Banco criado pelo PCC movimentou R$ 8 bi para bancar políticos, diz polícia

np0902 A Polícia Civil de Mogi das Cruzes investiga um esquema criminoso que movimentou R$ 8 bilhões por meio de um "banco do crime" e mais 19 empresas para apoiar candidaturas em cidades de São Paulo. Os valores eram movimentados por membros do PCC para financiar campanhas, segundo as investigações.

O que aconteceu

A investigação, conduzida pela delegacia de Mogi das Cruzes, bloqueou movimentações financeiras suspeitas realizadas entre 20 empresas. Entre elas, está um banco, semelhante a uma fintech, com sede na cidade da Grande São Paulo. A instituição foi criada, segundo a polícia, por membros do PCC para lavar dinheiro e financiar candidaturas nas eleições. Segundo o delegado responsável pela investigação, Fabrício Intelizano, os valores beneficiaram ao menos três candidatos em Mogi das Cruzes, Ubatuba e Santo André.

A operação teve início a partir de investigação de tráfico de drogas e levou a bloqueio de bens e valores. Em junho de 2023, a Polícia Civil de Mogi das Cruzes teve acesso ao celular de Fabiana Lopes Manzini. Ela é casada com Anderson Manzini, apontado como membro antigo do PCC. Segundo o delegado, Manzini integrava um grupo de sequestradores que atuava em diversas cidades paulistas, entre elas, Campinas.

Fabiana também é apontada pela polícia como integrante do PCC. Com o marido preso desde 2002, ela estava à frente dos negócios ilícitos no tráfico, segundo a polícia. Fabiana conversava com João Gabriel de Mello Yamawaki, primo de Anderson, para receber orientações sobre os candidatos que receberiam apoio. O UOL tentou ouvir os citados, mas não conseguiu localizá-los.

Yamawaki era um dos integrantes do núcleo financeiro do PCC, aponta a investigação. O núcleo era apelidado de "câmbio" entre os integrantes da facção. A investigação aponta que Yamawaki tinha interesse em eleger vereadores nas cidades paulistas. Nos próximos dias, a polícia de Mogi das Cruzes quer ouvir Anderson. "Ele é o elo central", diz o delegado.

Troca de mensagens interceptada pela polícia revela que Yamawaki indicava a Fabiana pessoas ligadas ao PCC para candidaturas em São José do Rio Preto, Campinas e Baixada Santista. "Pretendemos pegar os celulares, cruzar informações e fazer operação nessas cidades", afirma o delegado. O chefe da Seccional de Mogi das Cruzes, Waldir Covino, afirma que a prioridade das próximas fases da investigação será mapear infiltrações do PCC na política.

Banco do crime e empresas para lavagem de dinheiro

Yamawaki decidiu abrir um banco por já ter tido a experiência de trabalhar com politica e finanças, segundo a polícia. A instituição financeira, chamada 4TBank, oferece serviços pessoas físicas. Segundo a polícia, Yamawaki tinha expectativa de aumentar os lucros da empresa. O UOL entrou em contato com o banco, mas não obteve resposta até a publicação deste texto — a polícia diz que os responsáveis por operar a empresa estão presos e as contas estão bloqueadas.

O banco em Mogi das Cruzes tem CNPJ aberto há cinco anos. Nas redes sociais, a página da instituição continua ativa. Segundo o delegado Intelizano, trata-se de uma atividade ilegal. "Eles não têm autorização do Banco Central para operar", diz. Nos últimos cinco anos, a movimentação do banco somente no CNPJ de Mogi das Cruzes foi de R$ 600 milhões — quase R$ 100 milhões foram movimentados em saques e dinheiro em espécie.

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O banco funcionava com outros dois CNPJs diferentes, além da sede em Mogi das Cruzes. Um deles operava em um escritório compartilhado na zona sul de São Paulo e outro em um prédio comercial em Palmas, no Tocantins.

Cidades-chave para a política e o crime

A 57 km da capital paulista, Mogi das Cruzes é uma das cidades-chave para o crime fixar tentáculos na política municipal, diz a polícia. É nessa cidade que Yamawaki mora e está preso temporariamente desde 6 de agosto. A polícia identificou que ele tem um relacionamento afetivo com Marie Sasaki Obam, que chegou a se lançar candidata a vereadora de Mogi pelo União Brasil — após as investigações, ela desistiu de concorrer. Ambos viviam em um condomínio de luxo na região com os dois filhos dela. O UOL tentou contato com ela e o partido, mas não teve resposta.

Empresas de fachada estão no nome da enteada de Yamawaki. Segundo a investigação, a filha de Marie tem oito empresas registradas em seu nome em Mogi, Palmas (TO) e na capital paulista cujos valores somam R$ 100 milhões. A operação também identificou que ela é responsável por uma ONG chamada Instituto Nacional de Cidadania e Aprendizagem — a página da entidade na internet está fora do ar. O UOL não conseguiu contatar a entidade.

Polícia quer descobrir o grau de envolvimento e influência de Yamawaki na política na cidade. "Vamos analisar o celular dele para ver o grau de infiltração dele." Segundo o delegado, quem controlava os CNPJs registrados no nome da filha de Marie era, na realidade, Yamawaki.

Em Santo André, integrantes do PCC pretendiam apoiar a candidatura de Thiago Rocha, filiado ao PSD, segundo a polícia. Atualmente, ele ocupa o cargo de suplente de vereador em Santo André. Segundo a polícia, ele trabalhava na Prefeitura de Mogi das Cruzes. "Agora, começa a fazer sentido a ligação dele com Yamawaki." O UOL tentou contato com a defesa dele, mas não obteve resposta.

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Polícia quer descobrir o vínculo entre Yamawaki e Thiago Rocha. "Vamos identificar se Yamawaki indicou Thiago para atuar na Prefeitura de Mogi. Saber o papel dele vai permitir investigar a secretaria em que ele atuava", afirmou o delegado. A operação revelou movimentações financeiras de R$ 30 mil do banco para Rocha. A reportagem questionou a administração da cidade, que não respondeu.

Em Ubatuba, mensagens apreendidas apontam que Yamawaki tentou indicar uma irmã para se lançar candidata a vereadora. "O objetivo é conseguir se infiltrar por meio de contratos e licitações. São pessoas de interesse do PCC para fazer articulações políticas e econômicas em benefício da facção."

Em São Bernardo do Campo, uma servidora municipal é investigada e apontada como mulher de uma das principais lideranças do PCC. Segundo a polícia, ela é companheira de Márcio Barboza, conhecido como Beiço de Mula — traficante e a principal liderança da facção no ABC, segundo a polícia.

A servidora é uma funcionária comissionada na Secretaria de Obras. De acordo com o delegado, foram identificadas transações financeiras suspeitas entre ela e o marido. "Qual é a origem dos valores movimentados entre eles? Em que período ela estava na prefeitura? Ela foi beneficiada com os valores?", questiona Intelizano.

No total, a operação apontou 32 investigados, sendo 6 deles com relações diretas com o banco do PCC. Os demais teriam relações com o tráfico: seriam mulheres de pessoas presas e integrantes da facção. O banco reúne dez empresas e seis pessoas investigadas.

O PCC tem demonstrado interesse em se infiltrar em Ubatuba. Com maior presença da polícia no porto de Santos, o crime organizado tem migrado suas atividades para São Sebastião, dada a proximidade com o Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, e pelo fato de ter aeroporto próprio.

Fabrício Intelizano, delegado da Polícia Civil de Mogi das Cruzes

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Operação que levou ao bloqueio financeiro

A operação teve início com a abordagem a Fabiana por suspeita de tráfico de drogas em Itaquaquecetuba. Segundo Intelizano, a versão dela, ao ser detida, apresentou contradições e a prisão temporária foi pedida.

Investigação detectou que o grupo com membros do PCC se articulou para se infiltrar na administração pública há pelo menos um ano. As conversas dela com Yamawaki, monitoradas pela polícia, tiveram início em agosto de 2023. Segundo o delegado, o celular de Fabiana abriu possibilidade de investigação. "Quando pegamos a conversa do João Gabriel com ela foi possível perceber que eles já estavam se articulando para lançar candidatos", afirmou. "Na mesma conversa, já lançaram os nomes dos três."

Fonte: https://noticias.uol.com.br/eleicoes/2024/09/01/pcc-criou-banco-que-movimentou-r-8-bilhoes-para-apoiar-candidatos-em-sp.htm

Empresário pagou R$ 15 mil de fiança após confessar que enterrou adolescente

np0830 Uma fiança de R$ 15 mil foi o valor pago para que o empresário Gleison Luíz Menegildo saísse da prisão. Ele foi detido na terça-feira (27/8) por suspeitas de participação na morte da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, de 16 anos, que estava desaparecida desde dezembro de 2023.

Em depoimento à polícia, Gleison afirmou ter conhecido a vítima por meio de um aplicativo de relacionamento há cerca de um ano e meio. De acordo com o delegado Ericson Sales Abufares, em entrevista à TV TEM, o empresário relatou que, após um novo encontro para uma entrevista de estágio, a adolescente teria iniciado o consumo de drogas na presença dele. Segundo o policial, Gleison disse que retornou e encontrou Giovana passando mal após usar cocaína.

Em desespero, ele teria, então, decidido levar o corpo da adolescente para o sítio, em Nova Granada, no interior de São Paulo, e o enterrado com a ajuda do caseiro Cleber Danilo Partezani. Ele confessou à Polícia Civil de São Paulo que ocultou o corpo de Giovana. A confissão deu-lhe o direito de sair da cadeia mediante pagamento dos R$ 15 mil. Além de Gleison, o caseiro Cleber Danilo Partezani também foi preso e saiu da cadeia após confessar participação na ocultação do cadáver da adolescente e desembolsar R$ 7 mil.

A prisão

Na terça-feira, após uma denúncia anônima, a Polícia Militar encontrou o corpo da jovem enterrado no sítio localizado em Nova Granada, no interior de São Paulo, de propriedade do empresário Gleison Luís Menegildo, de São José do Rio Preto.

De acordo com a polícia, Menegildo confessou ter levado o corpo da adolescente até o sítio, em companhia do caseiro Cleber Danilo Partezani, e o enterrado no local. Ambos foram presos em flagrante por ocultação de cadáver e posse ilegal de duas armas de arma de fogo, segundo o portal g1. 

Denúncia anônima

A descoberta macabra ocorreu após uma denúncia anônima informar à polícia sobre a existência de um corpo enterrado na propriedade rural. Ao chegarem ao local, os policiais encontraram os restos mortais da adolescente e prenderam o caseiro, que confessou o crime e indicou o local onde o corpo havia sido enterrado.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2024/08/6930471-empresario-pagou-rs-15-mil-de-fianca-apos-confessar-que-enterrou-adolescente.html

Suspeito de atropelar mãe, avó e filha no DF é CAC; duas armas dele foram apreendidas

np0823 O Comando Militar do Planalto, órgão do Exército Brasileiro responsável pelas forças sediadas no Distrito Federal, Goiás, Tocantins e no Triângulo Mineiro, confirmou a informação de que o homem é atirador.

O Exército disse que vai suspender o Certificado de Registro e iniciar o processo de cancelamento do documento de Wallison Felipe de Oliveira (veja nota completa abaixo).

O advogado de Wallison disse que ele "só vai se manifestar perante a Justiça".

O atropelamento da família

Motorista atropelou três vezes mãe, filha e avó no Gama, no DF.

Motorista atropelou três vezes mãe, filha e avó no Gama, no DF.

Por volta das 23h de terça, Wallison Felipe de Oliveira passou pela avenida, parou e, na sequência, atingiu a família. As três foram arremessadas.

Em seguida, o motorista fugiu na direção contrária. As vítimas tentaram se levantar e uma testemunha se aproximou para ajudar, mas o carro voltou, em alta velocidade, e atingiu mais uma vez duas das três vítimas. A criança só não foi atingida porque conseguiu correr.

Depois de alguns minutos, o motorista voltou ao local e conversou com testemunhas que ajudavam a família. Ele então deu uma nova volta, retornou para o início da rua onde as vítimas estavam, acelerou e atropelou pela terceira vez a família.

Juliana Barboza Soares, a mãe da criança de 5 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Segundo o Corpo de Bombeiros, a avó da criança foi levada para o Hospital Regional do Gama com alguns ferimentos e em estado de choque.

A família disse que Maria do Socorro Barboza Soares está em estado grave. Já a criança foi encaminhada ao hospital de Santa Maria consciente, mas com dores pelo corpo. Ela está estável, segundo familiares.

O que diz o Exército

"Confirmamos que o Sr. Wallison Felipe de Oliveira é registrado como CAC (Colecionador, Atirador e Caçador).

Informamos ainda que, após o recebimento da notificação oficial, o Exército suspenderá o Certificado de Registro e iniciará o Processo de Cancelamento do referido documento."

Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/08/21/suspeito-de-atropelar-mae-avo-e-filha-no-df-e-cac-duas-armas-dele-foram-apreendidas.ghtml

Operação da PF mira quatro desembargadores e dois juízes suspeitos de venda de sentença no Maranhão

np0819 A Operação 18 minutos, deflagrada nesta quarta (14) pela Polícia Federal, atinge quatro desembargadores e dois juízes do Tribunal de Justiça do Maranhão que, segundo a apuração, são suspeitos de fraudar decisões judiciais para desviar recursos, por exemplo, do Banco do Nordeste (veja os nomes mais abaixo).

Segundo membros da PF, as investigações apontaram as seguintes fraudes processuais no caso do banco:

  • manipulação na distribuição da relatoria dos processos;
  • correções monetárias feitas sem justificativa;
  • aceleração "seletiva" dos processos;
  • expedição de "alvarás milionários".

Essas medidas levaram a movimentações atípicas tanto nos processos judiciais quanto nas contas bancárias dos investigados, o que chamou a atenção dos órgãos de fiscalização.

Em uma das decisões judiciais do TJ do Maranhão citada na investigação, os alvos teriam agido para desviar R$ 14 milhões.

Ainda segundo os investigadores, o suposto grupo criminoso teria aliciado um ex-advogado do próprio Banco do Nordeste para entrar com ações judiciais contra a instituição, requerendo o pagamento de milhões de reais em honorários advocatícios.

O nome da operação se deu pelo tempo que levou para a decisão, expedição do alvará e saque de recursos desviados.

A ofensiva, deflagrada por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), envolve desde o bloqueio de bens até o afastamento de autoridades de cargos públicos, e atinge advogados e ex-juízes suspeitos de participar do esquema.

Alvos da operação

A PF apontou a existência de uma organização criminosa, dividida em três núcleos, mesclando ex-servidores do Banco, advogados e magistrados. Segundo o blog apurou, estão entre os alvos da operação:

  1. Desembargadora Nelma Celeste Sousa Silva Sarney Costa (cunhada do ex-presidente José Sarney)
  2. Desembargador Marcelino Everton Chaves
  3. Desembargador Luiz Gonzaga Almeida Filho
  4. Desembargador Antônio Pacheco Guerreiro Júnior
  5. Juíza Alice de Sousa Rocha
  6. Juiz Cristiano Simas de Sousa
  7. Ex-Juiz Sidney Cardoso Ramos, entre outros.

O g1 procurou o Tribunal de Justiça do Maranhão para entender a relação dos suspeitos com o Banco do Nordeste, mas o TJ afirmou não ter detalhes sobre a conexão entre eles. Em nota, o tribunal informou que colabora com a operação da PF e que “atende à determinação do STJ, que expediu mandados de busca e apreensão para a realização da operação” (leia a íntegra ao final da reportagem).

Em nota, o Banco do Nordeste informou que é vítima, e que procurou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o TJ do Maranhão por conta de "reiteradas decisões arbitrárias contra a instituição" (veja a íntegra abaixo).

O blog tenta contato com os desembargadores citados.

Nota do TJ-MA

"O TJMA colabora com operação da PF determinada pelo STJ. O Tribunal de Justiça do Maranhão comunica que tem colaborado com a "Operação 18 minutos", realizada pela Polícia Federal, cumprindo determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na manhã desta quarta-feira (14/08), em algumas unidades do prédio-sede do TJMA e do Fórum de São Luís.

Com fundamento no princípio da transparência e governança, o TJMA atende à determinação do STJ, que expediu mandados de busca e apreensão para a realização da operação pela PF".

Nota do BNB

'"O Banco do Nordeste (BNB), a respeito do noticiário sobre operação da Polícia Federal relativa à venda de sentenças judiciais desfavoráveis ao banco, informa que representou junto ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Maranhão, sendo a última reclamação feita há cerca de um ano, as reiteradas decisões arbitrárias contra a instituição.

O BNB está plenamente à disposição das autoridades policiais e judiciárias para colaborar com as investigações em curso, na condição de vítima, e permanece comprometido com a transparência e a legalidade em todas as suas operações."

PF investiga suposto esquema de corrupção no TJ-MA

Mulher mata ex, esquarteja e joga partes em bueiros na rua de casa

np0816 Paloma Pamela Santino da Silva, de 28 anos, foi presa, nesta terça-feira, 13, após confessar o assassinato e esquartejamento de seu ex-companheiro, o servente Éder Ericles de Oliveira, 39, em Leme, interior paulista.

A vítima e Paloma estavam separados há pouco tempo e o servente teria saído de Indaiatuba, onde estava hospedado na casa da mãe, para conversar com a ex-mulher em Leme. Ambos ficaram juntos no fim de semana dos dias 27 e 28 de julho, quando a vítima foi vista com vida pela última vez.

No dia 27 de julho, um domingo, Paloma registrou boletim de ocorrência eletrônico afirmando que Éder havia desaparecido, após ter supostamente se envolvido com um homem, não identificado, com o qual teria negociado a compra de R$ 30 em drogas.

Fonte: https://gmconline.com.br/noticias/geral/mulher-mata-ex-esquarteja-e-joga-partes-em-bueiros-na-rua-de-casa/

Ex-GCM suspeito de integrar milícia que extorquiu mais de R$ 3 milhões de comerciantes do Centro de SP se apresenta à polícia

np0812 Um dos ex-guardas-civis metropolitanos suspeitos de integrar uma milícia armada em SP se apresentou à polícia no início da tarde desta quarta-feira (7). Elisson de Assis chegou ao 93° DP acompanhado de dois advogados.

Ele é apontado como integrante de grupo que extorquia dinheiro de comerciantes em troca de segurança na Cracolândia, região conhecida pela venda e pelo consumo de drogas no Centro da capital paulista.

Além dele, a polícia ainda procura por Rubens Alexandre Bezerra, também apontado como miliciano e considerados foragido da Justiça, que decretou as prisões preventiva.

Elisson e Rubens chegaram a integrar a GCM, mas foram expulsos da corporação, respectivamente em 2019 e em janeiro deste ano.

Os motivos dos desligamentos não foram divulgados pelas autoridades.

Agentes presos e investigação

Outros dois agentes da ativa da Guarda Civil Metropolitana foram detidos nesta terça-feira (6) durante a Operação Salus et Dignitas: Antonio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava.

De acordo com o Ministério Público (MP), os quatro investigados acima integraram a milícia que chegou a movimentar nos últimos anos pelo menos R$ 3 milhões em dinheiro extorquido dos donos de comércios na Cracolândia.

Além dos milicianos que atuavam na Cracolândia, a operação mirou a atuação de traficantes de drogas na região: dois deles foram presos: Leonardo Moja, o "Léo do Moinho", e Janaína da Conceição Cerqueira Xavier. Os dois são suspeitos de envolvimento na venda de armas para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Valdecy Messias de Souza, funcionário de uma empresa de comunicação, foi detido na operação suspeito de vender aos criminosos aparelho que dava acesso à frequência de rádio das polícias. O equipamento ficava instalado na Favela do Moinho, próxima à Cracolândia.

A reportagem tenta contato com as defesas dos investigados para comentar o assunto.

A operação também prendeu cinco pessoas durante os trabalhos na Cracolândia, mas por suspeita de terem cometidos outros crimes. Policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis da região. Foram recolhidos objetos e equipamentos eletrônicos.

Como funcionava o esquema

 

MP e polícia fazem operação na Cracolândia para prender GCMs acusados de participar de milícia

Em um ano de investigação, promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e policiais identificaram que a quadrilha se dividia em cinco grupos de atuação na Cracolândia:

  • Ferros-velhos: empresários são suspeitos de explorar mão de obra de dependentes químicos. Os usuários furtavam fios de energia da rede pública, deixando semáforos e postes sem luz, e trocavam o cobre presente neles por drogas. Nesses locais foram encontradas crianças e adolescentes participando desse comércio irregular.
  • Milícia de GCMs: GCMs, policiais militares e policiais civis são suspeitos de se articularem numa milícia para extorquir dinheiro de comerciantes em troca de proteção. De acordo com a investigação, o grupo chegou a conseguir cerca de R$ 6 milhões em propina no período de quase um ano.
  • Receptação de celulares: comerciantes libaneses são suspeitos de montarem um esquema de receptação de celulares roubados e furtados e depois revender as peças. Os celulares eram levados a eles por grupos criminosos como as 'gangues da bicicleta' (que usam as bikes para fugir depois de roubar e furtar telefones de pedestres).
  • Hotéis e hospedarias: rede de hotéis e hospedarias mantida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) que servem para armazenar drogas e abrigam até "tribunais do crime" (julgamentos internos da facção criminosa feitos por seus membros). Dentro desses locais, segundo a investigação, ocorre a exploração sexual de mulheres que são obrigadas a se prostituir para comprar drogas. Há denúncias da presença de menores de 18 anos de idade sendo exploradas. Um dos imóveis é conhecido como 'prédio do sexo', onde ocorre a exploração da prostituição. Não é crime pessoas maiores de idade se prostituírem, mas explorar a prostituição é. Outros prédios já eram conhecidos da polícia por abrigarem celulares roubados e furtados. Os imóveis chegaram a ser chamados de 'ninhos de celulares'.
  • Favela do Moinho: a comunidade erguida ao lado da linha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) se tornou uma base do PCC. Dali saem as ordens para a tráfico de drogas na Cracolândia. A favela também serve como depósito de armas e drogas. Segundo a investigação, criminosos usavam um detector de radiofrequência para ouvir as conversas operacionais da PM e, desse modo, se anteciparem às operações. Para terem controle da comunidade realizavam "tribunais do crime", nos quais membros da facção e até moradores que descumprissem regras internas poderiam ser punidos.

O que dizem governador e prefeito

Agentes das forças de segurança se reúnem para tratar de operação contra milícia de GCMs e traficantes do PCC — Foto: Divulgação

Em postagem nas redes sociais, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que acompanhou a ação de dentro de um dos helicópteros da PM, escreveu que o objetivo da operação é "devolver o centro às pessoas". No texto ele não comentou sobre os servidores públicos envolvidos com o crime organizado.

Depois, porém, em coletiva de imprensa, disse que se for comprovado o envolvimento, eles deverão ser punidos administrativamente e criminalmente.

O prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), comentou a operação durante entrevista coletiva à imprensa:

"A Prefeitura desconhece milícia na cidade de São Paulo e tem regime rígido com a GCM. Temos 7.500 homens e mulheres para defender o cidadão da cidade. Nós temos dois GCMs [presos na operação] que foram expulsos da Guarda Civil, um deles, a Prefeitura pediu a prisão ao MP, tal o rigo da cooperação. Não vai ser, um dois, quatro, cinco que vão manchar 7.500 GCMs", afirmou.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/08/07/ex-gcm-suspeito-de-integrar-milicia-que-extorquiu-mais-de-r-3-milhoes-de-comerciantes-do-centro-de-sp-se-apresenta-a-policia.ghtml

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