Uma professora do Maple Bear Méier, colégio particular bilíngue naquele bairro da Zona Norte do Rio, amarrou um aluno de 5 anos numa cadeira, usando fita adesiva, durante uma atividade em sala de aula. O episódio, ocorrido no dia 8 de maio deste ano, foi gravado por uma câmera de monitoramento. Num primeiro momento, a direção da unidade escolar afirmou à família que a profissional havia recebido uma advertência verbal. Nesta quarta-feira, a rede Maple Bear informou, em nota, que a professora não faz mais parte de seus quadros.
Nas imagens, é possível ver o menino ficando de pé para manusear um estojo. A professora o segura pelos braços e o coloca sentado na cadeira, empurrando-a para mais perto da mesa. Em seguida, a criança gesticula estendendo o estojo. A mulher, então, pega uma fita adesiva verde e amarra o aluno ao encosto da cadeira.
Outra funcionária da escola se aproxima, mas não intervém no que está acontecendo. A criança tenta se levantar de novo — dessa vez, a professora o contém com um dos braços. Depois, a mulher vai para a frente da turma e começa a dar uma explicação. O menino, incomodado, tenta se livrar da fita, sem conseguir. Minutos depois, dois colegas se aproximam e conseguem retirar o adesivo.
A mãe da criança, uma analista financeira de 36 anos, contou que o filho comentou sobre o que havia ocorrido com a avó, ao sair da escola.
— Ele falou que foi amarrado depois de levantar duas vezes para guardar material e que estava muito triste porque os amigos riram. Disse também que foram os amigos que ajudaram a salvá-lo. Em casa, entreguei uma fita adesiva para ele e pedi para ele repetir o que havia acontecido. Ele amarrou o pai à cadeira pela cintura — contou ela.
A analista financeira foi ao colégio no dia seguinte e pediu para ver as imagens:
— A professora disse que foi uma "brincadeira infeliz". A direção, ao invés de demitir a professora, disse ter feito uma advertência verbal.
O menino ficou duas semanas sem frequentar a escola, onde estudava desde os 2 anos. Mas pediu para voltar e os pais concordaram.
— Ele voltou. E ficou até chegar o momento em que começou a dizer que a escola não estava mais legal. Aí o tirei de lá em junho. Saíram meu filho e mais nove alunos da turma. As pessoas têm que entender que o papel do colégio é educar. E o que mais dói é que a escola foi conivente. Não demitiu a professora — lamentou a mãe.
De acordo com ela, o filho está bem na nova escola e faz terapia:
— Ele tem uma rede de proteção. Meu filho é um menino muito educado, comunicativo e carinhoso. Na véspera do que aconteceu tinha levado bombom para a professora.
Os pais da criança processam a unidade de ensino e a docente é alvo de um inquérito policial por maus tratos.
— No processo judicial está sendo pedida reparação de danos morais — disse o advogado da família, Wanderson Mello.
O que diz o colégio
Procurado nesta quarta-feira, a rede Maple Bear afirmou que não tolera "qualquer tipo de tratamento constrangedor ou vexatório por parte de nenhum membro de nossas escolas franqueadas".
"Ciente do nosso compromisso de zelar pela dignidade de nossos estudantes, informamos que não toleramos qualquer tipo de tratamento constrangedor ou vexatório por parte de nenhum membro de nossas escolas franqueadas e situações como essa são sempre conduzidas com extremo rigor. Vale ressaltar que atualmente a professora em questão não faz mais parte do quadro de colaboradores da unidade franqueada.
Por fim a rede reforça que estimula a adoção de critérios rigorosos para recrutamento e seleção de talentos, bem como promove diversas capacitações ao staff desde a contratação. As escolas também promovem práticas junto aos colaboradores com temáticas de saúde mental, regulação emocional e segurança psicológica, com o objetivo de promover um ambiente saudável e harmonioso dentro de nossa comunidade escolar.
O caso tramita em segredo de justiça para preservar a criança".
Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2024/09/25/professora-amarra-crianca-a-cadeira-em-sala-de-aula-no-rio-video.ghtml