a Polícia Federal (PF) prendeu 24 pessoas em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Entre os presos, há 3 PMs.
Dois deles são reformados: Cícero Moreira Mendonça, de 63 anos, e José Gomes de Souza, de 61. O outro PM detido foi William Tadeu Nunes de Oliveira, de 30 anos, soldado da ativa. O g1 não encontrou as defesas dos suspeitos.
O grupo atuava na eleição municipal como cabos eleitorais de Abraão David Neto, o Abraãozinho (PL), e foi pego com R$ 63 mil em espécie, que seriam usados para a compra de votos. Até a última atualização desta reportagem, o candidato ainda não tinha se manifestado.
“A ação dos policiais federais ocorreu em um imóvel utilizado pelo candidato para efetivar a compra dos votos. Após vigilância na frente do local, policiais federais avistaram aproximadamente 15 pessoas saindo do imóvel e efetivaram a abordagem, logrando êxito em localizar na posse dos abordados dinheiro em espécie e relação com nome de eleitores”, detalhou a PF.
Durante a busca realizada no local, os policiais também apreenderam um carro adesivado com propaganda do candidato e uma pistola com 2 carregadores.
Os presos foram encaminhados à Superintendência Regional da PF no Rio de Janeiro para lavratura do auto de prisão em flagrante. Eles responderão pelos crimes de associação criminosa, corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro.
Prisões neste domingo
Já neste domingo (6), foram, até o momento, 72 prisões em todo o RJ pelas forças estaduais. A maior parte dos casos - foram 42 - por boca de urna.
Entre os detidos pela há um caso em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, onde um homem foi pego em flagrante fazendo boca de urna. Ele estava com um saco com panfletos de um candidato.
Já em Belford Roxo, 2 homens foram presos nos bairros Vila Olímpica e Piam, respectivamente. Eles tinham bandeiras e material de campanha de um candidato a prefeito.
Outros números:
5 por corrupção eleitoral
3 por promover a desordem que prejudiquem os trabalhos eleitorais
10 por violar o sigilo do voto
4 por ameaças
10 casos, entre eles, votar no lugar de alguém e transporte de eleitor.
Nos fundos da foto, 2 presos por boca de urna em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo
Detidos em Belford Roxo
Mais cedo, também em Belford Roxo, o secretário municipal de Ordem Pública e Postura, o policial militar Marcelo de Barros Dias, foi conduzido para uma delegacia pela Polícia Militar, junto com outras 20 pessoas. Entre elas, 3 PMs, quando espalhavam material de campanha por ruas da cidade.
Entre os policiais militares detidos há o sargento Marcelo de Barros Dias, lotado na Diretoria Geral de Pessoal (DGP) e que está cedido à Prefeitura de Belford Roxo; o terceiro-sargento Fábio de Barros Dias, lotado no Comando de Operações Especiais e irmão do secretário, além do cabo Moisés Alves Inácio, lotado no Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A reportagem tenta contato com as defesas dos três policiais militares.
De acordo com o relato de PMs que realizaram a abordagem, o grupo estava ameaçando eleitores.
O g1 apurou que 2 viaturas do 39º BPM (Belford Roxo), quando estavam voltando para o batalhão pela Avenida Joaquim da Costa Lima, no bairro São Bernardo, “se depararam com cerca de vários elementos em 4 veículos, alguns encapuzados, e com vasto material de campanha eleitoral”.
gundo testemunhas, no momento da abordagem, o bando lançava o material pela rua.
Em um dos carros em que eles estavam, a placa estava encoberta por um adesivo do candidato a prefeito de Belford Roxo, Matheus Carneiro (Republicanos), que é sobrinho do atual prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho.
Detidos em Belford Roxo — Foto: Reprodução/TV Globo
O outro lado
A reportagem tenta contato com os citados. O g1 procurou a assessoria de imprensa das polícias Militar e Civil. No entanto, eles ainda não comentaram o caso.
“A Prefeitura de Belford Roxo informa que o secretário Marcelo Dias não transportava nenhum material contendo fake news. A polícia parou um carro que estava à frente do secretário, que foi levado também à delegacia para prestar esclarecimentos.
Como não transportava nenhum material de fake news, os advogados do secretário estão pedindo o desmembramento do caso, provando assim a inocência de Marcelo Dias.”
No dia 3 de maio de 2021, o empresário Dalton Baptista Neman, seu filho e sua esposa, foram presos pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um inquérito da PF concluiu que o negócio da família, o Banco Neman, lavava dinheiro para o tráfico. Dois anos depois, a ação penal foi extinta por "nulidade dos elementos de prova", mas em agosto de 2024, os Neman foram novamente associados ao PCC, numa operação da Polícia Civil de São Paulo, que os acusa de lavar capitais para traficantes que atuam na Cracolândia.
Apontado como "banco do PCC", investigações policiais levantaram suspeitas de que o Banco Neman também teria servido de lavanderia de dinheiro de propina.
Em entrevista exclusiva à Agência Pública, Dalton negou todas as acusações de forma veemente, disse que não deve nada à Justiça, mas admitiu que foi ele quem indicou o doleiro Wilson Decaria Júnior para trabalhar com o PCC e que ele próprio transportava dinheiro para poderosos em Brasília. "Tudo dentro da lei, com nota fiscal e declarado no meu Imposto de Renda e no IR da empresa", defendeu-se.
"Meus clientes tinham CND (Certidão Negativa de Débitos) para trabalhar para o governo. Se me pedem para eu sacar um milhão, porque eu tenho know-how, e levei o dinheiro com nota fiscal, o que fazem com o dinheiro é problema deles. Vão atrás deles e prendam eles", ressaltou Dalton. "Nunca teve um real de droga na nossa conta, mas eles insistem em falar que nós somos do partido", acrescentou, referindo-se ao PCC.
Ao longo da entrevista, Neman, hoje com 60 anos, contou sobre sua relação com o PCC, como operava o Banco Neman e o perfil dos seus clientes; falou das viagens que fez para Brasília com milhões em espécie; e sobre a criação de grandes projetos que lhe renderam fortunas, com direito a Gugu Liberato (já falecido) de garoto propaganda.
Como operava o Banco Neman, segundo seu fundador
Pianista de formação, Dalton diz ter criado, em 2005, o que chama de primeiro banco virtual "do planeta terra". O projeto surgiu, segundo ele, a partir da demanda de um amigo advogado, que abriu uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, de jogos online (popularmente conhecido como 'Bets'). Segundo Neman, esse amigo precisava receber e pagar os apostadores no Brasil. Foi então que o músico teve a ideia de criar o Banco Neman, que apesar do nome, não era um banco de verdade, mas uma empresa de cobrança, segundo seu fundador.
O negócio funcionava da seguinte maneira, como mostra o passo a passo do infográfico abaixo.
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O atendimento individualizado de saques de grandes volumes em dinheiro com frete para todo o país virou um grande atrativo do banco, que também operou para empresas com contratos públicos e para políticos, conforme contou Dalton, preservando o nome dos seus contratantes.
O modelo inovador que ele se orgulha de ter criado no mercado financeiro, para a PF, no entanto, teria servido para lavar capital destinado ao pagamento de propina. O empresário nega o crime, mas reconhece que alguns clientes distribuíam o dinheiro em troca de favores.
"A gente só fazia saque, não fazíamos depósito. Nós recebíamos o valor em conta da própria empresa interessada e retornávamos em espécie, para que eles, com esse dinheiro, fizessem os pagamentos de político, de funcionários, das 'bolas' [gíria para propina] de quem assinou para eles ganharem a licitação, porque isso é mais velho que andar para frente. E isso é problema deles", argumentou Dalton, referindo-se às acusações.
O Banco Neman tinha um escritório no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, de onde ele dizia que saíam as malas de dinheiro que eram transportadas em aviões e entregues pessoalmente para o freguês. Eu emitia a nota fiscal e voava para Brasília, para o Rio, com o dinheiro para clientes. Como eles não queriam aparecer, eles pediam para eu levar o dinheiro", detalhou o empresário.
Ele contou que entre 2012 e 2019 se hospedou diversas vezes no Meliá Hotel, na capital federal. Lá, segundo Dalton, foram transferidos de R$100 mil a R$1 milhão para assessores de deputados, que mesmo com a insistência da reportagem, ele se recusou a revelar os nomes. "Eu ficava no hotel e entregava as malas de dinheiro lá dentro e no dia seguinte eu pegava o avião e ia embora", lembrou o empresário.
O Banco Neman, cuja razão social é Elias Jose Neman Consultoria & Logistica Limitada, encontra-se inapto na Receita Federal desde outubro de 2023. Dalton afirmou que vai "acertar todas as pendências" e fechar o negócio.
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Atualmente, há duas firmas registradas no nome de Dalton Neman na Receita Federal: a Fair Play Intermediações e Cobrança e a Piraju Produtora de Projetos Especiais. Com a Piraju, ele diz que pretende lançar um negócio semelhante à operação do Banco Neman. Dalton contou que vai oferecer saques e depósitos a partir de R$ 10 mil, com delivery grátis, em até 24 horas.
Os clientes do Banco Neman e as investidas da PF
Na cartela de clientes do Banco Neman, de acordo com Dalton, estavam grandes Bets, o que ele diz ter sido seu principal mercado de atuação.
Ele também diz ter operado para o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que já ficou preso sob acusações de envolvimento no crime organizado e corrupção. E foi por conta dessa relação com os jogos de azar que o negócio de Dalton Neman entrou pela primeira vez na mira da PF.
Em 2012, a empresa foi alvo da Operação Monte Carlo, que revelou um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal, que teria sido liderado por Carlinhos Cachoeira. "Eles bloquearam minhas contas, tomaram o dinheiro de todos os meus clientes", lembra Dalton. Segundo ele, poucos dias depois o montante foi liberado por decisão judicial.
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Um episódio de 2019 confirma o modus operandi do banco criado por Dalton. À época, mais uma vez, os Neman foram alvo da PF. Em 28 de outubro daquele ano, o irmão do empresário, Douglas Baptista Neman, foi flagrado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) transportando R$ 160 mil em um ônibus que saiu de São Paulo com destino a Brasília. Douglas alegou que estava à serviço da Bidu Cobranças, Investimentos, Transportes e Participações, antigo nome do Banco Neman.
O dinheiro, conforme documento apresentado pela defesa em pedido de restituição do montante à Justiça Federal, seria da empresa VA & Informática Ltda (que atualmente se chama GRG Tech Assessoria em Informática), que possui contratos com o governo federal. Conforme dados do Portal da Transparência, a firma já recebeu R$ 108,6 milhões dos cofres públicos, de junho de 2014 a junho de 2024. Procurada, a empresa não retornou aos contatos da Pública.
O Banco Neman também foi apontado pela PF na Operação Tempestade, de ter lavado o dinheiro que teria sido usado para pagamento de propina pelo Instituto de Atenção Básica (Iabas), pivô de um escândalo de corrupção durante a epidemia de Covid-19 no Rio de Janeiro, que levou ao impeachment do ex-governador Wilson Witzel.
"Nunca soubemos que o Iabas era nosso cliente. Acredito que isso foi uma total armação da PF para nos prejudicar", acusa Dalton,
Prisão e ligação com o PCC: "Aqui não, Caião!"
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Dentre todos os escândalos dos Neman, o que mais deixa Dalton incomodado se refere às acusações de que ele estaria envolvido com o PCC.
Além da sua empresa ter ganhado apelidos como 'Banco do Crime' e 'Banco do PCC', foi por causa da operação da PF batizada de Tempestade, que Dalton Neman e a família ficaram três meses presos e outros dois anos usando tornozeleira eletrônica. "Fui conhecer o PCC porque fui preso, e só fiz amigos lá dentro, não tenho negócio com nenhum, mas fiz amigos, por conta da prisão", destacou.
Ele e seu filho, Caio Neman, ficaram 25 dias detidos no Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros IV, na ala dos presos acusados de envolvimento com a facção. Depois, eles foram transferidos para a Penitenciária Regional de Presidente Venceslau, unidade de segurança máxima, onde permaneceram até 15 de agosto de 2021.
A Operação Tempestade chegou aos Neman após o piloto que trabalhava para o PCC, Felipe Ramos Morais, afirmar, em acordo de delação premiada com a PF e o MPF, que o Banco Neman operava para o grupo. Felipe foi preso em 2018, acusado no envolvimento no assassinato dos líderes da facção Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca.
Em setembro de 2021, o piloto declarou à Justiça ter sido "forçado, torturado e pressionado pelos policiais federais" a realizar a colaboração premiada e em fevereiro de 2023 ele foi morto pela Polícia Militar de Goiás. Após sua morte, o juiz substituto da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Diego Paes Moreira, extinguiu o processo por "nulidade dos elementos de prova".
Dalton Neman contou que Felipe Morais era amigo de escola do seu filho. "O delator era amigo do meu filho de ginásio. Quando ele conseguiu ter uma condição financeira melhor, fez um curso de piloto, foi trabalhar para o partido [PCC] e chamou o meu filho para operar. Eu falei: 'aqui não, Caião! Eu não vou mexer com isso'", destacou o empresário.
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Ele contou que na ocasião, indicou o doleiro Wilson Decaria Junior para operar para a facção. "Eu sou proibido de ter um amigo que é doleiro?", afirmou. Dalton alega que Decaria teria deixado dívidas com o PCC. "O Wilson ficou devendo para o Felipe e para o Cabelo Duro [antigo líder da facção que também foi assassinado]. Na briga, envolveram a gente", destacou.
Em 23 de agosto deste ano, o nome dos Neman voltou a ser associado ao PCC. A Polícia Civil de São Paulo deflagrou a 5a fase da Operação Downtown, que investiga a participação de empresas nacionais e internacionais na lavagem de dinheiro para o crime organizado.
A investigação, conforme apurou a Pública junto a policiais que atuaram no caso, teria concluído que o Banco Neman integra um "sistema financeiro do PCC", com diversas outras empresas.
"Nós identificamos que esse grupo de empresas transacionavam grande volume de dinheiro entre si, de modo a distanciar a origem do dinheiro. Em relação ao Banco Neman, identificamos muita entrada de dinheiro em espécie", contou uma fonte que atua no caso.
As novas acusações de envolvimento com a facção, noticiadas pela imprensa no dia da operação no mês passado, motivaram Dalton Neman a falar pela primeira vez com um veículo de imprensa. O empresário diz que desde que saiu da prisão, em 2021, tenta retomar seus negócios, mas que têm encontrado barreiras por conta do que alega serem "falsas acusações".
O começo da carreira em negócios milionários
A primeira vez que um negócio dos Neman virou notícia nos jornais foi em 1994, e não foram nas páginas policiais. À época com 30 anos, Dalton criou uma empresa de sorteios de carros "inovadora", o Grupo Neman Promoções e Eventos. Um modelo hoje muito disseminado no mercado, em que cupons de sorteio são distribuídos em estabelecimentos comerciais como brinde aos clientes.
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"Uma espécie de rifa coletiva", como definiu a revista Veja, em matéria publicada em 30 de novembro daquele ano, sobre o sorteio de uma BMW. "Uma criação da empresa de promoções Neman", informou o impresso. "Começou ali o meu primeiro projeto de grande sucesso", se gabou Neman.
O projeto durou três anos (1992 -1994), e só acabou, de acordo com o empresário, porque a PF e o Exército 'bateram em sua porta', por terem associado o negócio a jogos de azar.
Por causa disso, ele contou que decidiu criar um projeto "com autorização" do governo, que foi apelidado de "trock troco", lançado em São Paulo em 4 de novembro de 1999. Dalton diz que inventou um novo modelo de sorteio, em que a pessoa trocava moedas reais por moedas de papel, que podiam render diversos prêmios, como bicicletas, automóveis e até dinheiro.
A propaganda do Trock Troco foi parar nas maiores emissoras de rádio e televisão do país com a cara do apresentador Gugu Liberato.
Após o fim do Trok Troco, Dalton fundou seu mais longevo negócio, que lhe rendeu milhões, uma prisão, e alguns escândalos: o Banco Neman.
O autor destaca elementos que levaram Francisco a se tornar um assassino, como a sexualidade mal resolvida, episódios de violência familiar e bullying nos tempos de escola. O maníaco era alvo de piadas dos colegas pelas dificuldades de aprendizado.
— A sexualidade é um elemento, mas tem a questão da negligência familiar. A mãe o largou para trás e veio para São Paulo com o marido e dois filhos. Francisco foi morar com o avô, em uma família extremamente violenta. O avô tentou matar a avó com um facão. Depois, foi levado para trabalhar em um matadouro, onde executava animais a sangue frio — conta Ullisses.
O avô materno, João Francisco de Souza, era um autointitulado feiticeiro que realizava rituais sob encomenda na chácara em que morava. Descrito como um “charlatão de mão cheia”, o bruxo falava que o neto havia sido enviado pelo demônio Asmodeus. Misógino, o avô chega a dizer ao futuro assassino que “as mulheres não valem o chão imundo que pisam”.
Padrão de vítimas
Campbell reúne na obra laudos e testes psicológicos feitos com o Maníaco do Parque. As respostas ao Teste de Rorschach, uma série de manchas simétricas apresentadas ao paciente para que ele diga o que vê, indicaram um desejo de ser mulher, segundo o jornalista. A incapacidade de lidar com essa questão contribuiu, na avaliação dos especialistas que o examinaram, para a escolha de seus alvos.
As vítimas seguiam um mesmo padrão: mulheres jovens, baixas e de cabelos cacheados — exatamente como o assassino desejava ser. Outros laudos psiquiátricos classificaram Francisco como um psicopata frio, segundo o livro.
Um desafio para o jornalista foram as mentiras compulsivas do criminoso, diagnosticado como mitômano. Aos psicólogos que o atenderam na prisão, ele relatou ter sido vítima de abusos sexuais na infância e adolescência, o que foi contestado por familiares. Para colegas de trabalho, ele dizia ser um jovem de família rica que se tornou motoboy após um voto de pobreza. Em uma tentativa de impressionar um amigo, mentiu sobre ter matado um rival a tiros.
— A mitomania é muito observada nos relatos que ele faz em relação a rituais satânicos, aos delírios que tinha. Ele conta em juízo que via uma criatura, uma criança coberta de escamas, com dentes, como se fosse o demônio. No livro fica claro que isso é surreal, que as pessoas não acreditam nele — diz Campbell.
A mentira era usada por Francisco, que trabalhava como motoboy quando cometeu seus crimes, para atrair suas vítimas. Ele ficava atento às mulheres que caminhavam com os ombros arqueados e olhar voltado para o chão, sinais de baixa autoestima. Apresentando-se com um nome falso, convidava as jovens para uma sessão de fotos de uma marca de cosméticos no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, também conhecido como Parque do Estado, uma área verde de 5,3 km² na capital paulista. Por uma entrada clandestina em um muro, ele as levava até uma mata isolada, onde as matava.
“Francisco era um homem extremamente sedutor”, lembra, em depoimento no livro, Fabiana, uma das vítimas que escapou do assassino. “Quando diz que possuía a habilidade de identificar mulheres vulneráveis no meio da rua, ele não está mentindo. Sua verdadeira face só aparece mesmo quando ele se transforma numa fera dentro da floresta. Até o tom da voz muda, ficando mais grave”.
Condenado a 280 anos de prisão, Francisco pode ser solto em 2028, porque a lei brasileira estabelece um limite de 30 anos para penas privativas de liberdade. Mas em um interrogatório após ser preso em 1998, o Maníaco do Parque avisou ao delegado do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa que, se fosse solto, voltaria a cometer crimes. “Sinto uma força maligna dentro de mim que só faz crescer e crescer”.
A biografia do Maníaco do Parque é o primeiro livro de uma nova trilogia de Ullisses Campbell, autor da série “Mulheres Assassinas”, dividida em três volumes que contam as histórias de Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis. O jornalista também é um dos roteiristas da série “Tremembé”, do Prime Video, prevista para ser lançada em 2025.
Um agente da Polícia Militar do Pará foi preso no sábado (14) em estado de embriaguez após usar a própria viatura para ensinar uma mulher a dirigir e causar acidente de trânsito.
O que aconteceu Policial foi preso em flagrante após causar acidente na orla de Icoaraci, em Belém. Ele permitiu que uma mulher, sem domínio de direção, pilotasse o carro policial, segundo informações da PMPA.
Três motocicletas e o carrinho de bebidas de um vendedor ambulante foram atingidos pela viatura. Imagens feitas por testemunhas mostram uma confusão com várias pessoas reunidas, as motos caídas na orla e o carro da polícia por cima da calçada.
Ninguém ficou gravemente ferido, segundo a PMPA. Ao receber voz de prisão, o sargento reagiu e precisou ser contido pelos colegas. A mulher que pilotava a viatura se envolveu em uma discussão com outras pessoas que estavam na orla e também foi presa. A PM não informou se a mulher estava alcoolizada.
Sargento vai ser investigado pela Corregedoria da Corporação da PMPA. Segundo o órgão, serão adotados os "procedimentos legais pertinentes" após o militar apresentar "desvio de conduta".
O subtenente aposentado da Polícia Militar Adelsson Ramalho, 56, foi preso por colegas de farda sob a acusação de ter participado de um furto em um estabelecimento comercial na Vila Maria, zona norte da capital paulista, na noite de quinta-feira (19).
Além do subtenente, também foram presos Sidnei da Silva Souza, Erivaldo Pereira Lima e os paraguaios Alcides Ismael Galeano Silva, Líder Arnando Santacruz Herrera e William Santacruz Herrera. Os seis foram autuados em flagrante no 73º DP (Jaçanã).
Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o bando era especializado em furtar empresas de confecções. No documento ao qual o UOL teve acesso, consta que o subtenente tinha como função abrir as portas dos estabelecimentos para os comparsas.
Com o policial militar aposentado foram apreendidos uma bolsa com várias chaves, dois celulares furtados da empresa, uma pistola calibre 22 com numeração raspada e nove cartuchos intactos. O PM da reserva foi conduzido posteriormente para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte.
Policiais militares da 2ª Companhia do 5º Batalhão faziam patrulhamento na região da Vila Maria quando receberam a informação de que havia um furto em uma empresa na rua Araritaguaba. A guarnição foi checar e apurou que dois homens tinham entrado no local e furtado dois telefones celulares.
Os outros quatro integrantes do bando ficaram do lado de fora, dando cobertura aos comparsas. Após o furto, os ladrões se separaram temporariamente. Os PMs da 3ª Cia. do 5º Batalhão (Vila Medeiros) viram os seis homens entrando em um Fiat Toro na avenida Guilherme Cotching.
Houve rápida perseguição, e o veículo ocupado pelo grupo foi abordado. Todos desceram sem reagir. Um deles era o subtenente. Ainda segundo a PM, eles receberam voz de prisão, foram algemados e confessaram integrar uma quadrilha especializada em furtar empresas de confecção.
No 73º Distrito Policial, a equipe de plantão apurou que o subtenente já trabalhou na 3ª Companhia do 12º Batalhão (Jardim Luzitânia), na zona sul, e se aposentou quando era lotado no 24° Batalhão (Diadema), região metropolitana de São Paulo.
Outro PM preso em Mogi das Cruzes
Em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, o policial militar Thales Rodrigo Lima da Silva, 30 anos, foi preso na madrugada de sexta-feira (20) após ser flagrado com um revólver calibre 38 com numeração suprimida. Ele portava na cintura outro revólver calibre 32, mas a numeração não estava raspada.