Policial federal preso na Operação Contragolpe repassou informações sobre segurança de Lula, diz PF

e Para os investigadores, as informações fornecidas poderiam de alguma forma subsidiar eventuais ações do grupo preso nesta terça-feira (19) contra a vida do petista, caso Bolsonaro assinasse um decreto com o objetivo de deflagar um golpe de Estado.

Wladimir Soares foi um dos presos nesta terça. A GloboNews apurou que ele atuou na segurança de um hotel em Brasília em que Lula realizava reuniões políticas no período da transição governamental, nos meses de novembro e dezembro de 2022.

O policial foi afastado dessa função após ser flagrado no acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército em Brasília.

Segundo a PF, esse repasse de informações sobre a segurança de Lula é um dos elementos que indicam a adesão de Wladimir Soares ao suposto plano golpista.

"O investigado [o agente da PF Wladimir Soares] aproveitando-se das atribuições inerentes o seu cargo no período entre a diplomação e posse do governo eleito, repassou informações relacionadas a estrutura de segurança do presidente Lula para pessoas próximas ao então presidente Jair Bolsonaro aderindo de forma direta ao intento golpista", diz o relatório da PF.

Segundo os investigadores, o grupo formado pelo policial federal e quatro militares do Exército teria discutido um plano, chamado "Punhal Verde e Amarelo", com o objetivo de assassinar Lula.

Entre as formas de cometer o crime, foram levantadas as hipóteses de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico.

Além da execução do petista, segundo a Polícia Federal, o grupo também teria debatido o sequestro ou a execução do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a "neutralização" do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Operação Contragolpe

O que são os 'kids pretos'?

O ministro Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira uma operação para prender o policial federal Wladimir Soares e quatro militares do Exército, suspeitos de planejar um golpe de Estado, com a execução de autoridades.

  • general de brigada Mario Fernandes (na reserva)
  • tenente-coronel Helio Ferreira Lima
  • major Rodrigo Bezerra Azevedo
  • major Rafael Martins de Oliveira

Os militares fizeram curso de Forças Especiais do Exército, uma ala de elite da corporação, e eram chamados de "kids pretos".

Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR

Na decisão que autorizou a operação, Moraes aponta indícios de "gravíssimos crimes" e "extrema periculosidade" dos militares e do policial federal presos por suposto plano golpista.

O magistrado também menciona, no documento, técnicas militares e terroristas e suspeitas de uso de aparato público-militar no planejamento por parte dos suspeitos.

"Os elementos comprovam a existência de gravíssimos crimes e indícios suficientes da autoria, além de demonstrarem a extrema periculosidade dos agentes, integrantes de uma organização criminosa, com objetivo de executar atos de violência, com monitoramento de alvos e planejamento de sequestro e, possivelmente, homicídios [de Lula, Alckmin e do próprio Moraes", afirma a decisão.

Em relação ao uso de aparato público-militar no suposto plano golpista, o ministro diz que possivelmente um veículo oficial do Batalhão de Ações de Comandos foi utilizado nos fatos investigados.

Em outro trecho do despacho, o magistrado afirma haver indícios de que os alvos discutiram o uso de técnicas militares e terroristas para concretizar o plano golpista.

"Os investigados contribuíram para o planejamento de um Golpe de Estado, cuja consumação presumia a detenção ilegal e possível execução de [Moraes], com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas Eleições de 2022, Lula e Alckmin, e, eventualmente, as prisões de pessoas que pudessem oferecer qualquer resistência institucional à empreitada golpista", diz o documento.

Grupo monitorou autoridades, diz PF

PF prende grupo suspeito de planejar golpe de Estado

monitoramento de autoridades teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições do ano passado.

"As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022", diz a PF no documento.

A PF diz que, entre as ideias cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes.

"Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto", afirma trecho.

Para os investigadores, os envolvidos admitiam inclusive a possibilidade de eles morrerem no andamento da suposta operação golpista.

"Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado", prossegue a PF em trecho citado por Moraes.

O grupo cogitou também "neutralizar" (assassinar) Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos. Mais uma vez a hipótese de envenenamento foi levantada, segundo as investigações.

Ministro Alexandre de Moraes se manifestou sobre o ataque ao STF — Foto: Reprodução/TV Globo

"Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico", descreve a PF.

Ainda de acordo com os investigadores, para que a tentativa de golpe tivesse êxito, os suspeitos tratavam da necessidade de também assassinar o vice-presidente Geraldo Alckmin, que assumiria a Presidência da República em caso de morte de Lula.

"Já o codinome Joca, por sua vez, é uma referência ao citado vice-presidente Geraldo Alckmin. [...] Como, além do presidente, a chapa vencedora é composta, obviamente, pelo vice-presidente, é somente na hipótese de eliminação de Geraldo Alckmin que a chapa vencedora estaria extinta".

Segundo a PF, a organização era dividida em cinco núcleos:

  • ataques virtuais a opositores;
  • ataques às instituições (STF, Tribunal Superior Eleitoral), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
  • tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia; e
  • uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens, o qual se subdivide em: a) uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; b) e inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; c) desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito”.

Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/11/19/policial-federal-preso-na-operacao-contragolpe-repassou-informacoes-sobre-seguranca-de-lula-diz-pf.ghtml

Holocausto brasileiro: retrato de horrores de um hospício vira série de TV

e O bombeiro João Bosco Siqueira, de 55 anos, cresceu acreditando que tinha sido abandonado ainda bebê. Só descobriu a verdade em 2011, quando os colegas de corporação localizaram sua mãe. Órfã desde criança, Geralda tinha 15 anos ao dar à luz no Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. Era empregada doméstica desde os 11 de um advogado de Virginópolis, a 270 quilômetros de Belo Horizonte.

“Foi mandada para o Colônia, grávida de três meses, pelo patrão que a estuprou”, relata a jornalista Daniela Arbex. As mulheres que engravidavam lá não podiam criar seus filhos. As crianças eram entregues para adoção ou, no caso do filho de Geralda, despachadas para orfanatos. Geralda e João Bosco só se reencontraram 40 anos depois.

Essa é uma das muitas histórias contadas por Daniela em Holocausto Brasileiro (Intrínseca), livro-reportagem que denuncia a morte de 60 mil internos e o sofrimento dos sobreviventes daquele que foi o maior hospício do Brasil. Publicada em 2013, a obra vendeu mais de 300 mil exemplares, foi premiada com um Jabuti (o mais importante prêmio literário do país), virou documentário da HBO e ganhou adaptação para a TV com a série Colônia, da Globoplay.

Em 2022, o livro chega às telas do cinema. “Toda e qualquer família tem ou conhece alguém com algum transtorno de saúde mental. Isso torna a temática do livro universal”, acredita a autora. Muito antes do lançamento de Holocausto Brasileiro, o livro Nos Porões da Loucura (1982), do jornalista Hiram Firmino, e o documentário Em Nome da Razão (1979), do cineasta Helvécio Ratton, já haviam denunciado os horrores do Hospital Colônia.

As barbaridades começam pelos critérios de quem deveria ser internado ali. Afinal, qual era o diagnóstico de dona Geralda e por que ela foi parar numa instituição psiquiátrica? “Cerca de 70% dos internos não tinham diagnóstico de doença mental”, conta André Ristum, diretor e roteirista de Colônia. Eram, em sua maioria, alcoólatras, prostitutas, homossexuais, epiléticos, sifilíticos… Ou, simplesmente, mães solteiras.

É o caso de Elisa, a protagonista da série. Filha de fazendeiros, a personagem vivida por Fernanda Marques é internada no hospício pelos pais só porque engravidou do namorado. “É uma história repleta de injustiça e desumanidade”, diz o cineasta, que convidou os psiquiatras Eliezio Aguiar e Fernando Torrecillas para ajudar na construção dos roteiros e na preparação do elenco. “As histórias que mais me chocaram foram as de jovens grávidas e de seus filhos indesejados que foram mandados para lá por serem um problema para a sociedade da época”.

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+ LEIA TAMBÉM: Esquizofrenia: estigma também precisa de tratamento

Antes do início das gravações, Ristum visitou o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena e ficou surpreso ao descobrir que, ainda hoje, residem ali pacientes do antigo Hospital Colônia. “Eles tiveram suas vidas roubadas e não puderam ser reintegrados à sociedade. Ou por não saberem de onde tinham vindo ou por não conseguirem se readaptar a uma vida fora dali”, lamenta o diretor.

Com a aprovação da lei de atenção ao portador de transtorno mental no Brasil, em 2001, um novo modelo de assistência foi adotado no país. Os pacientes com diagnóstico psiquiátrico passaram a receber tratamento humanizado em residências terapêuticas. Exibida pelo Canal Brasil e disponível no Globoplay, Colônia fez tanto sucesso que Ristum já desenvolve uma segunda temporada para a TV e finaliza um longa para o cinema a partir dos dez episódios da primeira temporada.

A cena da chegada de Elisa ao Colônia, transportada no vagão de um trem de carga, impactou a psiquiatra Ana Paula Guljor. “Considerada louca pela sociedade, a personagem se senta para conversar com o médico, mas ele não ouve absolutamente nada do que ela diz. Sua palavra não é ouvida porque não tem importância. O que importa ali é o estigma de incapacidade ou de periculosidade que lhe impuseram”, afirma a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental, que conheceu Daniela no Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps) da Fiocruz.

O “hospício de Barbacena”, a propósito, é citado pelo escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967) no conto Sorôco, Sua Mãe, Sua Filha, do livro Primeiras Estórias (1962).

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A jornalista Daniela Arbex, autora de
A jornalista Daniela Arbex, autora de “Holocausto Brasileiro” (Foto: Intrínseca/Divulgação)

“Estive hoje num campo de concentração nazista”

A ideia de escrever Holocausto Brasileiro, conta Daniela Arbex no posfácio do livro-reportagem, nasceu em 2009 quando ela viu, pela primeira vez, as fotografias tiradas em 1961 por Luiz Alfredo para a revista O Cruzeiro. Para fazer os registros, o fotógrafo passou seis horas no manicômio.

“Fiquei profundamente impactada”, confessa a jornalista. “Nunca tinha me deparado com nada parecido, a não ser as imagens dos judeus presos e assassinados na Alemanha Nazista”. O impacto foi tamanho que, em 2011, a então repórter do jornal Tribuna de Minas, em Juiz de Fora, resolveu buscar alguns dos possíveis sobreviventes. Queria contar para o maior número de pessoas o que se passou no Brasil entre 1903, data da fundação do Hospital Colônia de Barbacena, e 1980, quando a instituição começou a ser reformulada.

+ LEIA TAMBÉM: A evolução dos tratamentos psiquiátricos no Brasil

Comparar o Colônia a um campo de concentração, aliás, é um recurso recorrente. O primeiro a lançar mão dele foi o psiquiatra italiano Franco Basaglia (1924-1980), pioneiro da luta pelo fim dos manicômios. Em 1979, ele esteve no Brasil e visitou o Colônia. Não gostou nada do que viu. “Estive hoje num campo de concentração nazista”, declarou, numa coletiva de imprensa. “Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia dessas”.

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Com as fotografias em mãos, Daniela partiu para Barbacena à procura de moradores que pudessem dar alguma pista sobre o paradeiro dos ex-internados. “Até começar a bater nas portas certas, fui a dezenas de endereços errados”, descreve a jornalista que, depois de dois anos de investigação, conseguiu localizar 160 remanescentes daquele período.

O primeiro foi José Machado, o Machadinho, “um homem negro e pobre acusado injustamente de colocar veneno na bebida de alguém”, descreve a jornalista. Por essa razão, passou mais de 50 anos esquecido naquele lugar. Ao chegar em vagões superlotados, os internos tinham suas roupas arrancadas e a cabeça raspada. Alguns ganhavam apelidos. Outros, nem isso.

Em suas idas e vindas a Barbacena, Daniela fez descobertas estarrecedoras: os internos comiam ratos, bebiam água de esgoto e dormiam sobre capim. “Não havia leito disponível para todo mundo”, explica Ana Paula. Só na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, havia 2,8 mil leitos para 4,9 mil pacientes, segundo o livro Psiquiatria Social: Problemas Brasileiros de Saúde Mental (Atheneu), do psiquiatra Luís da Rocha Cerqueira (1911-1984).

Nas noites frias, os internos se amontoavam uns sobre os outros para se manter aquecidos. Os que ficavam por debaixo da pilha de corpos nus costumavam morrer sufocados. Vítimas de maus-tratos, pelo menos 60 mil pessoas morreram no Hospital Colônia de Barbacena. Ou, em alguns casos, foram mortos.

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“Os pacientes do Colônia morriam de frio, de fome, de doença. Morriam também de choque”, escreveu a jornalista e escritora Eliane Brum, em Os Loucos Somos Nós, o prefácio do livro de Daniela. “Em alguns dias, os eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga derrubava a rede do município.”

Seus cadáveres, então, eram vendidos para faculdades de medicina. Foram 1 853 corpos, descritos como “peças” nos prontuários da instituição e comercializados entre 1969 e 1980. O restante era enterrado em valas comuns no cemitério, hoje desativado, anexo ao manicômio. “Infelizmente, o Hospital Colônia não era exceção. Era regra”, afirma Ana Paula. “A política pública vigente na época era voltada exclusivamente para a internação hospitalar”, prossegue a médica.

História inacabada

Com a publicação do livro, Daniela passou a receber um sem-número de e-mails. Muitos deles eram de profissionais da área, como psicólogos e psiquiatras, elogiando sua iniciativa. Diziam que, após terem lido o livro, se tornaram profissionais ainda melhores. Não bastasse, a obra ainda inspirou dezenas de dissertações, teses e artigos de graduação, mestrado e doutorado. “Acredito que ele trouxe fôlego novo à luta antimanicomial no Brasil”, avalia a jornalista.

Outras tantas mensagens eram de pessoas que, ao folhear as páginas de Holocausto Brasileiro, reconheceram parentes naquele inferno. Caso do aposentado José Carlos Almeida, que identificou a própria mãe, Leonor Correia de Almeida, em uma foto do livro. “Ele não para de chorar”, contou o filho, o funcionário público André Almeida, o remetente do e-mail. Mais doloroso do que encontrar o nome da mãe em um livro de registro de julho de 1956 foi descobrir que quem autorizou sua internação foi o próprio marido, o pai de José Carlos.

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A cena, de cortar o coração, está no documentário da HBO. “O aposentado chorou feito a criança que nunca pôde ser. Sua infância havia sido roubada pelo pai e pelo Colônia. Toda a equipe no set chorou junto”, conta Daniela.

Fonte: https://saude.abril.com.br/coluna/saude-e-pop/holocausto-brasileiro-retrato-de-horrores-de-um-hospicio-vira-serie-de-tv/

Tenente recrutava PMs para fazer escolta ilegal de delator do PCC

ee São Paulo – O tenente Giovanni de Oliveira Garcia, de 32 anos, é apontado em depoimentos, obtidos pelo Metrópoles, como o responsável pelo recrutamento de policiais militares na segurança particular de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), assassinado com dez tiros de fuzil, no fim da semana passada, no Aeroporto Internacional de São Paulo.

Gritzbach era denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por ajudar na lavagem de dinheiro da maior facção do Brasil, além do suposto envolvimento na excussão de dois integrantes da organização criminosa, entre eles um importante líder.

Até o momento, oito PMs que prestavam serviço de segurança para o delator foram afastados. A reportagem teve acesso aos depoimentos de três deles, prestados à Corregedoria da corporação no dia seguinte ao assassinato, ocorrido no aeroporto da Grande São Paulo.

O tenente ou sua defesa não foram localizados até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Oficial trabalha no 23º Batalhão da PM"

Segurança particular

Apesar de ser proibido pela PM, o serviço de segurança particular era oferecido pelo tenente, que fazia o elo entre PMs interessados e Gritzbach, afirmam os depoimentos.

Em seu relato à Corregedoria, o soldado Adolfo Oliveira Chaves, de 34 anos, afirmou que “foi convidado” para trabalhar para a família do delator “pelo 1º tenente PM Garcia do 23º Batalhão da PM [23º BPM]”.

O oficial, segue o soldado, “administra atividade de segurança particular para exercer as atividades de segurança da família [de Gritzbach]”.

Fontes policiais afirmaram em sigilo que o tenente oferece os serviços, sem registros, para empresários, incluindo de escolta particular, em regiões nobres da capital paulista como Itaim Bibi e Faria Lima.

Elo com o PCC

O soldado Adolfo acrescentou à Corregedoria que trabalhou com a segurança de Gritzbach e familiares dele, por cerca de dez meses, em 2023.

Ele pediu para deixar de prestar o serviço após saber, “por meio da mídia”, que Vinícius Gritzbach “tinha envolvimento com o crime organizado, PCC”.

Quando foi pedir as contas, ele não mencionou ao oficial do 23º BPM que a motivação era o elo de Gritzbach com a facção.

Ele comunicou ao tenente Garcia que deixava o serviço “por achar que estava perigoso”, reforçando que “não citou a informação de organização criminosa a ninguém”.

Apesar disso, o soldado voltou a trabalhar na segurança de Gritzbach, dias antes do assassinato, mesmo sabendo sobre “as atividades ilícitas” do cliente. Ele alegou ter aceitado o trabalho “em razão de sua precária condição financeira”, mesmo realizando os bicos oficiais da PM, os quais, de acordo com o soldado, “não são suficientes para suprir suas necessidades”.

Soldados

O soldado Jefferson Silva Marques de Souza, de 29 anos, afirmou que trabalhou como motorista particular para a família do delator do PCC “esporadicamente”, por um mês e meio. Ele acrescentou que foi a primeira vez que atuou como segurança particular e que conseguiu o bico ilegal por intermédio do tenente Garcia.

Jefferson disse ainda conhecer o oficial desde 2019, quando ambos trabalharam juntos na Força Tática do 18º BPM, o mesmo batalhão onde estão lotados os três PMs cujos relatos a reportagem teve acesso.

O também soldado Samuel Tillvitz da Luz, de 29 anos, realizou a segurança particular de Gritzbach e da namorada do delator, acompanhando o casal durante sete dias em uma viagem na região nordeste. Eles foram até Maceió (AL) para procurar imóveis de aluguel, com o intuito de passar as festas de fim de ano.

No retorno, quando desembarcou no aeroporto de Guarulhos, Gritzbach foi executado, na frente de Samuel, cuja contratação foi viabilizada pelo tenente Garcia, como afirmado pelo soldado em depoimento.

Arma da corporação

Como mostrado pelo Metrópoles, o soldado Samuel prestava serviço de segurança ao delator há pelo menos um ano.

Ele confessou ter levado a arma de uso profissional, pertencente à PM de São Paulo, para realizar a segurança contratada de forma particular na viagem, a qual, segundo ele, aconteceu durante um “afastamento regulamentar” obtido por folgas mensais acumuladas.

Ainda no depoimento que prestou à Corregedoria da PM, o soldado disse desconhecer que Gritzbach era acusado de homicídio, lavagem de dinheiro e jurado de morte pelo PCC. Além disso, afirmou não ter reagido ao ataque feito com 29 tiros de fuzil na área de desembarque para “proteger a própria vida”.

SSP e PM

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a PM foram questionadas sobre os recrutamentos atribuídos ao tenente do 23º BPM. Ambas não se posicionaram.

Em uma nota, semelhante a outras encaminhadas anteriormente, a SSP diz que policiais civis e militares são investigados por envolvimento com o delator do PCC, “com acompanhamento das suas respectivas corregedorias”.

A pasta, sob a gestão do PM da reserva Guilherme Derrite, acrescentou ter criado uma força-tarefa para investigar o assassinato de Gritzbach, em uma parceria entre as polícias Civil, Militar, Técnico-Científica, Federal e membros do MPSP.

Fonte: https://www.metropoles.com/sao-paulo/tenente-recrutava-pms-para-fazer-escolta-ilegal-de-delator-do-pcc

Polícia armou coffee break para atrair e prender policial penal suspeito de entregar celulares a presos

e Ramony foi convidado, na última quinta-feira (31), para um evento no presídio e foi capturado no intervalo para café e lanche, conhecido como coffee break. Após a refeição, ele foi retirado e levado para a sala da direção, onde policiais civis e penais o aguardavam para prendê-lo. Lá, ele recebeu voz de prisão.

Na sexta (1º), ele passou por uma audiência de custódia, ocasião em que teve a prisão temporária convertida em preventiva.

O policial penal informou ao juiz durante a audiência de custódia que tinha sido chamado para uma reunião de inauguração de uma empresa no interior de uma unidade prisional. No local, estavam todos os membros do corpo diretivo e gestores.

O advogado do policial penal, Walmir Medeiros, afirmou que "não há nenhum indício" de que José Ramony tenha cometido o crime do qual é suspeito e que ele já havia combatido a entrada de celulares nos presídios.

"Por enquanto, não há provas contra ele, além de depoimentos de presos, presos dizendo que foi ele que colocou aqui. Muitas vezes se faz isso para culpar alguém, exatamente alguém que estava sendo contra, alguém que estava prejudicando", disse a defesa.

Apreensão de celulares, R$ 40 mil e carro de luxo

Policial penal é preso suspeito de entregar celulares a presidiários — Foto: Reprodução

Além do mandado de prisão temporária, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão contra o ex-diretor. Na ocasião, foram apreendidos diversos aparelhos celulares, mais de R$ 40 mil em espécie, além de um carro de luxo do policial.

O agente foi autuado por corrupção passiva majorada e associação criminosa. Durante a audiência, ele negou as acusações e afirmou que o dinheiro encontrado com ele seria para o conserto do carro.

"Esse dinheiro eu ia destinar ele para pagar o conserto do meu carro, que ele tá com vazamento de óleo, enfim, trocar o óleo do câmbio. Esse dinheiro que estava lá era para isso. [...] Eu não sou criminoso, eu não sou bandido", disse o agente, aos prantos.

Juiz viu uso de prestígio para cometer crime

Para o juiz, Ramony aproveitou do prestígio na Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), "inclusive entrando e saindo das unidades sem se submeter as vistorias", para ingressar com os aparelhos ilícitos.

"Somado a esses celulares apreendidos no momento da prisão, causa também estranheza a quantidade de dinheiro encontrado na casa do preso", disse o juiz.

  • Foram encontrados R$ 3 mil no carro em que Ramony estava;
  • R$ 18,3 mil no guarda-roupa do quarto do casal;
  • R$ 18 mil em uma maleta no escritório;
  • R$ 5 mil reais na gaveta da sala;
  • R$ 1 mil em outro quarto.

"Então, a princípio, são elementos que comprovam que há realmente o envolvimento do autuado [o policial penal suspeito dos crimes] nos fatos imputados. Inclusive, foi corroborado por vários depoimentos já acolhidos anteriormente às medidas decretadas", acrescentou o juiz.

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Trajetória

Ramony Melo é natural de Russas (CE). Ele foi admitido na Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) em agosto de 2021. Conforme o portal Ceará Transparente, atualmente o salário bruto dele é de R$ 14.422,94 e o líquido de R$ 11.016,13.

Em pouco mais de três anos de carreira, o policial já foi diretor de, ao menos, três unidades prisionais da Grande Fortaleza. A mais recente delas é a Unidade Prisional Agente Penitenciário Luciano Andrade Lima (UP-Itaitinga1), de onde ele foi exonerado do cargo no dia 17 de outubro. A exoneração dele foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) da última quarta-feira (30).

O agente também foi diretor da Unidade Prisional Professor Clodoaldo Pinto (UP-Itaitinga2) e em 2023 atuou como chefe de equipe da Unidade Prisional de Segurança Máxima do Estado do Ceará (UP-Máxima), em Aquiraz, que abriga presos de alta periculosidade ou que correm alto risco.

O agente ostenta nas redes sociais para seus mais de 20 mil seguidores o dia a dia de trabalho e as viagens internacionais que fez para destinos como França, Suíça e Itália. Em um desses passeios, realizado em outubro deste ano, ele noivou com uma médica em Paris. O vídeo do pedido de casamento foi divulgado pelo policial. Após a prisão dele, o perfil foi fechado.

Fonte: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2024/11/05/policia-armou-coffee-break-para-atrair-e-prender-policial-penal-suspeito-de-entregar-celulares-a-presos.ghtml

PCC se infiltra em cadeias da Europa para ampliar poder no exterior

e São Paulo — Primeiro Comando da Capital (PCC) está se infiltrando em presídios da Europa para tentar ampliar seus tentáculos no continente e fortalecer sua bilionária rede de tráfico internacional de drogas. Até o momento, pelo menos Portugal e Espanha teriam detectado a presença da facção paulista em suas penitenciárias, há pelo menos dois anos.

O movimento está no radar do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Polícia Militar (PM) paulista, segundo fontes das duas instituições ouvidas pelo Metrópoles, e de autoridades de diferentes países, que temem multiplicação de faccionados em suas cadeias.

Uma vez presos no exterior, os integrantes do PCC passam a tentar batizar novos membros, replicando a estratégia adotada nos presídios de São Paulo desde os anos 1990 para dominar o tráfico de drogas no estado. No ano passado, a maior facção do país completou 30 anos de existência e ganhou status de máfia justamente por causa de suas conexões internacionais.

“A gente sabe que o principal processo de recrutamento do PCC é pelo sistema prisional, não só no Brasil”, afirma o pesquisador Christian Vianna de Azevedo, da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Internacional (GI-TOC), atual subsecretário de Integração da Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais.

“A facção oferece aquela questão da proteção, da irmandade, oferece auxílio financeiro para família. Ela se utiliza do sistema para isso, e não foi diferente nesses outros países. Essas informações de que o PCC estava se infiltrando no sistema prisional da Espanha e de Portugal começaram a surgir no pós-pandemia. Nesses sistemas, a facção já recrutou e batizou criminosos locais”, acrescenta Vianna.

A estratégia de batizar detentos faz com que os novos faccionados, ao deixarem os presídios, passem a atuar para o PCC nas ruas, fortalecendo a estrutura da facção nesses países e criando novas possibilidades para receber as drogas enviadas por meio do Porto de Santos e de portos do Nordeste.

MPSP estima que o PCC e os seus parceiros comerciais faturem cerca de R$ 10 bilhões por ano com a remessa de drogas para a Europa por meio do Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Somente no último dia 21/10, a Receita Federal apreendeu no local 1,2 tonelada de cocaína que estava escondida em contêineres que tinham como destino o porto de Málaga, na Espanha. Foi a maior apreensão feita neste ano, resultando em prejuízo de R$ 220 milhões à facção paulista.

De acordo com promotores do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que acompanham o processo de internacionalização do PCC, a facção prioriza, neste momento, países cujas barreiras linguística e cultural sejam menores.

Além da presença em Portugal e Espanha, é conhecida pelo MPSP a associação do PCC com a máfia italiana ‘Ndrangheta, da Calábria. Investigações apontam que a facção paulista ainda tem associações com grupos da Sérvia, Colômbia, Venezuela e de outros países.

Antes do PCC, traficantes europeus precisavam atravessar o Oceano Atlântico até Bolívia, Colômbia ou Peru, países produtores de cocaína, para negociar pasta base ou comprar a droga já refinada. A parceria comercial com a facção facilitou a logística e reduziu os riscos dos criminosos europeus.

De acordo com estimativa dos promotores do Gaeco, feita em 2023, há membros do PCC em pelo menos 23 países. Em Portugal e na Espanha, onde foi detectada a infiltração em presídios, havia 42 e 19 faccionados, respectivamente.

Segundo autoridades do Gaeco, a expansão do PCC gerou preocupação no governo dos Estados Unidos, que teme o avanço da facção sobre seu território. Em 2022, o presidente americano, Joe Biden, assinou ordem executiva para combater organizações criminosas e redes de tráfico, que incluía o PCC entre alvos de sanções.

Paraguai

A estratégia do PCC de ampliar seus poderes em outros países por meio do batismo de detentos nos presídios já foi adotada, anteriormente, na América do Sul. Desde que dominou o tráfico na fronteira com o Paraguai, em 2016, a facção passou a comandar rotas de comércio de droga que passavam pelo país vizinho. Assim, membros da organização criminosa acabaram no sistema prisional paraguaio e passaram a batizar os “irmãos” locais.

“Quando o pessoal passou a ser preso do lado do Paraguai, começaram a recrutar [novos membros] dentro das cadeias paraguaias. Então, surgiu uma disputa com o Clã Rotela, um grupo criminoso análogo ao PCC em território paraguaio, mas muito menor em tamanho”, afirma o pesquisador Christian Vianna.

O batismo de novos integrantes do PCC também teria sido mapeado na Venezuela. No passado, ocorreu o movimento contrário. O Ministério Público de Roraima já identificou pelo menos 700 venezuelanos batizados no sistema prisional do estado.

Fonte: https://www.metropoles.com/sao-paulo/pcc-se-infiltra-em-cadeias-da-europa-para-ampliar-poder-no-exterior

STF derruba condenação de sete veículos por divulgar vídeo de advogado preso por dirigir bêbado

e1104 O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou a condenação contra sete veículos de comunicação que haviam divulgado um vídeo do advogado Anderson Reiner Fernandes, de Goiás, quando ele foi preso por dirigir bêbado, xingar e desacatar os policiais enquanto estava na cela de delegacia.

A decisão foi proferida na quarta-feira (30) atende um recurso protocolado pelo portal Isso É Notícia, que tem sede em Cuiabá. Através do escritório de advocacia Flora, Matheus e Mangabeira, do Rio de Janeiro, o veículo derrubou a decisão da Justiça de Goiás que havia condenado cada veículo, em primeira e segunda instância, a pagar uma indenização de R$ 7 mil ao advogado.

A decisão do STF beneficia, além do próprio portal Isso É Notícia, A TV Anhnaguera, afiliada da Rede Globo em Goiânia, o Jornal O Popular e os portais Goiás Notícias, RepórterMT, G5 News e Portal Metrópoles.

Segundo Zanin, a sentença de primeira instância e o acórdão do TJ de Goiás desobedeceram ao que foi estabelecido na ADPF 130, que derrubou a Lei de Imprensa, da época da ditadura, que limitava o papel da imprensa no Brasil, e fixou novos parâmetros da liberdade de informação em relação aos demais direitos.

Para o ministro do STF, ao contrário do que decidiu a Justiça de Goiás, houve interesse jornalístico na divulgação do vídeo já que, além de advogado, Anderson Reiner Fernandes também era investigado na Operação Vendilhões, que desbaratou um esquema de desvio de recursos para a construção do “Santuário Basílica do Divino Pai Eterno”, em Trindade – Goiás, que ficou nacionalmente conhecido como o “Escândalo do Padre Robson”.

Fonte: https://www.reportermt.com/papo-reto/stf-derruba-condenacao-de-sete-veiculos-por-divulgar-video-de-advogado-preso-por-dirigir-bebado/213921

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